A contabilidade é conhecida como um sistema de informações formal e estruturado, tendo como objetivo  fornecer informações para o controle do patrimônio,  a avaliação de desempenho e a tomada de decisão. Para isto é preciso de um corpo de conceitos e de metodologias que possam representar, de modo objetivo, os eventos econômicos e financeiros ocorridos. O ambiente ao redor das entidades empresariais, e em especial às ligadas a exploração extrativa, vem sofrendo ações degradativas em função das mais diversas formas de atividades. Tais ações não estão sendo devidamente mensuradas nos demonstrativos financeiros, ou em muitos casos, sequer estão sendo utilizadas. E isto se explica devido ao fato de não serem objeto de classificação conceitual e metodológica da contabilidade. Objetiva-se com este trabalho introduzir os eventos ambientais nos conceitos teóricos da contabilidade, demonstrando como tratá-los corretamente em um plano de contas ideal para os preceitos ambientais e para a responsabilidade social. Será demonstrando a principal forma de transição para o desenvolvimento sustentável em uma empresa, ou seja, frisando a importância de práticas e controles que deverão fixar a idéia da necessidade de adoção de uma cultura ética-empresarial quanto à prevenção, e associando a isso os seus valores estratégicos, que iremos reafirmar a importância da contabilidade como instrumento de informações para a tomada de decisões.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre como é tratada a Contabilidade Ambiental no mundo e focada quanto à sua utilização pelas empresas brasileiras (principalmente as ligadas à atividade extrativista). Foram realizadas análises das demonstrações financeiras das empresas de mineração, carvão, produção de cal, cana-de-açúcar, papel e celulose, siderurgia e indústria petrolífera. Paralelamente, foi desenvolvido um estudo sobre a Teoria da Contabilidade e as normas da ISO (International Organization for Stardadization) que certificam as empresas ambiental e socialmente responsáveis, para compreender como faríamos para adaptar e aprimorar as normas contábeis geralmente aceitas, de forma a incluir os eventos ambientais sem descaracterizar seus preceitos. A classificação de risco de crédito (rating) serviu como base para análise e estabelecimento de uma linha de raciocínio para medir e dar importância à aplicação do desenvolvimento sustentável. Para avaliar o nível de responsabilidade ambiental foram utilizados os EPIs, (Indicadores de desempenho ambiental), que visam medir e comparar entre as empresas analisadas, a utilização da responsabilidade social e ambiental em suas atividades. A classificação positiva quanto ao seu rating, transparece segurança a seus investidores, e sendo assim, as empresas precisam estar certas quanto a contabilização dos eventos ambientais no transcorrer de suas atividades para oferecer veracidade e confiança em seus demonstrativos financeiros.

Através dos sistemas de avaliação de risco ambiental, medidos pelos EPIs e inspirados na metodologia de classificação de risco de crédito, foi possível estabelecer de forma objetiva definições que servem de base no entendimento de como classificar e mensurar o montante de ativos, passivos, receitas, despesas, custos, contingências e provisões ambientais. Obteve-se através de métodos comparativos, a certeza que quanto aos relatórios contábeis, os modelos do GRI (Global Reporting Initiative) e do ISAR (Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting), elaborados por um grupo de especialistas em contabilidade de vários países, devem servir de base na criação do modelo ideal para as empresas estudadas. A junção desses modelos nos inspirou na criação de um modelo de relatório ambiental, que atenda a NBC T15 (Norma Brasileira de Contabilidade referente às Informações de Natureza Social e Ambiental) e que seja direcionado para as empresas que necessitam demonstrar seus eventos ambientais. Foi constatada uma fraca utilização desses dados em todas as suas demonstrações contábeis, e que, por muitas vezes, nem aparecem registradas devido ao receio de que isso possa refletir de forma negativa em suas atividades. Isso leva a 95% dessas empresas a receberem pesadas multas por descumprimento à legislação ambiental e não refletem com veracidade a situação patrimonial aos stakeholders interessados.

A correta utilização da contabilidade ambiental de formas qualitativa e quantitativa nas demonstrações contábeis, leva não só a um melhor estruturamento do balanço comercial da empresa, mas dá direcionamentos corretos a custos, despesas e receitas ambientais que podem e devem influenciar na apuração de resultado de exercícios anuais, e que assim como o constatado, não vêm sendo realizado na proporção necessária e muitas vezes nem ao menos são utilizados pelas empresas ligadas à atividade extrativista no Brasil, devido ao temido reflexo negativo que tais custos ambientais podem vir a trazer aos seus stakeholders. Outro aspecto importante verificado, é que embora haja ainda um alto índice de desconhecimento da população brasileira quanto à importância da responsabilidade ambiental das empresas em suas atividades, é crescente a conscientização e a demanda por informações ambientais, tanto do consumidor desses produtos, quanto de organizações não governamentais, órgãos públicos reguladores das ações da empresa, acionistas, investidores e ainda o próprio mercado interno e externo. A contabilidade como principal sistema de informação de uma empresa, deve adaptar-se à necessidade de um crescimento sustentável baseado na responsabilidade social, e para tanto deve estabelecer uma coesão e uma harmonização para com suas classificações e mensurações, buscando ter transparência em seus relatórios e demonstrativos contábeis.