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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo

EFEITO DA ADUBAÇÃO RESIDUAL DE LODO DE ESGOTO NA PRODUTIVIDADE DE MILHO E DE FEIJÃO CONSORCIADOS

Thiago Assis Rodrigues Nogueira  1
Regynaldo Arruda Sampaio 2
Cleidson Soares Ferreira 3
Ivana Machado Fonseca 4
(1. Departamento de Tecnologia. FCAV/UNESP - Jaboticabal, SP. ; 2. Setor de Fitotecnia. NCA/UFMG - Montes Claros, MG.; 3. Departamento de Entomologia. UFLA - Lavras, MG.; 4. Departamento de Solos e Adubos. FCAV/UNESP - Jaboticabal, SP.)
INTRODUÇÃO:

A crescente população dos centros urbanos é importante produtora de diversos resíduos, os quais, muitas vezes, são acumulados no ambiente sem o adequado tratamento, ou utilização, que possibilite sua reciclagem. Dentre esses resíduos, pode-se destacar o lodo de esgoto, resultante do tratamento das águas servidas, que apresenta potencialidade para utilização agrícola. Este resíduo contém considerável percentual de matéria orgânica e de elementos essenciais para as plantas, podendo substituir, ainda que parcialmente, os fertilizantes minerais, podendo desempenhar importante papel na produção agrícola. A reciclagem agrícola do lodo de esgoto destaca-se, tanto como forma de reduzir a pressão sobre a exploração dos recursos naturais, como por evitar opções de destino final que envolvem custos mais elevados e com maior impacto no meio ambiente e na população. Desta forma, a reciclagem via utilização agronômica por meio da aplicação do lodo de esgoto no solo apresenta-se como uma tendência mundial. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produtividade de milho crioulo CAA (Zea mays L.) e feijão trepador (Vigna unguiculat (L.) Walp) consorciados, cultivados em solo contendo resíduos de adubação com lodo de esgoto.

METODOLOGIA:

O experimento foi realizado na área experimental do NCA/UFMG, em CAMBISSOLO HÁPLICO, utilizando-se o milho crioulo CAA (Zea mays L.) e feijão trepador (Vigna unguiculata (L.) Walp) consorciados. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com 11 tratamentos e 3 repetições. Os tratamentos foram: (T1) solo sem adubação; (T2) 3,65 t/ha de calcário dolomítico + 575 kg/ha de sulfato de amônio + 66,7 kg/ha de cloreto de potássio + 500 kg/ha de superfosfato simples; (T3) 16,7 t/ha de lodo de esgoto não higienizado; (T4) 13,8 t/ha de lodo de esgoto tratado com nim; (T5) 33,2 t/ha de lodo de esgoto tratado com cal virgem; (T6) 28,1 t/ha de composto orgânico de lodo de esgoto e de Ipomoea carnea ssp. fistulosa; (T7) 30,6 t/ha de composto orgânico de lodo de esgoto e de Ipomoea, com adição no composto de fosfato natural; (T8) 14,1 t/ha de lodo de esgoto não higienizado + 200 kg/ha de fosfato natural no solo; (T9) 13,1 t/ha de lodo de esgoto tratado com nim + 200 kg/ha de fosfato natural no solo; (T10) 31,8 t/ha de lodo de esgoto tratado com cal virgem + 200 kg/ha de fosfato natural no solo; (T11) 24,8 t/ha de composto orgânico de lodo de esgoto e de Ipomoea + 200 kg/ha de fosfato natural no solo. Analisou-se o nº de vagens/planta de feijão, n° grãos/vagem de feijão, nº de grãos/planta de feijão, massa de 100 grãos de feijão, produtividade de feijão, nº de espigas/planta de milho, n° grãos de milho/espiga, massa de 100 grãos de milho, produtividade do milho (t/ha).

RESULTADOS:

No presente trabalho, as doses de lodo de esgoto, sob diferentes formas, variaram de 13,8 a 33,2 t/ha em base seca, sendo estas quantidades função do nitrogênio disponível para as plantas. Os dados encontrados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas até 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Considerando as médias do cultivo, não foram constatadas diferenças significativas em relação ao número de vagens por planta de feijão, número de grãos por vagem de feijão, produtividade do feijão, número de espigas por planta de milho, número de grãos por espiga de milho, massa de 100 grãos e produtividade do milho. As produtividades médias do milho e do feijão foram da ordem de 1,75 t/ha e 310 kg/ha, respectivamente.

CONCLUSÕES:

As variedades de milho crioulo e de feijão trepador cultivadas em consórcio, em solo de média fertilidade, não foram influenciadas pelos resíduos de adubação química convencional e de diferentes formas de lodo de esgoto. Neste aspecto, as mudanças observadas nas características químicas do solo não foram suficientes para influenciar a produtividade das culturas. A não diferença estatística para produtividade do milho e do feijão pode ser atribuída a um nível razoável de fertilidade já existente no solo, em razão de cultivos anteriores, e a menor exigência das variedades utilizadas, que consistem em variedades crioulas cultivadas por pequenos agricultores, as quais praticamente não aportam insumos para os seus cultivos. A macrófita Ipomoea misturada ao lodo de esgoto apresentou bons resultados na produção de composto orgânico, constituindo-se em uma importante fonte de adubo para uso agrícola. Quanto às produtividades médias do milho e do feijão, estas foram compatíveis com as médias de produtividades de variedades locais.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Adubo orgânico; Compostagem; Reciclagem de resíduos urbanos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006