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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 11. Economia

ANÁLISE COMPARATIVA DO COMPORTAMENTO DO CUSTO DAS CESTAS DE CONSUMO NO MÚNICIPIO DE SETE LAGOAS E DOS PRINCIPAIS INDICADORES NACIONAIS DE PREÇO EM 2005

Daniela Almeida Raposo Torres 1
Adriana Ferreira Soares Noce 1
Cynara Quintão 1
Elaine Vilela 1
(1. Departamento de Ciencias Economicas, Faculdade de Ciencias Gerenciais, FEMM)
INTRODUÇÃO:

Com a finalidade de indicar as variações nos preços dos produtos que compõem as cestas de consumo no município de Sete Lagoas, o Núcleo de Estudos Econômicos e Sociais (NEES), vinculado ao Curso de Ciências Econômicas, da Faculdade de Ciências Gerenciais, da Fundação Educacional Monsenhor Messias (FEMM), divulga, mensalmente, o custo da cesta básica de consumo familiar (CBCF) e o custo da cesta básica de consumo restrito (CBCR).

O objetivo deste trabalho é apresentar uma síntese da análise comparativa do comportamento do custo dos produtos que compõem a CBCF e a CBCR da cidade de Sete Lagoas, em 2005, e os principais índices inflacionários. A escolha do período deve-se ao fechamento do ano e a disponibilidade de dados coletados e analisados pelo trabalho do NEES, na cidade de Sete Lagoas, e também pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo tem como base a evolução do custo e da variação acumulada das cestas totais e por produto, bem como a participação mensal e média por produto no valor total de ambas as cestas e a variação ocorrida nos índices inflacionários no periodo.

O resumo está organizado em quatro seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção, apresentam-se as fontes de dados, as variáveis selecionadas e a metodologia. Em seguida, analisa-se o comportamento do custo dos produtos da CBCR e da CBCF para a cidade de Sete Lagoas no período selecionado, e, por fim, são apresentadas as principais considerações do resumo.

METODOLOGIA:

Utilizou-se de referências correlacionadas ao tema, incluindo o banco de indicadores de preços, além da base de dados do NEES, devido ao seu maior detalhamento sobre o custo dos bens no âmbito municipal. Como já mencionado, o trabalho tem como base a evolução do custo e da variação acumulada das cestas totais e por produto, bem como a participação mensal e média por produto no valor total de ambas as cestas. A CBCF é composta por 45 produtos, sendo 36 de alimentação, 4 de limpeza doméstica e 5 de higiene pessoal[1], e a CBCR, que representa os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação (definida pelo Decreto Lei 399/38)[2], é composta por treze produtos.

A pesquisa é realizada em oito estabelecimentos comerciais do Município de Sete Lagoas, Hipermercado Santa Helena Center, Hipermercado Hiper Santa Helena, Supermercado Santo Antônio, Hipermercado Bretas, Supermercado Santa Catarina, Sacolão Popular, Sacolão Center e Sacolão Center Filial.

A coleta de preços dos produtos que constituem as CBCF e CBCR é efetuada semanalmente em Sete Lagoas, com a finalidade de acompanhar as variações que têm reflexos diretos na quantidade de dinheiro desembolsada pelos consumidores para aquisição dos produtos que as compõem. À medida que o valor da cesta aumenta, o custo de vida fica mais caro, e se a renda não variar na mesma proporção, a capacidade do consumidor de adquirir bens e serviços diminui, afetando a qualidade de vida da população.

.A pesquisa do NEES é mantida pela Fundação Educacional Monsenhor Messias (FEMM).



[1] A Cesta de Consumo Familiar do NEES 2004 considera as necessidades mensais de consumo de uma família típica de Belo Horizonte, formada por quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), em analogia à pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Abastecimento (SMAB) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

[2] A Cesta Básica (Ração Essencial) representa o indicador decorrente do Decreto-Lei nº. 399, de 30/04/38, que estabelece os produtos alimentares (e suas quantidades) que, em tese, um trabalhador que recebe salário mínimo, com uma jornada de trabalho de 220 horas mensais, necessita para sua sobrevivência. Ela é composta por 13 (treze) produtos alimentares (carne, leite, feijão, arroz, farinha de trigo, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e margarina).

 

RESULTADOS:

A pesquisa mensal realizada pelo NEES mostra que o custo da cesta de consumo restrito dos setelagoanos está abaixo da inflação em 2005, tanto pela aferição do INPC[1] – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, quanto do IPCA -  Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo, ambos medidos pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O INPC apresenta um acumulado positivo no ano de 2005 de 5,05% para o Brasil e 5,35% para a capital mineira. Da mesma forma IPCA registra um percentual acumulado no mesmo período de 5,69 para o Brasil e 6,21 para Belo Horizonte. Por estar a apenas 80 km de Sete Lagoas, utilizar-se-á, neste trabalho, os índices de Belo Horizonte. A CBCR acumula uma variação positiva no ano de 2005 de 1,50%, ou seja, 3,85 e 4,71 pontos percentuais abaixo do INPC e do IPCA respectivamente.

A cesta de consumo familiar teve uma variação ainda menor no ano, registrando um acumulado negativo no período analisado de -4,32%, ou seja, 5,82% menor do que a cesta de consumo restrito e 9,67% e 10,53% pontos percentuais abaixo do INPC e do IPCA respectivamente.

Ressalta-se que a diferença de valores é proveniente do maior número de produtos mensurados pelos índices inflacionários. De qualquer maneira, o menor valor relativo das cestas de consumo representam um ganho real, principalmente para as camadas da população menos favorecidas.



[1] INPC – representa a  média do custo de vida nas 11 principais regiões metropolitanas do país para famílias com renda de 1 até 8 salários mínimos. IPCA - calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo o custo de vida das famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. Foi escolhido como alvo das metas de inflação ("inflation targeting") no Brasil. Abrangência geográfica: Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de Goiânia.

CONCLUSÕES:

A pesquisa mensal do custo da cesta básica de consumo familiar e restrito permite acompanhar a política de preços dos supermercados setelagoanos, bem como avaliar se estas políticas estão compatíveis com os índices inflacionários divulgados e com as práticas de preços adotadas nos demais mercados do país.

Percebe-se que há uma sincronia entre os dados coletados, bem como verifica-se  uma certa estabilidade no custo de ambas as cestas nos 12 meses do ano de 2005. Os resultados das variações mensais e acumuladas das cestas pesquisadas pelo NEES em Sete Lagoas, aproximam-se das variações de preços dos indicadores nacionais.

O custo das cestas de consumo no município de Sete Lagoas está bem abaixo da inflação registrada no período. Os produtos que as compõem subiram, em média, 2,82% enquanto a média inflacionária do IPCA e do INPC no período é de 5,78%. Tais indicadores refletem um ganho real na renda dos setelagoanos, ou seja, um ganho no poder de compra. Em 2005 os gastos monetários com alimentação dos setelagoanos diminuíram, restando uma quantidade maior do salário para outras despesas como educação, saúde, moradia e lazer. Esta situação é positiva, principalmente para as camadas menos favorecidas da população, e reflete as políticas macroeconômicas definidas pelo governo federal.

Instituição de fomento: Fundação Educacional Monsenhor Messias - FEMM
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: CESTA BÁSICA; INFLAÇÃO; VARIAÇÃO.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006