No final dos anos 50 a Bossa Nova surgia como novo estilo musical no Rio de Janeiro. Abordando temáticas relacionadas à paisagem cartão-postal do Rio de Janeiro, introduzindo uma nova batida ao violão e uma maneira intimista de cantar, esses jovens da Zona Sul carioca conquistariam o público nacional e internacional em fins da década de 1960. Neste trabalho pretendemos analisar de que maneira o trabalho de memória realizado por pesquisadores, imprensa e pelos próprios integrantes do grupo está relacionado com o lugar de prestígio que a Bossa Nova ocupa no imaginário social, nacional e internacional, nos dias de hoje.

Como resultado deste cruzamento entre as fontes orais e documento escrito, percebemos ambos apresentam um trabalho de memória. A versão da história da Bossa Nova que é recorrente no imaginário social resulta deste enquadramento realizado por pesquisadores e, muitas vezes, pelos próprios integrantes do grupo. Observamos que nestas versões muitas questões são valorizadas, como a estética musical e o clima de amizade entre os artistas da Bossa Nova, mas muito se silencia, como os embates com outros gêneros musicais e um certo conflito entre integrantes da Zona Norte e da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Concluímos que existe uma memória oficial da Bossa Nova realizada por pesquisadores e pela mídia, que esquece algumas pessoas e fragmentos de sua história. Este trabalho de memória, bem realizado, enquadra a memória dos integrantes da Bossa Nova. Contudo, percebemos que no interior do grupo da Bossa Nova existem aqueles que resistem a esta memória oficial fugindo do enquadramento e relatando suas memórias subterrâneas.