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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
PERFIL DA NEUROPATIA DIABÉTICA NO AMBULATÓRIO DE ENDOCRINOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY/UFPB
Wilson Eduardo Cavalcante Chagas 1
Cecília de Oliveira Maia 1
Inês de Oliveira Maia 1
Renata Rolim de Sousa 1
Rodrigo Carneiro Martiniano 1
Cristine Hirsch Monteiro 2
(1. Graduando(a) do curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba / UFPB; 2. Professora Doutora Adjunto do Departamento de Fisiologia e Patologia / UFPB)
INTRODUÇÃO:
O diabete melito (DM) é uma doença crônica de grande importância mundial, constituindo a terceira causa de morte por doença nos Estados Unidos. No Brasil, estima-se que existam cinco milhões de indivíduos diabéticos, dos quais a metade desconhece o diagnóstico. Esta doença é caracterizada pela hiperglicemia decorrente de defeitos na secreção de insulina, no mecanismo de ação deste hormônio ou de ambos. O DM pode cursar com complicações agudas ou crônicas. Entre as crônicas, encontramos a neuropatia como sendo a complicação tardia mais freqüente. Esta constitui-se num grupo de transtornos dos nervos sensitivos, motores e autonômicos decorrentes de eventos de natureza metabólica, vascular ou auto-imune, além de deficiências neuro-hormonais ou de fatores de crescimento. Entretanto, a hiperglicemia persistente é o fator causal primário mais importante no desenvolvimento da neuropatia diabética (ND) que compromete gravemente a qualidade de vida do diabético devendo por isso ser evitada. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo determinar a prevalência da neuropatia, assim como dos seus principais sintomas, nos pacientes diabéticos do Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB (HULW) a fim de traçar o perfil da ND e daí avaliar a real necessidade de serem adotadas medidas para preveni-la, além de alertar os profissionais e a comunidade científica para a importância desta complicação da DM.
METODOLOGIA:
O universo foi composto por 317 pacientes diabéticos, com idade acima de 18 anos, atendidos no ambulatório de endocrinologia do HULW no período de novembro a dezembro de 2003. Os dados foram coletados utilizando abordagem indutiva por documentação indireta através da análise de uma amostra aleatória de 200 prontuários registrados pelo serviço no período citado. Seguindo protocolo específico de coleta, foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, idade, tipo de diabete (1 ou 2), duração da doença, tipo de neuropatia (polineuropatia, mononeuropatia e neuropatia autonômica) e principais sinais e sintomas relacionados à doença (parestesia, sensação de queimação, articulação de Charcot, atrofia muscular, sudorese anormal, náuseas, vômitos, disfunção erétil, diarréia, diplopia e dor periorbitária). Os dados foram analisados através de procedimento descritivo e estatístico.
RESULTADOS:
Após análise dos dados, foi identificado que a neuropatia diabética esteve presente em 93 pacientes (46,5%) na faixa etária compreendida entre 30 e 85 anos (média ponderada de 57,5 anos). A prevalência desta complicação não apresentou diferença entre os sexos, mas o seu comportamento entre os pacientes com DM tipo 1 e tipo 2 apresentou-se com freqüências de 22,2% e 50,3%, respectivamente. Em relação aos sintomas, sinais clínicos compatíveis com polineuropatia ocorreram em 88,2% dos portadores de ND, sendo a parestesia o sintoma mais prevalente (85,0%). A clínica característica da neuropatia autonômica esteve presente em 32,3% dos diabéticos neuropatas, tendo como sintoma mais freqüente a sudorese anormal (17,2%). Além disso, a mononeuropatia foi evidenciada em apenas 2,2% dos pacientes, sendo a diplopia e a dor periorbitária os sintomas mais prevalentes, correspondendo cada um deles com 1,1% dos casos. A história de DM teve duração média de 9,4 ± 5,96 anos entre os neuropatas e de 7,1 ± 6,7 anos nos não-neuropatas.
CONCLUSÕES:
A neuropatia se mostrou uma complicação prevalente (46,5%) entre os pacientes portadores de DM atendidos no ambulatório de endocrinologia do HULW da UFPB. Além disso, confirmou-se como uma complicação tardia (mais de 9 anos de diabete) e com maior prevalência entre os pacientes com DM tipo 2. As manifestações mais comuns da ND foram aquelas decorrentes da polineuropatia (88,2%) e a freqüência da neuropatia diabética entre os gêneros masculino e feminino foi semelhante, fato este compatível com o encontrado na literatura. Estes dados demonstraram a importância do controle da glicemia entre pacientes diabéticos visando evitar as conseqüências danosas da neuropatia, que podem levar a uma diminuição da qualidade de vida dos pacientes, prejudicando o desempenho de suas funções vitais.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Neuropatias diabéticas; Diabetes mellitus; Epidemiologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006