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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia

A CAMINHO DA LINGUAGEM

Paula Roberta de Castro 1
Hiury Duarte Correia 1
Gonçalo Armijos Palácios 2
(1. Alunos do Departamento de Filosofia, Universidade Federal de Goiás / DF - UFG; 2. Prof. Dr. da Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia / FCHF - UFG)
INTRODUÇÃO:

             Nosso objetivo foi o de responder à questão da linguagem em Martin Heidegger, procurando encontrar a ocorrência ou não de uma unidade possível nos vários momentos e diversos níveis onde a problemática é tratada em algumas de suas obras. Tentamos especificar concretamente se há unidade entre ser, linguagem e poesia.

            Investigamos a posição de Heidegger no ponto em que ele enaltece a linguagem enquanto poesia. Nossa perspectiva se concentrou onde há a união entre o pensamento e a poesia na medida em que o pensador e o poeta possuem o mistério da palavra. Buscamos no conjunto dos estudos feitos das obras de Heidegger, como a poesia pode dar acesso a uma privilegiada presença do ser.

METODOLOGIA:

Nossa primeira preocupação esteve centrada em identificar o tema da linguagem na obra Ser e Tempo, em que tal temática não era central. A partir disso, relacioná-lo com outro momento da vida de Heidegger, utilizando como fonte sua obra A caminho da linguagem.

Analisamos os aspectos introdutórios de A caminho da linguagem, especificamente do capítulo primeiro A linguagem. Em Ser e Tempo utilizamos como fonte, principalmente, trechos do capítulo quinto. A partir disso, foram realizados relatórios e discussões que nos ajudaram a compreender a base formada por Heidegger para introduzir o tema da poesia.

RESULTADOS:

Heidegger não pretende definir um conceito sobre a essência da linguagem, não quer discutir apenas algum aspecto ou outro dela, nem oferecer uma concepção de linguagem que satisfaça uma representação a ser usada por toda parte. Seu intuito não é conduzir a linguagem ao fazer tal colocação, mas conduzir nós mesmos para o lugar da essência da linguagem, do seu modo de ser. Ele quer penetrar na fala da linguagem, para chegar à sua morada. Ele não quer esclarecer outras coisas por meio da linguagem, mas fundamentá-la com base nela mesma.

É a partir da fala da linguagem que Heidegger pretende acessar a linguagem por ela mesma. O pronunciamento do discurso é o meio pelo qual expressamos a fala. O discurso tem a função constitutiva da existência do Dasein. Isso é nitidamente observado na ocorrência da escuta e do silêncio, intrínsecos à linguagem discursiva. O escutar é linguagem porque o discurso fala em nós. Para escutar é preciso silenciar-se. A linguagem fala como ressoar do silêncio, que por sua vez, carrega em si o mundo.

Na busca pela fala da linguagem, Heidegger nos atenta que, para isso, seja escolhido um dizer genuíno, inaugural. Ele está preocupado em determinar a essência da poesia e a eleva dizendo que ela é o acontecimento fundamental do Ser que se manifesta em palavra. Heidegger propõe que o primado na poesia é do Ser e não do poeta, porque para ele, neste caso, não é o poeta que tem a linguagem, mas é a linguagem que o tem.

CONCLUSÕES:

A linguagem é de modo essencial fala. Esta não pode ser subsumida a uma concepção subjetiva, pois, segundo Heidegger, não é o homem que fala, mas a linguagem. Portanto, a linguagem não é algo que o homem expressa, pois ele está nela e é falado na linguagem. A linguagem, nesse caso, guarda uma relação de anterioridade ao falante. É devido ao fato de que a linguagem fala que o homem é capaz de falar. Mas, o que é esse falar da linguagem? Segundo Heidegger, é possível mostrar isso lançando um olhar para a experiência da linguagem na poesia.

O poeta possui uma sensibilidade aberta para o mundo tocá-lo, ele deixa as coisas serem elas mesmas quando emite sua fala. Contudo, não é uma mera observação impessoal, o poeta participa ativamente. Mas, ele não se impõe sobre o mundo, não cria “teorias” a respeito do mundo. Na poesia o ser não se define, ele se mostra. Muitas vezes não há explicação clara na poesia justamente porque ela as mostra, nesse mostrar das coisas também é exibida a obscuridade própria delas. Na poesia as coisas não são reduzidas aos conceitos, elas não têm de se encaixarem nas representações feitas pelo homem.

Poesia e filosofia, apesar de serem atividades diferentes, adquirem uma significação mais totalizadora, na visão de Heidegger, por serem realizações que apontam para um núcleo único: da verdade e do Ser.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Linguagem; Poesia; Ser.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006