IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
MEIO AMBIENTE URBANO, QUALIDADE DE VIDA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO CARBONÍFERA CATARINENSE: O CASO DA LOCALIDADE DE SÃO SEBASTIÃO E BAIRRO PARAÍSO - MUNICÍPIO DE CRICIÚMA
Angelita Schütz dos Santos 1
(1. Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC)
INTRODUÇÃO:

Criciúma é conhecida como a Capital Brasileira do Carvão. Seu processo de desenvolvimento trouxe, historicamente, muitos problemas de ordem socioambientais e de urbanização desordenados, fatos que interferem diretamente na qualidade de vida da população. Estes agravantes são mais percebidos nos bairros  que habitam próximos as atividades de mineração. Nesse sentido, vale citar os casos dos bairros Paraíso e São Sebastião, objeto de estudo e análise da referida pesquisa. Para isso algumas questões podem ser enfatizadas: No processo de desenvolvimento urbano do município de Criciúma, em que contextos emergem os bairros São Sebastião e Paraíso? Como os moradores relacionam os problemas socioambientais e a qualidade de vida com o local onde residem? Quais as sugestões que poderiam ser colocadas, considerando as possibilidades de um planejamento urbano baseado no desenvolvimento sustentável?

OBJETIVOS:

- Resgatar, descrever e analisar o processo e o contexto de urbanização dos bairros São Sebastião e Paraíso.

- Identificar os principais problemas socioambientais nos bairros em estudo e elementos que contribuam para a estrutura de um banco de dados sobre a degradação ambiental e problemas socioambientais inerentes à atividade de mineração no sul de Santa Catarina.

- Avaliar a qualidade de vida dos habitantes dos bairros em estudo.

- Avaliar, a partir da pesquisa e da ótica dos moradores, as possibilidades de um planejamento baseado no enfoque do desenvolvimento sustentável.

 

METODOLOGIA:

A pesquisa de campo constitui-se numa amostra de residências  dos bairros em estudo. As populações alvo da pesquisa foram os moradores locais. Onde a metodologia utilizada foi a análise da formação espaço-temporal através de interpretações das imagens áreas; elaboração de mapas temáticos com categorias de uso e ocupação do solo; uso de técnicas de análise social (entrevistas, questionários, observação participante, entre outras) e pesquisa bibliográfica e documental. Através deste procedimento metodológico foi possível, então: a) entender o processo de uso e ocupação urbana das unidades de estudo, no contexto do desenvolvimento urbano do município de Criciúma; b) entender a realidade vivida pelas pessoas que ocupam e residem nessas áreas degradadas pela mineração de carvão; c) obter subsídios para análises mais consistentes quanto à qualidade de vida e a questão urbana no município, notadamente em relação aos ambientes alterados pela atividade de mineração; e d) coletar elementos que possibilitem sugestões de um planejamento urbano para os bairros em estudo, baseado no desenvolvimento sustentável.

 

RESULTADOS:

Através da sistematização e análise de dados foi possível identificar que: As comunidades em estudo identificam como carência no município de Criciúma a falta de segurança e saúde; alegam que o ambiente onde moram não afeta o seu bem estar e são enfáticos quando apontam que possuem qualidade de vida morando nos bairros em estudo; como principais causadores de problemas socioambientais da área, no caso do bairro São Sebastião, citam a pirita, esgoto e fumaça da olaria, já no bairro Paraíso elencam a poluição do rio, esgoto, lixo e enchente; e declaram em ambos os casos a situação como grave; quanto a medidas mitigadoras citam: maior quantidade de aterro para cobrir os rejeitos e construção de áreas verdes; afirmam que costumam reivindicar do Poder Público soluções para os problemas, mas,  na maioria das vezes, são ineficazes; identificam lixo como sujeira ou coisa que não se utiliza mais; e ainda, nos bairros em estudo 50% das residências possuem moradores com  problemas de saúde. Quanto aos motivos que remetem para o fato de continuarem residindo no mesmo bairro, a pesquisa verificou o interesse da população pelo sentimento de ligação pessoal ao espaço físico, além do valor econômico, já que os domicílios na sua maioria são autoconstruções, isto vem representar uma referência na trajetória da vida de cada um, da sua família e grupo de relações. Citam os fatores como sendo: raiz, amizade, carinho pela área, bem como propriedade do imóvel.

CONCLUSÕES:

A pesquisa ressalta a desigualdade social nos dois bairros em estudo, a realidade socioambiental de um contingente populacional que está caracterizada pela dimensão da exclusão, dos problemas, dos riscos, da falta de informação e dos canais de participação. Também mostra o nível de precariedade, que está relacionado principalmente ás condições de acesso/não acesso aos serviços públicos e aos riscos ambientais decorrentes do fato de habitarem em bairros precariamente urbanizados.A possibilidade de ter maior acesso à informação, pode promover as mudanças comportamentais necessárias para possibilitar uma atuação mais orientada para o interesse geral.Embora exista a percepção dos problemas ambientais, observa-se que, geralmente, os moradores aceitam a convivência com esses agravos assumindo freqüentemente uma atitude passiva em face da existência do problema. Constata ainda a ausência e/ou precariedade da ação do município na proteção/prevenção de agravos na questão ambiental, a qual, por não assegurar um nível “adequado” de condições de vida, gera impactos profundos no cotidiano das famílias e em suas práticas. Isto configura uma certa dinâmica de enfrentamento/convivência com os problemas ambientais em virtude das suas limitações socioeconômicas. Esta abordagem enfatiza a necessidade de conhecer e identificar as percepções e práticas da população face aos principais problemas, isto é, a natureza das dificuldades enfrentadas, principalmente pela população de baixa renda.

Instituição de fomento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Meio Ambiente Urbano; Qualidade de Vida; Desenvolvimento Sustentável.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006