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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva
Percepção da saúde bucal: interação entrte mães e filhos
Marco Aurélio Benini Paschoal  1
Priscila Ariede Petinuci Bardal  1
Nilce Emy Tomita  1
(1. Universidade de São Paulo)
INTRODUÇÃO:
Muitos cientistas apontam para a importância da participação da família no ambiente escolar, ressaltando que crianças cujos pais são presentes na sua vida escolar e mantêm contato com a escola, alcançam melhores resultados. Porém, não há um envolvimento ativo de pais neste ambiente, nem existindo uma parceria com estas instituições. No ambiente familiar, a criança molda as suas atitudes fundamentais durante a vida. Tais cientistas também postulam que programas de promoção de saúde bucal aplicados a pré–escolares podem possibilitar a mudança precoce de maus hábitos e, conseqüentemente, dentição permanente e gengiva saudável, mostrando que a melhoria do cuidado durante os anos pré-escolares pode reduzir a necessidade de restaurações ou extrações. No ambiente familiar, a criança molda as suas atitudes fundamentais durante a vida. Se os pais, principalmente, a mãe têm hábitos adequados e realiza cotidianamente os cuidados preventivos, os filhos tendem a imitá-lá. Partindo-se do pressuposto de que a mãe possui grande influência sobre os hábitos de seus filhos, o objetivo do presente estudo foi verificar a interação entre mães e seus filhos de 5 anos e a percepção materna quanto à importância de práticas de saúde bucal. Adicionalmente, constitui escopo do presente estudo avaliar a relação entre a percepção materna quanto à saúde bucal infantil e a condição da criança expressa objetivamente pela severidade de cárie.
METODOLOGIA:

Foi realizado, inicialmente, o sorteio de 10 crianças de 5 anos atendidas por uma creche no município de Bauru-SP. Neste estudo com abordagem quanti-qualitativa, esta amostra aleatória foi examinada quanto à condição bucal expressa pelo índice de cárie dentária. As mães das crianças sorteadas foram contatadas para a realização de uma visita domiciliar. Durante a visita, foi realizada uma observação das condições gerais da moradia, sendo realizada uma entrevista com a mãe da criança. A investigação foi desenvolvida segundo o enfoque qualitativo etnográfico indicado por Spradley. O método consiste em uma abordagem que possibilita verificar como as pessoas vivem em seu ambiente natural e quais crenças e valores guiam o modo delas agirem em relação a algo. Foi utilizado um roteiro semi-estruturado para a coleta das informações, sendo a entrevista gravada para posterior transcrição. A análise destas respostas foi feita utilizando metodologia qualitativa, segundo Lefèvre, Lefèvre, na construção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), um procedimento metodológico próprio de pesquisas sociais de caráter qualitativo, que consiste numa forma de representar o pensamento  de   uma  coletividade,   agregando   em   um  discurso-síntese os conteúdos discursivos de sentido semelhante emitidos por pessoas distintas. Após a transcrição integral dos depoimentos, as expressões-chave e as idéias centrais de cada entrevistada foram identificadas e categorizadas segundo seu significado.

RESULTADOS:

O aparecimento da cárie devido ao consumo excessivo de sacarose e a falta de conhecimento em saber se seus filhos possuem cárie são expressos nos discursos das entrevistadas. Algumas mães estimulam a higienização bucal de seus filhos, enquanto outras referem desconhecimento sobre como orientá-los nos cuidados com a saúde bucal. O índice ceod das crianças variou de 0 a 8 revelando, na severidade da cárie, condições desfavoráveis aliadas à falta de conhecimento materno em relação ao cuidado da saúde bucal de seu filho. Em relação à escolaridade materna, verificou-se que 77,77% das mães estudaram até o primeiro grau e 22,22% estudaram até o segundo grau. Na questão relativa ao trabalho, 66,67% das mães referiram ter ocupação remunerada e 33,33% delas referiram ser “do lar”. A renda per capita relatada por 6 mães foi inferior a R$ 240,00. A principal fonte de informações sobre a saúde bucal do filho foi o cirurgião-dentista, relatado por 6 mães. Em relação ao tipo de casa, 88,88% residiam em casa de tijolos e casa do tipo taipa/madeira foram observadas em 11,11% das visitas.

CONCLUSÕES:
O presente estudo evidenciou que a relação familiar com a creche parece tangir, em sua maioria, apenas o âmbito das reuniões de mães, amparada na formalidade de convites para sua participação em atividades informativas ou sociais e, em alguns casos, existe escasso conhecimento materno em relação ao cuidado da saúde bucal de seu filho.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: pesquisa qualitativa; crianças; percepção.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006