A queima de biomassa é uma prática milenar muito utilizada pelo homem, com o intuito de limpar áreas para fins agrícolas, construção de rodovias e cidades. Apesar de ser uma técnica de baixo custo e de efeito rápido, ela causa sérios danos à atmosfera, pois o número excessivo e crescente dos focos de queimadas pode causar danos irreversíveis ao meio ambiente, em especial para a atmosfera, pois grande parte dos gases emitidos possuem vida longa, ou seja, mesmo que não haja mais queimadas, alguns gases ainda permanecerão na atmosfera por muito tempo. Dentre os gases produzidos indiretamente pelas queimadas, o monóxido de carbono é um gás extremamente reativo e na presença de outros gases, produz o ozônio de superfície, que também é um gás reativo, e acima de determinada concentração torna-se tóxico, podendo causar problemas pulmonares aos seres humanos e também às folhas das plantas, causando queimaduras. O objetivo deste trabalho é estimar o impacto das queimadas sobre a atmosfera da região do cerrado e pantanal sul mato-grossense. Para avaliarmos estes impactos, comparamos os dados da concentração de ozônio de duas localidades distintas: Campo Grande-MS e Corumbá-MS, visto que, Campo Grande situa-se na região central do estado e Corumbá, no Pantanal.

Para se verificar a contribuição das queimadas no aumento das concentrações de determinados gases, escolhe-se uma região onde há ocorrência de queimadas. Ao medir a concentração de ozônio no período das chuvas e comparar os resultados com o período das secas, onde há um aumento considerável no número de focos de queimadas, a diferença entre os dados obtidos nestas duas estações, nos dá uma estimativa da contribuição das queimadas na concentração de ozônio de superfície na atmosfera nas cidades analisadas.

Para se monitorar a concentração do ozônio de superfície, utiliza-se um equipamento cujo princípio de funcionamento, baseia-se na absorção de radiação ultravioleta pela molécula de ozônio que está presente na célula de amostragem. Uma pequena bomba é acoplada ao equipamento e aspira o ar ambiente para o interior do equipamento, onde o mesmo é analisado, sendo um processo contínuo e ininterrupto. Os dados são armazenados e analisados num “Data Logger” sendo a concentração do ozônio dada e ppbv (parte por bilhão por volume).

Durante o período de medidas, entre os meses de agosto e setembro de 2005, foram obtidas medidas diárias da concentração de ozônio de superfície, nas duas cidades. Os dados mostraram que a concentração de ozônio em Corumbá atingiu valores muito altos: 91 ppb, enquanto que em Campo Grande o valor obtido foi de 71 ppb.

Os dados mostraram que os valores da concentração de ozônio obtidos no período de seca, foram bem maiores do que em períodos onde houve um número muito reduzido de focos de calor, mostrando claramente a influência das queimadas na concentração de ozônio.