O homem possui território, bem como os animais, assim estabelece uma maneira de configurar distâncias entre ele e outro homem, territorialidade, que será influenciado pelo tipo de relação que mantém com o outro. Sendo que as reações humanas à aproximação do outro estão baseadas nos conceitos de distância pessoal e de distância social. Baseado nestes conceitos se designaram quatro zonas de distância: íntima, pessoal, social e pública. Neste estudo foi utilizada a distância íntima na fase afastada de 25 cm. É característico desta fase o não-contato da cabeça, coxa e pélvis, a cabeça é vista em tamanho ampliado e os traços destorcidos, há um aumento na visualização do nariz e da íris ocular do outro. A distância íntima na fase afastada não é considerada adequada para o uso em público pelos americanos. Quando o contato físico é inevitável, a tática utilizada por eles é permanecer imóvel, com os músculos das áreas de contato enrijecidos, ou aproveitar o contato, o que é tabu para os membros do grupo. O modelo de análise norte-americano às reações de aproximação na distância íntima na fase afastada não é universal, o que nos permite estabelecer comparação entre os dados coletados neste estudo tendo como bases os caracteres utilizados pelos norte-americanos.

Fizeram parte desse esse estudo 60 mulheres que freqüentaram sozinhas o ponto de ônibus situado na Avenida Gentil Bittencourt entre José Bonifácio e Castelo Branco na cidade de Belém. Esse ponto foi escolhido pôr não ter um grande fluxo de pessoas, possibilitando que no momento do estudo não houvesse mais que 2 pessoas além dos experimentadores. O espaço compreendido era de aproximadamente 10 metros de comprimento por 3m de largura e havia um banco de 1,5 metro com cobertura. Para a coleta de dados os experimentadores realizaram previamente um treinamento para alcançar maior certeza na medida da distância estipulada. Foram realizadas 3 sessões de 3 horas cada, nos dias 12, 13 e 14/01/05, tendo início às 9 horas. Nas sessões de observação um dos experimentadores aproximava-se do sujeito a uma distância de aproximadamente 25 cm, medido pela distância dos ombros, enquanto outro experimentador registrava a reação do sujeito, reação esta que deveria ocorrer em 30 segundos medidos pelo cronômetro, após isso se explicava ao sujeito sobre a pesquisa e perguntava-se idade e profissão do mesmo. A aproximação dos experimentadores aos sujeitos foi alternada entre o sexo Masculino e Feminino. As categorias de reação do sujeito utilizadas foram: Deslocamento, Movimento/Postura, Posição, Expressão da cabeça.

Na categoria Movimentos e Postura, os comportamentos emitidos foram 1 Virar de costas, 2 Sentar, 3 Mão no bolso, 4 Braços para trás, 6 Braços estendidos, 8 Braços cruzados, 10 Olhar relógio, 12 Mão no cabelo e 14 Segurar bolsa. Quanto a categoria Deslocamento, os comportamentos foram 4 Curto-trás, 4 Longo-lateral, 5 Longo-frontal, 9 Curto-frontal, 11 Curto-lateral e 27 Ficar parado. E na categoria Movimento da Cabeça 5 Sem movimento, 15 Baixar cabeça, 17 Olhar, 23 Virar cabeça. Fazendo paralelo com as idades das participantes e as categorias Movimento e Postura, Deslocamento e Movimento da Cabeça, os comportamentos mais emitidos em cada faixa etária foram respectivamente: na faixa etária entre 15 – 25 Ficar parado, Mão no cabelo e Olhar; 26 – 35 Curto-lateral, Mão no cabelo e Olhar; 36 – 45 Curto-lateral, Olhar relógio e Baixar cabeça; 46 – 55 Longo-lateral, Segurar bolsa e Virar cabeça e 56 – 65 Ficar parado, Braços cruzados e Baixar cabeça.

A partir da análise dos dados pôde-se perceber que nas faixas etárias 26-35 e 36-45 o deslocamento pode ter sido influenciado pelo sexo do aproximador, pois quando o aproximador era do sexo feminino observou-se com mais freqüência o deslocamento curto e quando era do sexo masculino, longo. Nas faixas etárias 15-25 e de 36-45 se observou maior diferença na freqüência das categorias de acordo com o sexo do aproximador. Observou-se que em Movimento e Postura, quando o aproximador era do sexo feminino a categoria Mão no cabelo foi mais freqüente na primeira faixa etária e Olhar relógio na segunda. Quando o aproximador era do sexo masculino as categorias mais freqüentes nas mesmas faixas foram: Braços cruzados na primeira e Segurar a bolsa na segunda. Analisando a Expressão da cabeça observa-se que nas faixas de 26-35 e de 36-45 a freqüência foi diferente de acordo com o sexo do aproximador. Com o aproximador do sexo feminino as categorias mais freqüentes foram sucessivamente: Virar cabeça e Olhar; e quando o aproximador era do sexo masculino: Olhar e Baixar cabeça. Assim, é possível que o sexo do aproximador tenha influenciado no comportamento dos sujeitos de acordo com as faixas etárias. Visto que ambos aproximadores tem a mesma idade (22 anos) e estavam vestidos de maneira semelhante (Calça jeans, tênis e camiseta branca), e o comportamento dos sujeitos não seguiu um padrão.