O trabalho foi desenvolvido na disciplina Psicologia Industrial II, do oitavo período de psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, em que uma micro-empresa da cidade se dispôs a colaborar nos meses de abril e maio do ano de 2005.

O estudo teve dois objetivos: o primeiro é desenvolver o conteúdo da disciplina, buscando assimilar a teoria à prática. O segundo é investigar a adaptação do Modelo de Engenharia Comportamental à micro empresa na qual se realizou o diagnóstico empresarial.

O modelo de engenharia comportamental sugerido por Gilbert (1978) não procura estender-se em explicações científicas para o comportamento. É apenas um instrumento simples para diagnosticar as causas das deficiências no desempenho humano, especialmente no contexto organizacional, buscando as alternativas mais simples, facilmente observáveis, sendo comportamentais e administrativas simultaneamente.

A verificação prática de modelos psicológicos é essencial para o aprimoramento, divulgação e sustentação empírica da teoria, mesmo sendo este estudo uma aplicação adaptada, é um bom exemplo de como utilizar tal modelo em uma micro-empresa.

A importância do trabalho consistiu em proporcionar à empresa propostas de mudanças comportamentais e administrativas visando uma melhoria de sua dinâmica baseado em objetivos específicos.

A metodologia utilizada teve como base o diagnóstico empresarial da organização em questão. O trabalho foi realizado utilizando entrevistas estruturadas e semi-estruturadas com os dois sócios da empresa, bem como observações estritamente comportamentais e sistematizadas da organização, focando aspectos do desempenho humano relativos às estratégias administrativas, liderança, divisão de tarefas e comunicação.

O grupo composto por quatro componentes dividiu-se em pares e entrevistou cada um dos dois sócios em três momentos, utilizando duas entrevistas semi-estruturadas e uma estruturada, buscando, anteriormente, estabelecer um clima sociável com os entrevistados.

Através do resultado destes procedimentos, foi criado um quadro descritivo contendo: a situação encontrada, os indicadores, as propostas e os respectivos impactos esperados.

Os parâmetros para definição da situação encontrada foram exclusivamente comportamentais. Os indicadores, de acordo com Gilbert (1978) são fatos que provam diretamente a situação encontrada. Assim, foram descritas propostas aos sócios, bem como seus respectivos impactos esperados.

Obteve-se como resultados deficiências administrativas e comportamentais, tais como diferentes formas de entendimento sobre crescimento entre os sócios; não utilização de recursos eficientes e eficazes  para um controle de estoque e financeiro; necessidade de planejamento organizacional e de esclarecimento do papel e da função de cada sócio; recrutamento e seleção informais, dificuldade de divisão da liderança entre os sócios e falha no incentivo para estudos técnicos. Tais resultados foram encontrados através do uso de indicadores. Propostas foram expostas ao sócio que se interessou pelo trabalho, que se comprometeu a colocá-las em prática.

Concluiu-se que o feedback relativo à empresa e às atitudes do sócios proporcionou uma percepção mais integrada da dinâmica da empresa, possibilitando a elaboração de estratégias e uma previsão detalhada dos impactos esperados das propostas. Através do Modelo de Engenharia Comportamental de Gilbert (1978), as mudanças podem ser mais facilmente percebidas pelos próprios sócios da organização, estando ao final do trabalho conscientes de suas deficiências de desempenho.