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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: MONTEIRO LOBATO NA SALA DE AULA

Juliana Ceolin Machado 1
Ivete Souza da Silva 1
Andreia Vedoin Cielo 1
Valdo Barcelos 1
(1. Universidade Federal de Santa Maria)
INTRODUÇÃO:

Diante da urgência de reflexão a respeito dos problemas ambientais, é de grande valia, repensarmos as representações que temos sobre meio ambiente e assim, buscar outras alternativas de enfrentamento para essas questões. A Educação Ambiental envolve aspectos sociais, políticos e históricos possibilitando uma visão não só local, mas também, nacional e planetária. As reflexões e discussões em torno das questões ecológicas, também, são preocupação da instituição escolar. A Constituição da República no seu Cap VI, Art 225, parágrafo 1º, Item VI, diz que as questões ambientais devem ser tratadas na escola através da educação ambiental. Mais recentemente, com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a Educação Ambiental, juntamente com outras temáticas emergentes, foi enquadrada como um dos cinco temas transversais capaz de promover situações de reflexão a respeito das nossas representações de mundo. Considerando a literatura como uma das formas de expressarmos nossas representações e como meio para estabelecer um diálogo entre diferentes áreas dos saberes, propomos, através deste projeto de extensão, contribuir com subsídios teóricos e práticos para a formação continuada de professores(as). Além de propor à construção de alternativas de trabalho com educação ambiental no cotidiano da escola através da literatura infantil lobatiana.

METODOLOGIA:

Como forma de aproximação e de diálogo entre os aspectos ambientais e a obra de Monteiro Lobato, tomamos como referencial de análise a Teoria das Representações Sociais de origem moscoviciana. A escolha por Monteiro Lobato deve-se ao fato de que suas obras apresentam uma forte preocupação com as questões ambientais, e possuem caráter interdisciplinar, não ficando restritas apenas a uma disciplina de sala de aula. A preocupação com as questões ambientais, na literatura lobatiana, acontece de maneira sutil e envolvente, quando Monteiro Lobato expõe os problemas existentes na sociedade de sua época. A reflexão sobre as questões ambientais, está presente na relação que Lobato faz entre o mundo real e o mundo da fantasia, pois a literatura lobatiana é composta de personagens que se relacionam com suas crenças, ritos, ciências, mitos e fantasias. Para tornar possível uma maior reflexão sobre as questões ambientais no espaço escolar, propomos encontros com as colaboradoras da pesquisa, os quais denominamos de vivências. Inicialmente realizou-se o estudo dos referenciais teóricos sobre formação de professores, representações sociais, Educação Ambiental e literatura, juntamente com o estudo de vida e obra do escritor Monteiro Lobato. Tendo seguimento com a realização das vivências na Escola João Frederico Savegnago, no município de Silveira Martins-RS, onde atuam as professoras participantes. Também organizamos uma dramatização com base na passagem Memórias de Emília.

RESULTADOS:

Durante o trabalho foram selecionadas, pelas professoras, duas passagens da obra de Monteiro Lobato, são elas: Memórias de Emilia e A Chave do Tamanho. Essas passagens foram analisadas e discutidas, juntamente com as professoras, na busca de alternativas para a construção de trabalho, na sala de aula, com educação ambiental. A partir de dificuldades enfrentadas pelas professoras, foi solicitado, por elas, que realizássemos uma atividade, com os alunos. Atendendo o pedido, organizamos um teatro com base na passagem Memórias de Emilia. Participar deste projeto, motivou as professoras a trabalharem literatura em suas aulas e a procurarem formas diferenciadas para isso, como criar músicas a partir de fragmentos da literatura lobatiana. A motivação das participantes contagiou os alunos, que resolveram resumir um livro sobre a vida do autor. Ao contarem para seus alunos(as) sobre o trabalho com Monteiro Lobato todos se mostraram interessados pois, a leitura é "gostosa". Segundo as professoras a literatura lobatiana mostrou-se rica de possibilidades para seu trabalho em sala de aula, possibilitando ir além das abordagens dos conteúdos de suas disciplinas. Outro fator que chamou nossa atenção foi à relação que as professoras tiveram com a literatura durante sua infância e a maneira como se relacionam hoje em sala de aula.

CONCLUSÕES:

O trabalho desenvolvido apresentou-se como um grande agente motivador de reflexões e inovações no cotidiano escolar. As atividades com a literatura lobatiana, vivenciadas pelas professoras, mobilizaram toda a escola, fazendo com que as práticas pedagógicas fossem refletidas. Dessa maneira, buscou-se uma reflexão sobre as práticas pedagógicas em educação ambiental, em particular. A literatura possibilitou outras leituras de mundo tanto às professoras participantes, como a todo o ambiente escolar. Com isso, tornou-se possível à busca de novas alternativas para a reflexão sobre as questões ambientais no cotidiano escolar, a partir da ressignificação das representações de mundo construídas pelas professoras, discutindo,interpretando e ressignificando-as além das representações naturalistas. Este projeto apresentou-se como um grande incentivador da literatura em geral e da literatura lobatiana, em particular, nas atividades pedagógicas cotidianas do ensino fundamental, bem como para a inclusão da Educação Ambiental nas práticas educativas das docentes.

Instituição de fomento: PIBIC-CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Formação; Educação Ambiental; Literatura.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006