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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
O COMPLEXO CIENTÍFICO DOS CIENTISTAS
Glaciane Garcia Ferreira 1
Sérgio Choiti Yamazaki 1
Regiani Magalhães de Oliveira 2
Márcia Cristina Schneider 2
Katiane Carvalho da Matta  1
Priscila de Melo Genário 1
(1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul / UEMS; 2. Escola Estadual Presidente Vargas / EEPV)
INTRODUÇÃO:
O que leva um cientista a tanta dedicação para descoberta de novos paradigmas? Quais são suas motivações? É inerente à sua personalidade ou contextos apropriados o incentivam? A história tem nos mostrado que respostas a algumas questões mudam de geração em geração, acompanhando mudanças sociais, políticas e conseqüentemente, mudanças nos interesses educacionais. Contudo, preocupado em fundamentar uma estratégia de ensino futura e acreditando no poder da história da ciência, a grande questão que nos levou a este projeto foi: será que existiu algo em comum entre os “desejos” de famosos cientistas? Tentando responder a esta pergunta, usamos o conceito de Complexo Científico. O termo Complexo Científico foi definido em Yamazaki (1998) e em Yamazaki & Yamazaki (2004) como o conjunto de conhecimentos conscientes e inconscientes de um indivíduo, que gera através de uma pulsão (no sentido freudiano) ou através de manifestação de arquétipos (no sentido junguiano), respostas científicas a quaisquer questionamentos. As respostas são em tese carregadas de energia libidinosa (Freud) ou de energia que sustenta uma herança genética da humanidade (Jung) e são, portanto, difíceis de serem controladas. Neste trabalho, procuramos verificar se o Complexo Científico, tal como definido acima, teve significativa influência nas construções científicas de pesquisadores conhecidos e registrados na história da ciência.
METODOLOGIA:
Nosso Grupo de Pesquisa é composto por seis pessoas. Nesta investigação, os pesquisadores trabalharam na coleta de informações de cientistas previamente selecionados. Em reuniões semanais analisamos a influência ou não de Complexos Científicos em cada cientista separadamente. Em cada reunião, um pesquisador ministrava um seminário sobre as informações coletadas na última semana; após sua exposição, o grupo discutia o conteúdo do ponto de vista de verificação de existência de Complexos Científicos na vida do cientista apresentado. Dois referenciais teóricos foram usados para nossa fundamentação: a epistemologia e fenomenologia de Gaston Bachelard e a psicanálise freudiana. Esses referenciais foram usados também nos trabalhos citados acima (Yamazaki, 1998 e Yamazaki & Yamazaki, 2004). Apresentaremos, no próximo item, nossas análises.
RESULTADOS:
As análises parecem apontar, em alguns casos, para a criação de um Complexo Científico movido por fatores pessoais (por exemplo, professores e livros); em outros o Complexo Científico era inerente ao contexto de vida do cientista (grande influência da família); por último e, mais interessante, é o caso em que parece haver falta de um contexto apropriado à motivação quando, muito pelo contrário, as condições sociais e econômicas parecem tentar barrar a evolução de um clima de estudos científicos. Contudo, nestes casos, talvez possamos nos referir ao conceito através do qual a Psicanálise traduziu como o “Mecanismo de Defesa que deu certo”: a Sublimação. Esses cientistas parecem ter encontrado no estudo da ciência, o refúgio e o sentido das faltas que tiveram durante a vida. Muitas vezes, através de uma obsessão pela “melhor” descoberta, cientistas entraram em conflito, o que iria garantir, ainda mais, energia para o trabalho. Em todos estes casos, há indícios de forte influência afetiva e que pode tornar a construção da ciência, uma construção objetiva movida por laços subjetivos. Abaixo apresentamos os resultados na forma quantitativa: Motivação ligada a Fatores Pessoais: 25% Motivação inerente ao contexto de vida: 50% Falta de um contexto apropriado à motivação: 25%
CONCLUSÕES:
Nos casos analisados, há indícios de forte influência afetiva e que pode tornar a construção da ciência, uma construção objetiva movida por laços subjetivos. É fato que nos últimos anos, muitos autores têm trabalhado um discurso em cuja tese, a motivação, mais do que nunca hoje, é interna; cognitivo fortemente influenciado pelo afetivo. Entretanto, motivações externas (que incluem “fatores pessoais” mais “contexto de vida”), são significativamente influentes em 75% dos casos; inferimos que é, portanto, fator de relevância central para que anseios taxativamente subjetivos sejam instigados para o desenvolvimento afetivo-cognitivo final. O Complexo Científico apresenta-se como grande motivador da energia interna, o sedutor que dará ao educando, a energia na dose correta para aprendizagem, para além das fronteiras escolares. Nossos resultados podem ser resumidos da seguinte forma: - Alguns cientistas tiveram Complexos Científicos em fatos isolados; outros o desenvolveram através de Sublimação de angústias que o contexto de vida provocava. Ambos tiveram motivação a partir de fatores externos – Complexo Científico no primeiro caso e Anti-Complexo no segundo que levou à sublimação. - Professores podem usar os casos isolados de Complexo Científico, de forma analógica, para tentar promover motivação. Para os casos em que há conflitos familiares, a sublimação pode vir através do professor, ao mostrar que “na escola também há coisas interessantes” (VILLANI, et al., 1997).
Instituição de fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
 
Palavras-chave: Complexo Científico; Motivação; Sublimação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006