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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
IMPACTOS AMBIENTAIS DA AGRICULTURA NA REGIÃO RURAL-URBANA DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA- BA . 
Ivana Paula Ferraz Santos de Brito 1
José Ronaldo Almeida de Souza 1
Julian Junio de Jesus Lacerda 1
Renata Simões Maia  1
Sabrina Novaes Santos 1
Valdemiro Conceição Júnior 2
(1. Discentes de Agronomia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB; 2. Prof. Dr. Orientador da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB)
INTRODUÇÃO:

O grande desafio da ciência é perpetuar a produção agropecuária em níveis capazes de manter uma população em constante crescimento e, paralelamente respeitar os limites impostos pela sustentabilidade ambiental.

Na região rural-urbana de Vitória da Conquista a prática da agricultura familiar é predominante e mantém costumes seculares, como a utilização de queimadas para fazer a limpeza da área de plantio. Entretanto, como pouco se conhece sobre os sistemas de produção e os impactos gerados por essa agricultura, a proposição de programas e ações para reverter este quadro fica um tanto limitada.

Conhecer os impactos ambientais de uma determinada região, permite buscar alternativas de desenvolvimento associadas às práticas agrícolas voltadas para a agroecologia, que primam pela viabilidade econômica e social. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo analisar os principais problemas ambientais provocados pela agricultura rural-urbana do município de Vitória da Conquista-Ba.
METODOLOGIA:

No período de Janeiro a Fevereiro de 2006 foram realizadas visitas de campo, para leitura de paisagem, entrevistas e aplicação de questionário pré-estabelecido, visando estudar a realidade através do levantamento de dados das propriedades locais. Participaram da amostragem 300 propriedades de agricultores familiares e assentados de reforma agrária, localizadas no entorno da sede do município de Vitória da Conquista.

A análise dos impactos ambientais foi feita a partir de observações de campo e da coleta de dados acerca das práticas agrícolas, como uso de agroquímicos e/ou utilização de desmatamento e queimadas. Foi também observada a presença ou não do acompanhamento técnico, assim como o grau de organização da comunidade.

Os dados obtidos foram tabulados através de planilhas de Excel para análise quantitativa e geraram subsídios para a análise qualitativa das informações, o que proporcionou uma melhor reflexão das problemáticas ambientais da região em questão e as relações do agricultor no contexto inerente.
RESULTADOS:

Os dados coletados mostram que cerca de 68,6% dos agricultores da região rural-urbana utilizam a queimada como método de preparo da terra e que 13,9% fazem derrubada de matas nativas. Por falta de conhecimento técnico os agricultores mantêm a ilusão de que a terra fica mais fértil depois de queimada.

Ao investigar a presença de medidas para evitar a exaustão e erosão do solo, verificou-se que apenas 13,5% dos agricultores fazem ou já fizeram análise e/ou correção do solo e que 70,3% não fazem rotação nem consorciação de culturas. Quanto ao uso de agroquímicos, constatou-se o uso de fertilizantes, inseticidas e fungicidas em 35,8%, 37,5% e 5,1% das propriedades, respectivamente. Além disso, os agricultores utilizam agroquímicos de maneira inadequada, causando perdas econômicas e danos à saúde, por falta do uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

Observou-se a inexistência de locais apropriados para deposição de lixo e rejeitos de agroindústrias, situação agravada nas comunidades que processam mandioca, onde a manipueira é lançada sem tratamento prévio nas lagoas e riachos.

Analisado o nível de organização dos produtores obteve-se um percentual de 68,6% que não participam de associações e/ou cooperativas. Esta situação dificulta o acesso dos agricultores aos benefícios que teriam se trabalhassem de forma coletiva, como o apoio técnico, presente somente em 4,5% das propriedades.
CONCLUSÕES:

Os resultados permitem afirmar que as práticas agrícolas tradicionais têm provocado diversos impactos ambientais na região.

Aparentemente, o acesso limitado à assistência técnica agrava as conseqüências do uso indiscriminado de agroquímicos, da utilização de queimadas para o preparo da área de plantio, e da contaminação dos mananciais da região, principalmente onde existe agroindustrialização da mandioca.

A contínua utilização de lenha nativa, como fonte de energia, tem promovido o aumento da pressão sobre o desmatamento dos remanescentes naturais.

A reserva legal obrigatória de 20% de mata nativa não é respeitada, devido os agricultores buscarem a máxima utilização da propriedade, pois acreditam que desta forma terão uma renda condizente com suas necessidades sociais e econômicas.

Instituição de fomento: Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vitória da Conquista e UESB
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Agricultura familiar; Organização Rural; Sustentabilidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006