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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde

CAMISINHA FEMININA: PERCEPÇÕES E RESISTÊNCIAS PARA O  USO NA PREVENÇÃO ÀS DST/AIDS

Nathalia Eliza de Freitas 1, 2, 3
Vivian Lopes de Oliveira 1, 2, 3
(1. Universidade Brasilia - UnB; 2. Departamento de Serviço Social - SER/UnB; 3. Núcleo de Estudos e Ações Multilaterais de Cooperação em Educação em Saúde )
INTRODUÇÃO:

Os dados epidemiológicos de 2004 apresentaram um aumento no número de casos registrados de infecção pelo HIV entre as mulheres, em especial, por transmissão heterossexual. Isso se deve a alguns fatores que caracterizam a vulnerabilidade feminina, como fatores biológicos, sócio-econômicos, culturais e também institucionais.

O presente trabalho tem como objetivo, analisar as causas desse aumento em seus diversos segmentos, e apartir de então verificar o que está sendo feito para combater tal crescimento do número de mulheres infectadas pelo vírus HIV e pela IST´s, por parte do Governo, da Sociedade Civil Organizada, das Universidades e dos Movimentos Sociais.  Essa análise é feita por meio de estudos de políticas, programas ou projetos que foram ou estão sendo desenvolvidos para o público feminino diante dessa contextualização.

O trabalho faz ainda, uma análise situacional específica da condição de vulnerabilidade ou não das mulheres que utilizam os serviços do Pólo de prevenção às DST´s e AIDS da Universidade de Brasília, principalmente daquelas que fazem o uso do preservativo feminino. Nesse âmbito, o estudo visa identificar como o preservativo feminino pode contribuir para que os fatores de vulnerabilidade sejam decrescidos. Isso é feito, inclusive com a investigação das percepções de homens que fazem uso do preservativo feminino.

Tal pesquisa objetiva alertar que a emancipação e o respeito à mulher é também uma questão de saúde pública.

METODOLOGIA:

Primeiramente foi feita análise da literatura a respeito da questão gênero, da epidemiologia dos últimos cinco anos ressaltando os dados relativos à mulher, das políticas e programas direcionados à prevenção feminina e de outros estudos feitos com  temáticas relacionadas. Posteriormente, foi feito um estudo prático e situacional a respeito das percepções ao uso da camisinha feminina dentro do contexto universitário. O trabalho foi realizado com usuárias e usuários do Pólo de Prevenção ás DSTS/AIDS da UNB, com as quais e os quais foram feitos entrevistas e grupos focais de discussão sobre o uso do preservativo feminino, ressaltando questões como, disponibilidade, acesso, resistências e percepções ao uso do preservativo feminino, tanto para os homens quanto para as mulheres. O público foi composto por estudantes e funcionários da Universidade, por simples acaso situacional, uma vez que a participação nessa pesquisa não era restrita a tal público. Os participantes foram eleitos por serem usuários do Pólo de prevenção que solicitavam e faziam o uso da camisinha feminina. A entrevista era composta por 24 perguntas dividias em blocos: perfil, vida sexual e uso da camisinha feminina. Os grupos focais foram dividos por sexo.  Foi usada metodologia de dinâmica para interação do grupo; debate sobre o uso, disponibilidade e acesso ao preservativo e políticas e programas voltados à mulher; e apresentação em plenária de propostas de projetos de prevenção voltados à mulher.

RESULTADOS:

- 60% dos entrevistados usaram o preservativo feminino por curiosidade

- 30% pretendem continuar o uso do preservativo feminino

-  Em relação à dificuldades ao uso do preservativos foram colocadas questões como o preço elevado de tal, e a necessidade que a mulher tem de conhecer seu próprio corpo para o uso.

- Ficou divido em 50% a preferência do parceiro pela camisinha feminina. Esse dado foi apresentado pelas entrevistadas sem que elas realmente tivessem consultado seus parceiros a respeito do assunto. Todas responderam segundo “o que elas achavam”.

 

CONCLUSÕES:

O uso da camisinha feminina pelas entrevistas ainda é pouco o que demonstra uma falta de familiarização com tal, ainda que elas afirmaram que continuarão o uso. As participantes afirmam que tem conversas freqüentes com seus parceiros, porém, não sabem afirmam com certeza qual a posição deles frente ao uso do preservativo, isso leva a uma conclusão de que o preservativo feminino ainda não é pauta de discussão quando se fala de sexo, o que se entende é que este é visto como uma novidade na forma de prevenir as IST e a aids, e que seu uso foi motivado por uma curiosidade. Diante disso questiona-se a intenção da camisinha feminina como fator de empoderamento da mulher diante da sua prevenção. Nesse sentido tem-se que relevar o costume que os casais já adquiriram de usar o preservativo masculino, e isso de certa forma se incorpora à rotina sexual desse casal, pois o preservativo feminino não vem com o objetivo de desconstruir o hábito de usar o preservativo masculino, ele aparece no contexto para facilitar a mulher na sua prevenção respondendo a possíveis falhas que a mulher tenha ao negociar ou ao usar o preservativo masculino. As participantes entrevistadas não demonstraram nenhum problema, ou restrição ao uso do preservativo masculino que a motivassem o uso da camisinha feminina, e também não encontraram nesta nenhum fator que motivassem a troca de um preservativo por outro. Assim se entende que o uso de preservativo por essas participantes ficará sem muitos critérios de escolha entre feminino e masculino.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Prevenção; Gênero; Emanacipação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006