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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 7. Serviço Social
Serviço Social: Identidade na Multi/InterdisciplinariDAdE
Divanir Eulália Naréssi Munhoz 1
Lúcia Helena Barros do Valle 2
Maria Fátima Balestrin 3
(1. Depto. S.Social e Mestrado Interdisc. CSAplicadas- Univ. Est. P.Grossa-PrUEPG/Dra. em Serv Social-PUC-SP; 2. Depto. S.Social e Conselho Universitário- Univ. Est. P.Grossa-Paraná - UEPG/Dra. em Educação -PUC-SP; 3. Mestrado Interdisc. CSociais Aplicadas- Univ. Est. P.Grossa-Paraná - UEPG/Mestranda C.S Aplicadas -Interdisc.)
INTRODUÇÃO:
O presente estudo deriva da preocupação com o cotidiano do assistente social nas mais variadas frentes de trabalho, quando ele enfrenta relações com profissionais de diferentes áreas e quando a qualidade dessas relações é expressivo determinante para o alcance de resultados frente às questões que exigem sua intervenção em distintos níveis. Seu objetivo foi analisar os desafios decorrentes do enfrentamento, pelo profissional de Serviço Social, de culturas profissionais diversas, para um trabalho interdisciplinar frente a propósitos comuns, o que implicou, necessariamente, analisar concepções de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade. Multidisciplinaridade pode ser expressa pela relação pacífica de diferentes profissionais, num mesmo ambiente de trabalho, porém, não necessariamente dispostos ao intercâmbio. Interdisciplinaridade, no entanto, implica relação entre sujeitos, reciprocidade de intercâmbios, discussão, trocas, complementações, conhecer o outro na sua alteridade, respeito pela visão de mundo do outro, intensidade de trocas entre especialistas, disciplinas, profissões; ampliação da consciência crítica do conjunto. A relevância do estudo está na ultrapassagem da discussão do tema no campo da teoria, onde em princípio a interdisciplinaridade é perfeitamente possível, para sua análise na realidade da prática através da relação entre sujeitos concretos, enfrentando problemas também concretos com diferentes perspectivas de análise da realidade e de ação sobre ela.
METODOLOGIA:
Estudo de natureza qualitativa, que se desenvolveu com profissionais de Serviço Social atuantes em diferentes campos e em duas cidades do Estado do Paraná e necessariamente com assistentes sociais que desempenhassem suas funções em ambientes de trabalho onde se fazem presentes profissionais de outras áreas do conhecimento. A perspectiva de investigação e análise da realidade foi a que entende os fenômenos segundo a lógica da contradição, como síntese de múltiplas determinações e como parte de diferentes níveis de totalidade. O instrumento principal utilizado foi o questionário semi-estruturado, usado também para pesquisa de outros aspectos do cotidiano profissional da categoria, sendo que entrevistas constituíram recurso complementar para esclarecer e aprofundar registros constantes das respostas ao questionário. Uma revisão bibliográfica sobre interdisciplinaridade fundamentou a análise desse particular aspecto -a experiência interdisciplinar dos sujeitos pesquisados-, análise essa também significativamente subsidiada pela experiência das pesquisadoras no tratamento do tema em dois programas de pós-graduação stricto sensu de caráter interdisciplinar. Essa revisão de literatura e essa experiência constituíram seguro ancoradouro para a análise dos dados levantados pela pesquisa empírica e para a conseqüente identificação dos aspectos axiais do que foi identificado, aspectos esses registrados nos itens Resultados e Conclusões.
RESULTADOS:
De modo geral se verifica nos ambientes de trabalho dos assistentes sociais pesquisados mais uma convivência multidisciplinar do que interdisciplinar, principalmente porque as distintas profissões possuem, cada uma delas, uma cultura própria, e uma conseqüente propensão muito maior para o etnocentrismo do que para a interdisciplinaridade. Via de regra os profissionais de áreas diversas não aprendem a se enriquecer mutuamente pelas diferenças, nem se habilitam no enfrentamento das questões como problemática a ser analisada conjunturalmente e conjuntamente por diferentes profissionais. E tanto em decorrência da própria divisão social do trabalho, quanto pela concepção do universo de profissões como uma soma de partes cuja função é dar conta de segmentos específicos e aparentemente isolados da vida do homem na sociedade, as instituições também cobram especificidade e valorizam o profissional pela especificidade. No entanto, os sujeitos pesquisados evidenciam que o assistente social é um profissional com capacidade de identificar os nexos entre as partes que constituem as diferentes situações que configuram o cotidiano do usuário, e de, conseqüentemente, contribuir para uma ação interdisciplinar frente a elas. Também testemunham diversos avanços de relações multi para interdisciplinares, a partir de iniciativas do Serviço Social para discussões conjuntas sobre questões presentes no universo comum de trabalho, e o conseqüente reconhecimento conquistado a partir dessas iniciativas.
CONCLUSÕES:
a)-O assistente social reconhece que tem competência para suscitar um trabalho conjunto com profissionais de outras áreas. b)-E ele se presta para enfrentamento do genérico não por lhe faltar especificidade, mas pela visão ampla que sua formação profissional lhe confere. c)-A "resistência" ao reconhecimento do trabalho do assistente social tem como uma das causas significativas o desconhecimento desse trabalho, porque à medida em que ele vai sendo conhecido abrem-se possibilidades para ser aceito e, conseqüentemente, solicitado. É preciso, então, que os profissionais atentem para a qualidade do diálogo interdisciplinar, em que os interlocutores possam considerar-se em sua condição mútua de alteridades. d)-Tendo em vista que as relações de trabalho -entre diferentes profissionais- se verificam na dinâmica do cotidiano, que é a dinâmica da história, do imprevisível e do imprevisto, é de se esperar diversidade de reações frente a situações diversas. Cursos de graduação com distintos conteúdos curriculares, diferentes naturezas dos veios teóricos privilegiados nesses cursos, cosmovisão de cada sujeito singular, isso tudo faz com que cada profissional seja, para o outro, tanto um grande desconhecido como um enorme campo de possibilidades e, conseqüentemente, de contradições; daí que as relações de trabalho com esses outros profissionais não podem ser enquadradas dentro de rótulos alternativos de positivas/negativas, satisfatórias/insatisfatórias, respeitosas/desrespeitosas, etc.
 
Palavras-chave: Serviço Social e Ação Interdisciplinar ; Culturas Profissionais ; Identidade na Interdisciplinaridade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006