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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática

ESTUDO DO “TOPOS” DOS ALUNOS DO CLICLO I DO ENSINO FUNDAMENTAL NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Marlene Alves Dias 1
Renata dos Santos Oliveira  2
Sirlene Neves de Andrade  3
Laura Marisa Carnielo Calejon  4
Rita de Cássia Frenedozo  5
Rosa Monteiro Paulo  6
(1. Centro Universitário FIEO / UNIFIEO e Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL; 2. Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL; 3. Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL e Escola Estadual Mademoseille; 4. Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL; 5. Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL; 6. Universidade Cruzeiro do Sul / UNICSUL)
INTRODUÇÃO:

Considerando as dificuldades encontradas pelos professores para discutir e aplicar os elementos que constam dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), nos pareceu adequado utilizar a ferramenta “topos” do aluno para esclarecer qual o lugar e o papel esperado do aluno do Ensino Fundamental Ciclo I no desenvolvimento de suas habilidades matemáticas.

Sendo assim, o objetivo central desta pesquisa é compreender melhor o papel que devem desempenhar professor e aluno no processo ensino/aprendizagem.

Para desenvolver este trabalho, nos apoiamos no trabalho sobre o “topos” do aluno de Chevallard e Grenier (1997).

O “topos” do aluno, segundo Chevallard, é momento onde ele é o ator do trabalho a ser realizado. Desta forma, considerando o aluno como um ator que desempenha um determinado papel e cujo palco onde sua ação será realizada é a classe, Chevallard observa que sendo esta tarefa didática, uma ação orquestrada que reúne o trabalho do professor e do aluno, ela exige um trabalho de cooperação entre ambos e também nela existem momentos que correspondem mais a ação do professor (dar uma definição, escolher um exercício que os alunos devem resolver, por exemplo) e outros mais associados às ações dos alunos (questionar sobre as dificuldades encontradas, tentar encontrar sua solução para o que é proposto pelo professor, por exemplo).
METODOLOGIA:
A metodologia foi dividida em três etapas: 1) Análise dos PCN’s para identificar e inferir sobre o “topos” dos alunos no Ensino Fundamental I, isto é, o momento em que o aluno trabalha com uma certa autonomia em relação ao professor exercendo seu próprio papel na classe; 2) Construção de um questionário para ser aplicado nos professores do Ensino Fundamental que explicite o que eles consideram como atitudes dos alunos que lhes tornem autônomos e desta forma tenham um “topos” que poderia ser considerado como o “topos” do aluno ideal (Ciclo I); 3) Comparação entre os resultados encontrados por Chevallard e Grenier (1997) e aqueles por nós obtidos.
RESULTADOS:

Na análise das orientações para os alunos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, foi possível identificar que é esperado que o aluno do ensino fundamental ciclo I possa trabalhar as noções matemáticas que podem ser consideradas nesta etapa da escolaridade de forma autônoma, articulada e flexível levando-o a um trabalho individual, de pesquisa a ser comunicada aos colegas e que possa ser justificada através das noções matemáticas que eles conhecem. Mas nenhuma orientação sobre como se pode desenvolver este trabalho e como funciona este aluno é dada ao professor, o mesmo é encontrado no trabalho de Chevallard, que em sua conclusão após um trabalho com professores em um mini-curso, conclui que os textos oficiais anunciam um “topos” para os alunos, mas não descrevem o conteúdo deste “topos”, isto é, espera-se que os alunos desenvolvam capacidades de trabalho individual, de pesquisa, de comunicação e de justificar o trabalho desenvolvido, mas não dão nenhuma pista para o professor como efetuar esse trabalho. Quanto ao questionário sobre as atitudes esperadas dos alunos do ensino fundamental ciclo I, verifica-se nas respostas dadas para a questão “Quais as atitudes esperadas de um bom aluno?”, por 100 professores deste ciclo, que as atitudes mais importantes são que o aluno seja: interessado, questionador, disciplinado, motivado e inteligente.

CONCLUSÕES:

Considerando os resultados do questionário passado aos professores sobre quais atitudes eles esperam de um bom aluno, verifica-se que entre as atitudes mais esperadas estão aquelas que poderiam auxiliar o professor a desenvolver seu próprio “topos”, que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, em linhas gerais, são de relacionar a matemática com a realidade, utilizar a matemática como instrumento para o desenvolvimento do aluno em um ambiente de tranqüilidade, utilizar todos os recursos disponíveis permitindo ao aluno estabelecer e testar hipóteses.

Portanto, as respostas dadas ao questionário, sobre as atitudes esperadas dos alunos, estão de acordo com o que é esperado do professor, o que mostra que estes têm consciência de qual deve ser o “topos” do aluno para que a classe possa ser aquele ambiente onde a tarefa didática é uma ação orquestrada que exige a participação de alunos e professores, cada um atuando no papel que lhe é próprio.

Mas, a análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais, apesar de dar orientações sobre o papel do professor e do aluno, não descreve nem dá subsídios ao professor de algumas pistas para este trabalho, pistas estas que poderiam auxiliar o professor em sua prática diária, por exemplo, como trabalhar com classes onde a disciplina interfere diretamente no desenvolvimento de sua tarefa didática, ou seja, é ela que não permite que o trabalho do professor e dos alunos funcione de forma orquestrada com cada um exercendo seu papel no devido momento.
 
Palavras-chave: “topos” do aluno; matemática; ensino fundamental.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006