Os estudos lingüísticos formais, que focalizam às áreas de fonologia, morfologia, sintaxe e semântica, têm sido desenvolvidos, desde o surgimento da proposta gerativa na década de 50, com base em um modelo lingüístico calcado no paradigma simbólico. Essa postura - não falarei aqui em opção – continua a fixar dualidades como competência x desempenho, língua x fala, e mantém distantes as contribuições de outras propostas teóricas classificadas como estudos de uma lingüística não formal. O surgimento da Teoria da Otimidade (Optimality Theory), OT, proposta por Prince & Smolensky (1993) e McCarthy & Prince (1993) traz, no entanto, uma nova possibilidade de reformular conceitos e dualidades já estabelecidas em estudos formais da linguagem, considerando sua abordagem estritamente conexionista (Bonilha, 2004). Em Bernárdez (2004), modelos formais de análise lingüística são questionados por não contemplarem os aspectos dinâmicos e interpessoais da linguagem. Utilizar, no entanto, uma modelagem conexionista da Teoria da Otimidade possibilita viabilizar a incorporação, em um modelo formal, do dinamicismo ignorado, por exemplo, em modelos gerativos.Em acordo com Bernárdez (2004), o estudo científico da linguagem não deve ficar limitado pela insuficiência dos métodos que ou dão conta do que é interno ao sistema, ou dão conta do que é externo. É preciso, pois, encontrar alternativas de análise. Apesar de iniciar com estudos voltados à fonologia, a OT não é uma teoria fonológica, mas uma teoria de análise lingüística. No decorrer desses dez anos, as análises alcançaram outras unidades gramaticais, como a sintaxe, a morfologia e, mais recentemente, e, finalmente, a semântica. Com o presente trabalho, objetiva-se, pois, estender a aplicabilidade da OT ao campo não apenas da semântica, mas de uma semântica discursiva. |
Dessa forma, a divisão - estabelecida durante décadas – entre micro e macrolingüística, competência e desempenho, e língua e fala, não poderá, pois, mais ser sustentada. |