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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

FUNÇÃO MUSCULAR DO ASSOALHO PÉLVICO DE HOMENS INCONTINENTES PROSTATECTOMIZADOS SUBMETIDOS A TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Gesilani Júlia da Silva Honório 1
Soraia Cristina Tonon 1
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:

            A Urologia mundial tem se preocupado de forma intensa no que diz respeito às patologias urológicas, entre estas, de maneira especial, a incontinência urinária. A incontinência urinária após prostatectomia radical continua sendo uma complicação importante, apesar da melhor compreensão da anatomia pélvica e da melhora das técnicas cirúrgicas. Assim, a incontinência urinária pós-prostatectomia é um importante assunto na prática da Urologia, solicitando esforços em prevenção, diagnóstico e tratamento. Há diferentes formas de tratamento para os pacientes com incontinência urinária, desde os conservadores aos cirúrgicos. É no primeiro tipo que entra a ação fisioterapêutica, com técnicas específicas que atuam na região perineal, fortalecendo-a e estimulando-a para o treinamento vesical. O trabalho da função muscular é de especial importância, pois o controle muscular e o auxílio desta estrutura trazem benefícios em relação à incontinência urinária. Desta forma, avaliar a função muscular antes e depois da atuação fisioterapêutica pode demonstrar as qualidades adquiridas pelo trabalho da reabilitação. Assim, o intuito deste trabalho é evidenciar a função muscular de pacientes incontinentes submetidos à prostatectomia radical, antes e após atuação fisioterapêutica.  

METODOLOGIA:

       O estudo teve como participantes treze indivíduos com incontinência urinária após cirurgia de prostatectomia radical, com média de idade de 68,6 (± 6,8) anos. Foram descartados pacientes que apresentaram complicações durante o ato cirúrgico. Toque retal ou do centro tendíneo do períneo – CTP – (caso o paciente não permitisse a verificação interna ou apresentasse alterações ano-retais) foi realizado para caracterizar a função da musculatura do assoalho, sendo desta forma classificados de acordo com a especificação da contração: Toque interno = Grau 0 - Contração ausente; Grau I - Reconhecível como tremor; Grau II - Reconhecível, sem amplitude completa; Grau III – Reconhecível, amplitude completa, sem resistência; Grau IV – Amplitude completa com contração contra resistência por tempo < que 5s; Grau V – Amplitude completa com contração contra resistência por tempo > que 5s / Toque externo = Contração ausente; Contração demonstrável sem sustentação; Contração demonstrável com sustentação de até 5s; Contração demonstrável por mais de 5s. A intensidade de incontinência foi obtida a partir do relato do paciente. Após avaliação do caso, foi aplicado um protocolo de atendimento que foi baseado em terapia comportamental, cinesioterapia e eletroestimulação, sendo que este protocolo foi adequado para a característica da incontinência de cada paciente. Para a análise da avaliação inicial e para a reavaliação foi utilizada estatística descritiva por valores de média (X), desvio padrão (SD) e freqüência simples.     

RESULTADOS:

            A condição mais freqüente foi a incontinência contínua (IUC), depois a perda aos médios esforços (IUE – médios) - 5 pacientes. Um paciente apresentou incontinência aos grandes esforços (IUE – grandes) e outro perda de urina após esforços.

            O padrão de contração encontrado com mais freqüência para os pacientes que realizaram exame externo foi a contração demonstrável sem sustentação – 4 pacientes. Em um a contração não foi demonstrada. Para os pacientes que realizaram exame interno, observou-se que 3 pacientes apresentaram grau III e em 3 grau IV. Identificando-se tipo de função muscular e forma de incontinência, para os pacientes que realizaram exame externo, nos que apresentavam incontinência contínua foi identificado nível mais baixo de função. O paciente com forma mais leve de incontinência apresentou o melhor grau. Para os que realizaram toque interno, todos os grupos de manifestações da incontinência apresentaram um paciente com grau IV de contração.

            Ao fim do tratamento, notou-se que 5 pacientes não apresentavam perdas urinárias e 5 IUE - leves. Um paciente apresentou IUE – médios, antes apresentando IUC, e outros dois mantiveram IUC. Os pacientes que realizaram exame funcional externo apresentaram como condição os dois níveis mais elevados de funcionalidade. Também houve melhora do padrão de função muscular dos pacientes que realizaram exame interno, onde os níveis alcançados foram grau IV e V. Realizando relação entre condição final da perda e o modo de contração identificado, notou-se que o grupo que apresentava IUE – extremos identificou maior funcionalidade. Nos pacientes que realizaram exame interno, o nível mais elevado de função muscular foi atribuído aos pacientes que não apresentavam perdas.

CONCLUSÕES:

            O trabalho fisioterapêutico representou aprimoramento na condição muscular dos pacientes, onde no início do tratamento apresentavam níveis funcionais inferiores aos encontrados no final. Todos os pacientes apresentaram melhora da função muscular.

Com os resultados demonstrados por este estudo, indica-se uma melhora do grau de incontinência, com eficiência do trabalho conservador. A sintomatologia do paciente foi modificada, onde na maioria dos casos expostos, houve uma melhora da intensidade da perda de urina. O nível de contração muscular também foi modificado, com melhores índices ao final do tratamento, o que pode indicar uma melhor percepção da ação desta musculatura, com uma ação diferenciada e aprimorada desta.

 
Palavras-chave: Incontinência urinária; prostatectomia; função muscular .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006