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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
emissão de CO2 do solo após preparo mecânico em diferentes configurações e sua relação com precipitações e temperatura do solo
Luis Gustavo Teixeira 1
Afonso Lopes 1
Gener Tadeu Pereira 1
Newton La Scala Júnior 1
(1. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias / FCAV - UNESP)
INTRODUÇÃO:

Atividades como o manejo do solo têm influenciado na dinâmica da emissão de carbono solo-atmosfera, especialmente a partir da modificação da emissão de CO2 do solo em áreas agrícolas, causando, no geral, um acréscimo em tal emissão e conseqüentemente um decréscimo da concentração de carbono em solos dessas áreas. A tomada de decisão sobre qual sistema de preparo e também qual a configuração desse sistema, que causaria as menores emissões de CO2 do solo após seu preparo é então um assunto relevante, pois se relaciona ao impacto de uma das principais práticas agrícolas no efeito estufa.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto do preparo do solo com o sistema convencional e reduzido, em diferentes configurações, sobre as emissões imediatas (períodos curtos de 30 dias) de CO2 solo-atmosfera em áreas agrícolas e compreender os processos geradores e mantenedores de tal emissão, assim, capacitando a tomada de decisão sobre projetos de desenvolvimento sustentável, com o mínimo possível de transferência de carbono do solo para a atmosfera, após o manejo mecânico de solos.
METODOLOGIA:

A área experimental foi estabelecida em um latossolo vermelho eutrófico textura argilosa, sem cobertura vegetal, localizado no município de Jaboticabal, SP, Campus da FCAV.

Foi aplicado às parcelas de 10x2 m, o escarificador de arrasto conjugado com rolo destorroador com distância entre hastes de 50 cm e as profundidades das hastes foram de 10 cm (E10), 20 cm (E20) e 30 cm (E30), arado de disco (AD) e arado de disco seguido de uma passagem com a grade niveladora (ADGN). As parcelas aradas tiveram uma profundidade de trabalho de 30 cm e a grade niveladora trabalhou a uma profundidade de 5 cm. Todos os tratamentos tiveram o trator passando a uma velocidade de 3,9 km h-1. Após o preparo do solo, 6 colares de PVC (diâmetro = 10 cm) foram distribuídos em cada uma das parcelas, na diagonal de seu formato, e inseridos 2 cm dentro do solo de forma ordenada, com distância de aproximadamente 1,7 m entre eles.

As avaliações da emissão de CO2 do solo iniciaram 24 horas após os procedimentos de preparo, sendo a emissão de CO2 e a temperatura do solo avaliadas utilizando-se uma câmara de fluxo fabricada pela companhia LI-COR, NE, EUA e sensor de temperatura do sistema LI-6400, respectivamente.

RESULTADOS:

Entre as parcelas escarificadas, a maior emissão foi naquela em que a maior profundidade de trabalho foi adotada, na parcela E30, que em média emitiu 0,41 g CO2 m-2 h-1 durante o período, seguida das parcelas E20 e E10, que emitiram 0,32 e 0,25 g CO2 m-2 h-1 para atmosfera, respectivamente. O resultado geral das parcelas escarificadas mostra que quanto maior a profundidade de trabalho desse sistema de preparo, maior a emissão (R2 = 0,999; p<0,01).

As parcelas aradas (AD e ADGN) apresentaram uma emissão total no período inferior à das parcelas escarificadas, com exceção da E10, sendo a emissão registrada na parcela ADGN superior em 85% àquela da parcela AD somente. As menores emissões foram registradas na parcela somente arada (AD) e essa se manteve inferior às outras ao longo de todo o período de estudo.

Comparando-se o tratamento E30, que apresentou maior emissão total, com o tratamento AD, menor emissão total de CO2 no período de 33 dias, detectou-se uma diferença de aproximadamente 2 toneladas de CO2 por hectare, em favor da primeira.

Dois eventos de precipitação causaram aumentos nas emissões, especialmente nas escarificadas. Por outro lado, a temperatura do solo esteve relacionada linearmente (p<0,05) as emissões, somente nas parcelas aradas.
CONCLUSÕES:

O experimento mostrou que as emissões de CO2 do solo após preparo com escarificador em diferentes profundidades é diretamente proporcional a profundidade de trabalho. Os resultados mostraram também que as parcelas aradas tiveram sua emissão total menor do que as parcelas escarificadas e somente as parcelas aradas tiveram correlação com a temperatura do solo ao longo do experimento.

Os resultados indicam que variações da emissão de CO2 do solo após precipitação de chuvas podem se relacionar com a profundidade de preparo do solo, bem como com o tipo de preparo utilizado, já que em alguns casos essas variações foram positivas, em outros casos, negativas.

A partir dos dados, acredita-se que solos quando escarificados tem sua emissão imediata de CO2 mais aumentada pelas precipitações pluviais do que solos arados. Os resultados sugerem, portanto, numa primeira instância, a escarificação em períodos secos e a aração em períodos chuvosos, visando assim à preservação do carbono no solo.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: emissão de CO2 do solo; efeito estuda; preparo do solo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006