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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
(RE) SIGNIFICANDO A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS PELA VIA DO PLANEJAMENTO COLETIVO
Nezimar Soares Rocha 1
Marileide Gonçalves França  1
Larissa Polyana Molino 1
Agda Felipe Silva Gonçalves 1, 2
(1. Centro de Educação / UFES; 2. Professora Orientadora)
INTRODUÇÃO:

A educação de Jovens e Adultos é ancorada por diversos documentos que regulamentam e definem a sua estruturação, bem como, a sua efetivação na prática educativa. Tendo como eixo principal, a diversidade, assim como, a necessidade de a escola atender os diferentes percursos de escolarização dos alunos. Partindo desses pressupostos, entendemos que os Jovens e Adultos com necessidades educacionais têm direito a uma educação de qualidade, isto é, uma formação reflexivo-crítica, que atenda as suas especificidades e lhes possibilite agir, como cidadãos críticos, na sociedade. Nesse contexto, observamos os desafios que se colocam aos professores da Educação de Jovens e Adultos: Como lidar com todas essas expectativas durante o processo de ensino-aprendizagem? Quais as metodologias utilizadas para atender a especificidade de cada aluno? Quais são os conteúdos que devem ser trabalhados? Como planejar de maneira a contemplar os aspectos da diversidade humana? Esses questionamentos estão presentes na escola, nesse contexto de inclusão e diversidade humana. Esse trabalho teve como objetivo analisar criticamente a realidade escolar, suas contradições, conflitos e contribuições, subjacentes ao processo de inclusão dos Jovens e Adultos com necessidades educacionais especiais no ensino regular, a partir de um trabalho pedagógico cooperativo com os professores regentes, bem como aprofundar conhecimentos teóricos e práticos na perspectiva da educação inclusiva.

METODOLOGIA:

Partindo desses princípios e das questões teóricas até aqui discutidas, iniciamos um processo de estágio/pesquisa em uma escola Municipal de Cariacica, do Estado do Espírito Santo, na qual é ofertada o Ensino Noturno para Jovens e Adultos. O trabalho foi realizado no período de setembro a dezembro de 2005. A metodologia da pesquisa-ação direcionou todo o estudo. Para coleta de dados foi utilizada a observação, intervenção, e conversa informal. Como base teórica utiliza: Padilha (2002), Haidt (2003), Martins (2005), Giroux(1997). Os sujeitos desse estudo foram Jovens e Adultos que freqüentavam as turmas de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental da referida escola. Além das professoras e pedagogas da escola. O ambiente utilizado foi a sala de aula. Tendo como estratégia o trabalho coletivo, que envolvesse alunos, professores e pedagogos.

RESULTADOS:

O planejamento coletivo constituiu-se para os sujeitos envolvidos nesse contexto, uma possibilidade de construção de uma prática mais dinâmica, diversificada, repleta de sentidos. O reconhecimento da importância desse planejamento, nesse contexto escolar, foi primordial para o desenvolvimento do projeto “Resistência e luta do povo negro”. A cada aula foi possível observar mudanças quanto à organização da aula, das atividades, dos materiais pedagógicos, entre outros. Observamos como os alunos com necessidades educacionais especiais, mudaram o seu comportamento em sala de aula. Durante o projeto, participavam ativamente das atividades propostas, relatavam fatos, registravam no quadro palavras que conseguiam escrever. Situações que, anteriormente, não costumavam acontecer. Trabalhamos a poesia, a Arte que resultou em material de exposição no Fórum Estadual da Educação de Jovens e Adultos. Além disso, é importante destacar a conquista das professoras que, a partir dessa experiência, reivindicaram e conseguiram por parte da direção da escola um horário para o planejamento, no calendário de 2006. Assim entendemos que não há como dicotomizar teoria e prática. Daí decorre a necessidade dos professores possuírem um espaço/tempo na escola para (re)pensar sobre sua ação, no sentido de não só buscarem novas metodologias e estratégias mas também refletirem sobre a sua prática educativa em busca de formação e conhecimento.

CONCLUSÕES:

Diante do exposto, notamos que é necessário repensar a escola como um todo: a sua função curricular, a sua forma de gestão, as formas de aprendizagem a partir das inovações metodológicas e didáticas, a maneira como são organizadas as turmas, os tempos e os espaços da escola, que tem a finalidade atender jovens e adultos provenientes de culturas cada vez mais diversificadas, nas complexas sociedades atuais. A nosso ver, isto só será possível pela construção do Projeto Político Pedagógico, que tem como finalidade orientar e subsidiar as práticas desenvolvidas na escola. Nessa perspectiva, faz-se necessário que a escola como instituição social, compreenda a necessidade de transformar-se, no sentido de atender os diferentes percursos dos alunos, no processo de escolarização. Nesse contexto, o desafio para o órgão central responsável pelo ensino semestral noturno é o de buscar mecanismos que garanta o cumprimento da carga horária do aluno, mas que também se abra espaço para o Planejamento Coletivo, na escola. A implantação da disciplina de Artes no currículo da EJA, a disponibilização de um profissional para trabalhar projetos podem ser consideradas boas iniciativas, que se adotadas, garantirão o momento do planejamento coletivo da escola. Nessa perspectiva, acreditamos que por meio do planejamento coletivo seja possível (re)construir um nova prática educativa que leve em consideração o contexto social dos alunos, bem como a diversidade presente na escola.

 
Palavras-chave: Jovens - Adultos ; Planejamento Coletivo; Inclusão.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006