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B. Engenharias - 1. Engenharia - 12. Engenharia Química

EXTRAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS DE Schinus terebinthifolius (AROEIRA) UTILIZANDO DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO

Daniel Toss 1
Evandro Steffani 1
Mariana Stedile 1
Luciana Atti-Serafini 2
Ana Cristina Atti dos Santos 2
(1. Universidade de Caxias do Sul (UCS), Departamento de Eng. Química (DENQ); 2. Universidade de Caxias do Sul (UCS), Instituto de Biotecnologia (INBI))
INTRODUÇÃO:
A planta Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira), pertencente à família Anacardiaceae, é uma espécie nativa da América do Sul. Sua madeira é pesada, mole, bastante resistente e de grande durabilidade, possuindo uma resina, com odor de terebintina, que endurece em contato com o ar. Sua casca possui alto teor de taninos de grande utilidade em curtumes. Como medicamento é utilizada no tratamento de inflamações uterinas, na cicatrização de úlceras e feridas, como adstringente e antiinflamatório. Atualmente é considerada um condimento alimentar, popularmente conhecida como pimenta-rosa. Apresenta diversos compostos ativos, dentre eles óleos essenciais e compostos fenólicos. Os compostos fenólicos são economicamente importantes por serem utilizados na indústria alimentícia como flavorizantes, antioxidantes e corantes de alimentos e bebidas. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho consiste em otimizar as condições do processo de extração supercrítica de forma a obter os maiores rendimentos em compostos fenólicos a partir das folhas e frutos da aroeira, utilizando dióxido de carbono como solvente e etanol como cossolvente.
METODOLOGIA:
As amostras de material vegetal foram retiradas de uma população de Schinus terebinthifolius localizada nas proximidades do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul (latitude sul 29°09’43,5”, longitude oeste 51°08’39,4”, altitude 746 m). Imediatamente após a colheita o material foi desidratado num secador com circulação forçada de ar, com temperatura entre 36 e 38°C, umidade relativa do ar controlada, entre 40 e 50%, durante 7 dias. As folhas foram posteriormente moídas num moinho de facas em aço inox, tipo Willye TE-650, marca TECNAL e classificadas na fração 28/35 Tyler. Após esta etapa, o material foi submetido à extração no módulo Hewlett Packard 7680T, que dispõe de células de extração de aproximadamente 7 mL de volume útil, sendo que as corridas realizadas seguiram um planejamento experimental do tipo 33. As variáveis avaliadas no processo consistiram em teor de cossolvente (etanol), pressão e temperatura do fluido supercrítico, nos seguintes níveis: teor de cossolvente (1,0; 2,0 e 3,0 %); temperatura (50, 60 e 70°C) e pressão (150, 175 e 200 bar). Os extratos obtidos foram avaliados quantitativamente, em relação ao teor de compostos fenólicos totais solúveis, utilizando a técnica espectrofotométrica UV-visível, tendo como padrão o ácido gálico. A próxima etapa do trabalho compreende a execução de experimentos utilizando os frutos da aroeira, seguindo a mesma metodologia descrita para as folhas.
RESULTADOS:
Os experimentos realizados utilizando as folhas da aroeira determinaram que as melhores condições de extração foram 50°C, 200 bar e 3,0% de cossolvente, resultando num rendimento de 0,77 mg de compostos fenólicos totais solúveis por grama de planta (em base seca). Os dados experimentais foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA). Os resultados estatísticos mostram que as variáveis pressão, teor de cossolvente e temperatura afetam significativamente o rendimento dos extratos, sendo a pressão a variável que mais afeta o rendimento, seguida do teor de cossolvente e da temperatura. Verificou-se, também, que as interações entre as variáveis estudadas não foram significativas. A análise estatística foi realizada com um nível de significância de 5% (α = 0,05). O resultado para os frutos depende da concretização das corridas previstas pelo planejamento experimental.
CONCLUSÕES:
Os valores obtidos para o rendimento em compostos fenólicos totais obtidos a partir da extração supercrítica de folhas da aroeira, utilizando dióxido de carbono como solvente e etanol como cossolvente, mostram uma dependência dos níveis das variáveis de processo, dentro das faixas estudadas. Constatou-se que o maior rendimento (0,77 mg de compostos fenólicos totais solúveis por grama de planta, base seca) foi obtido utilizando uma condição que proporciona a mais alta densidade do solvente (pressão de 200 bar e temperatura de 50°C), aliada à presença de maior quantidade (3,0 %) do modificador da polaridade, o cossolvente etanol, fatores que contribuíram para o incremento da solubilidade dos compostos fenólicos.
Instituição de fomento: FAPERGS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Schinus terebinthifolius; extração supercrítica; compostos fenólicos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006