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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 2. Geofísica

CÁLCULO DO VETOR NORMAL ÀS FRENTES DE CHOQUE DOS PLANETAS TERRESTRES PELO MÉTODO DA COPLANARIDADE MAGNÉTICA

Samuel Martins da Silva 1, 3
Ezequiel Echer 2
Carlos Roberto Braga 1, 3
Cristian Willian Saueressig da Silva 1, 3
Jairo Francisco Savian 1, 3
Nelson Jorge Schuch 3
(1. Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria(LACESM/UFSM); 2. Instituto National de Pesquisas Espaciais(INPE – MCT); 3. Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais(CRSPE/INPE – MCT))
INTRODUÇÃO:

Nós apresentamos neste trabalho um estudo sobre as propriedades físicas das frentes de choques planetárias dos planetas terrestres (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e apresentamos o cálculo dos vetores normais às frentes de choque pelo teorema da coplanaridade magnética. Este método nos permite determinar o ângulo entre as normais a superfície dos choques e o campo magnético interplanetário ambiente.  O teorema da coplanaridade diz que o campo magnético pré-choque, Bu, o campo magnético pós-choque, Bd, e a normal de choque, ns, devem estar todos no mesmo plano. O ângulo entre o campo magnético pré-choque e a normal do choque é um dos mais importantes parâmetros na determinação dos processos físicos que ocorrem nos choques. Escolhemos este método por exigir somente as medidas de campo magnético antes e depois do choque. As flutuações no campo magnético através do choque dependem do ângulo. O campo magnético interplanetário na região anterior e posterior ao choque nunca é uniforme. Por todas essas razões, o ângulo é um importante parâmetro. Implicitamente, uma quantidade fundamental no estudo quantitativo dos choques é a normal. Usando o ângulo, nós definimos os choques como paralelos, oblíquos ou perpendiculares. A orientação da normal ao choque em relação ao campo magnético ambiente tem grande importância na geração de ondas de plasma na região anterior ao choque.

METODOLOGIA:

Para inferirmos os parâmetros locais dos choques, é necessário definir as regiões pré-choque e pós-choque, utilizando dados de campo magnético medidos por sensores a bordo de sondas espaciais. Utilizamos os dados de campo magnéticos fornecidos pelas sondas Mariner 10 (Mercúrio) e ISEE-1 (Terra) disponíveis na internet. Para calcular a normal do choque, temos que utilizar como valor pré-choque, o background ligeiramente afastado da frente de choque, para evitar efeitos da região do “pé” do choque, onde perturbações magnéticas devido a íons refletidos ocorrem. E para o lado pós-choque, temos que utilizar os valores longe da grande oscilação vista após o choque, a sobre-oscilação. Em média, o afastamento é de 5 minutos em cada lado. Em seguida, com a média do campo magnético dentro de um período de 15 minutos tanto do lado pré-choque como do pós-choque é, então, realizado o cálculo da normal de choque. Apresentaremos alguns exemplos de cruzamentos de frentes de choque.

RESULTADOS:

No evento detectado pela ISEE-1 ao investigar a magnetosfera terrestre em 2 Dezembro de 1977, obtivemos um ângulo de 67,34° e n=(-0,54; 0,71; -0,44) e em 25 de Julho de 1978, um ângulo de 69,04° e n=(0,84; 0,51; 0,14). Na passagem da Mariner 10 por Mercúrio em 26 de Março de 1974, obtivemos um ângulo de 62,62° e n=(0,72; 0,57; 0,37) e em 15 de Março de 1975, um ângulo 50,64° e n=(-0,90; 0,42; 0,04). Estes dados indicam que os choques naqueles casos eram do tipo oblíquo ou quase-perpendicular.

CONCLUSÕES:

Os choques observados são oblíquos ou quase-perpendiculares, significando que o ângulo entre o campo magnético pré-choque e a normal não é nem próximo de 90° nem de 0°. O comportamento flutuante do campo magnético interplanetário e as perturbações atribuídas a processos internos dos choques produzem uma incerteza na estimativa dos parâmetros. Isto restringe a duração das regiões pré-choque e pós-choque relevantes para poucos minutos antes e depois do choque.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPq)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: interações Terra-Sol; frentes de choque; normal de choque.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006