IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante

EDUCAÇÃO E JUVENTUDE: EVASÃO ESCOLAR NO CEFET-MT APÓS A REFORMA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.

Ivo da Silva 1
Maria Aparecida Morgado 2
(1. Mestrando - GPEJD/PPGE/IE/UFMT - CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MATO GROSSO - CEFETMT; 2. GPEJD/PPGE/IE/UFMT- FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - FUFMT)
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa enfoca os motivos da evasão escolar juvenil após a reforma da educação profissional implantada pelo MEC em 1998, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso – (CEFETMT). Acorre à Educação Profissional ofertada pelo CEFET-MT uma juventude marcada pela necessidade de escolaridade e empregabilidade para prover seus meios de vida. Gaudêncio Frigotto (2004), lembra que os jovens não são “sujeitos sem rosto” sem história, sem origem de classe ou fração de classe”. São jovens e adultos trabalhadores de classe popular, filhos de trabalhadores assalariados, com suas particularidades étnicas e socioculturais. Segundo o Ministério da Educação, no ano de 2003, 70 milhões de jovens e adultos não concluíram a educação básica, fala-se de um público que hoje, teriam na educação profissional uma possibilidade não somente de formação para as ocupações, mas também e principalmente, de elevação de escolaridade. Porém, a proposta de educação profissional, que vigorou de 1997 a 2005, traz a organização curricular própria e independente do ensino médio, contribuindo para elevação dos índices da evasão e exclusão escolar, na medida que obriga uma dupla jornada escolar, especialmente aos jovens das camadas mais pobres da população. Dessa forma, a análise avaliativa se faz necessária, uma vez que se somam oito anos da implantação da política de educação profissional estabelecida pelo Decreto 2.208/97.

METODOLOGIA:

 A metodologia tomou como dados empíricos o levantamento dos cursos em que a evasão é mais alta e daqueles nos quais a evasão é mais baixa, para seleção dos que efetivamente constituem o campo da investigação, e o cruzamento das listagens dos alunos que ingressaram, das listagens semestrais dos alunos que permaneceram, das listagens semestrais dos alunos que evadem e das listagens dos alunos que concluem: daí resulta o levantamento daqueles jovens alunos que evadiram. O quadro teórico-metodológico da pesquisa procurou abarcar as contribuições das perspectivas qualitativa e quantitativa, adotando como estratégia a aplicação de questionário de auto-preenchimento, com questões abertas e fechadas e a realização de entrevistas semi-estruturadas. Os dados coletados por questionário tiveram como objetivo delinear o universo da temática em questão e as entrevistas utilizadas para o aprofundamento do tema, permitindo sua melhor compreensão. A teorização de suporte à análise foi construída com base no levantamento e no estudo bibliográfico empreendidos no início da pesquisa.

RESULTADOS:

A pesquisa confirma a relevante evasão, pois cerca de 58% dos alunos matriculados nos cursos técnicos pós-médio do CEFETMT, após a reforma da educação profissional por força do Decreto 2.208/97, abandonaram os cursos. Dos evadidos pesquisados, foram detectados aqueles que não se identificaram com o curso, aqueles que encontraram um trabalho registrado, aqueles que encontraram um estágio, aqueles que foram aprovados no vestibular, aqueles que não possuíam condições financeiras para a dupla jornada, uma vez que eles faziam o ensino médio em outra escola e o pós-técnico no Cefet-MT. De todos os pesquisados 76,40% , responderam que preferiam fazer o ensino médio em vez do técnico ou de forma integrada. Importante lembrar que o espírito da Reforma aponta para a complementaridade com o pressuposto de uma formação geral consistente, o que não correspondem com a realidade dos nossos alunos. Essa realidade trouxe problemas sérios que quase inviabilizou as escolas profissionais, devido ao alto índice de evasão e repetência, que desmotivam os alunos e elevam os custos de formação, e dados a serem estudados da possibilidade na saída para o mercado sem os requisitos mimos previstos nas propostas dos cursos e o descrédito por parte do empresariado e da sociedade, em geral, pela formação técnica de nível médio.

CONCLUSÕES:

 A Reforma, no tocante ao ensino profissional de nível técnico não apresentaram os resultados previstos pelos seus idealizadores o que nos remete ao pensamento do Professor Paulo Freire que afirma: “é necessário reduzir a distância entre o que se diz e o que se faz de forma que a tua fala seja o reflexo da sua prática”. É essa a nossa grande preocupação, o fosso que se abriu entre o apresentado e o de fato executado. Ao longo da história da educação brasileira, a relação entre o ensino de caráter geral e a educação profissional tem acontecida de maneira bastante contravertida. Esse nível de educação tem sido marcado pelo dualismo, fragmentação e elitismo. Ou seja, a sua função social tem sido interpretada com características e objetivos diferenciados, que pendem ora para a continuidade de estudos e ora para a terminalidade.  A evasão dos alunos do CEFETMT, pós reforma da educação profissional, nos anos de 2000, 2001 e 2002 resultou que a problemática não pode ser estudada apenas na perspectiva do aluno, foi preciso compreender os múltiplos fatores que interferem e a intenção dos alunos com tais determinantes. A configuração dos processos produtivos no Brasil, os tipos de oportunidades que se apresentam aos jovens e as suas necessidades de cultivar uma identidade própria aliadas à de construir múltiplas possibilidades para o seu futuro, exige-se que se retome um a possibilidade de o ensino médio preparar o cidadão para o exercício de profissões técnicas, tal qual como apregoa a LDB, é uma necessidade propalada pelos próprios jovens. Esse estudo pretende contribuir na reflexão da educação profissional, analisando as oportunidades tão marcantes na vida de tantos e tantos alunos do CEFETMT.

 
Palavras-chave: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL; JOVENS; EVASÃO.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006