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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
UM OLHAR SOBRE FORMADORES DE FORMADORES: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS
Ivana Guimarães Lodi 1
Maria Eugênia de Lima e Montes Castanho 2
(1. UNIARAXÁ - Centro Universitário do Planalto de Araxá; 2. PUC- Campinas)
INTRODUÇÃO:

Vidas e práticas de professores configuram-se em uma das principais temáticas das análises contemporâneas sobre o profissional da educação, pois a compreensão da realidade vem ganhando relevo científico importante, especialmente em um momento em que a produção historiográfica valoriza o exame das especificidades e singularidades locais e pessoais.

Consideramos que investigar histórias de vida de professores, constitui-se em um rico instrumento de análise, pois cada um daqueles que tece a história da educação no Brasil, constitui-se num ser único, inigualável, em constante processo de se fazer e re-fazer. Esta perspectiva metodológica valoriza o ser como protagonista da sua vida, mas que, de alguma forma interfere nas diversas vidas com as quais convive no dia-a-dia.

Falar sobre vidas, histórias, relembrar caminhos que já foram percorridos é, às vezes, muito difícil, a subjetividade muitas vezes fica como que esquecida, não se busca muito entendê-la.

Muitos de nós, como professoras e professores têm se questionado sobre quem somos como profissionais.  Perguntamos: qual a nossa formação no que diz respeito ao exercício da docência; temos consciência de que, ao adentrarmos a escola, somos professoras/professores; como vemos e vivemos esta relação; até que ponto fomos preparados e formados para sermos professoras e professores de futuros professores; e finalmente, qual é a influência da vida escolar na escolha e na nossa ação diária profissional, e na nossa formação docente?

METODOLOGIA:

Para o desenvolvimento desta pesquisa, fizemos opção pela pesquisa qualitativa, que é um tipo de abordagem voltada para a elucidação de complexos e processos subjetivos, posto que a ciência não é só racionalidade, é subjetividade em tudo que o termo implica, é emoção, individualização, contradição, enfim, é expressão íntegra do fluxo da vida humana.

Nesta perspectiva, a utilização da metodologia de história oral, coloca-se como uma excelente metodologia de pesquisa, ao mesmo tempo em que tem sido um grande desafio para os historiadores que se propõem a utilizá-la. De acordo com esta nova abordagem da História, o historiador/pesquisador, “tem como tarefa vencer o esquecimento, preencher silêncios, recuperar as palavras, a expressão vencida pelo tempo” (BOSI, 1994, p.38). O passado pode assim, ser revisto, revisitado, ao invés de ser apenas reconstituído objetivamente.

Mais importante do que escolher a técnica da entrevista, é ter a sensibilidade para compreender a expressão dos sujeitos entrevistados e sua representatividade no processo de construção de suas identidades e ações educativas.

            Foram ouvidos 10 professores do UNIARAXÁ – Centro Universitário do Planalto de Araxá, em entrevistas com questões semi-estruturadas, que foram gravadas, devidamente transcritas, textualizadas e analisadas de acordo com as seguintes categorias: Formação e cotidiano escolar; influências marcantes na formação da identidade; influências da formação na prática escolar.

 

RESULTADOS:

Nosso objetivo nesta pesquisa foi investigar a história de vida de professores do Instituto Superior de Educação do UNIARAXÁ – Centro Universitário do Planalto de Araxá, recuperando os diferentes sentidos e significados da construção de suas identidades e de suas práticas pedagógicas na formação de futuros educadores.

Para alcançar este objetivo, refletimos sobre os múltiplos caminhos, práticas e opções, construídas ao longo da vida por alguns professores do Instituto Superior de Educação do UNIARAXÁ tentando recuperar os diferentes sentidos e significados que os mesmos dão às suas experiências e práticas educativas, traçando um perfil destes educadores. A pesquisa foi desenvolvida desde junho de 2004 e concluída no mês de novembro de 2005.

Neste pensar ou re-pensar a nossa prática pedagógica, foi possível analisarmos os efeitos diretos e indiretos que foram nos constituindo enquanto professora ou professor universitário até hoje. Neste contexto, recorreremos a Bosi (1994), Fonseca (1997), Fontana (2000), entre outros.

 

CONCLUSÕES:

            Esta pesquisa é um estudo sobre memórias. Memórias marcantes de personagens muitas vezes desconhecidos, mas que tecem e escrevem no dia-a-dia, suas próprias histórias – ricas e inigualáveis, e a história da educação no Brasil. Não se tratou de uma amostragem, mas sim de um registro de lembranças, de imagens do passado que ressurgiram firmes, como se acabassem de acontecer, de histórias permeadas pelo individual e coletivo.

Investigamos a história de vida de 10 professores do Instituto Superior de Educação do UNIARAXÁ, recuperando os sentidos e os significados na construção de suas identidades e de suas práticas pedagógicas na formação de futuros educadores.

            Percebemos que não há como nos olhar sem entender que o que procuramos no presente é carregado de todo um passado que foi nos construindo através de diversos fatores.

            Dentro do que realizamos, concluímos que não nascemos professores, nos tornamos professores por uma série de fatos e vivências, que vão-nos constituindo e instituindo. Somos professores/educadores, que, mesmo entre dúvidas e dificuldades acreditamos na educação como um caminho de mudanças em vista de um mundo melhor e mais humano. Transformamos não só aqueles com os quais convivemos diariamente, mas, e acima de tudo, a cada um de nós. Como nos diz Rios (2001, p. 32) “somos (...) o que fazemos para transformar o que somos. A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia”.  

Instituição de fomento: CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
 
Palavras-chave: História oral; Formação; Práticas pedagógicas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006