O histórico da ocupação da região do município de Sete Lagoas, Minas Gerais, remonta ao século XVII, durante a febre do ouro, quando as terras são desbravadas pelo empenho dos bandeirantes. No entanto, a criação do município de Sete Lagoas ocorre no século XIX, aproximadamente duzentos anos após a primeira ocupação, no dia 24 de novembro de 1867. O estudo em questão tem como finalidade resgatar a história econômica do município de Sete Lagoas, buscando identificar os meios através dos quais a sociedade setelagoana desenvolveu mecanismos de sustentação sócio-econômica. O trabalho está sendo realizado por etapas, respeitando a importância cronológica dos setores que impactaram economicamente no município de Sete Lagoas. A partir da identificação e da análise dos elementos que impulsionaram o desenvolvimento local, este trabalho contribui substancialmente para o planejamento econômico do município, além de disponibilizar para a sociedade setelagoana o conhecimento memorável de como ocorreu o processo de urbanização e industrialização do município, que culminou no desenvolvimento econômico da cidade. Este resumo está organizado em quatro seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção, apresenta-se a metodologia onde estão expostos o referencial utilizado e os instrumentos de pesquisa empregados. Em seguida, analisa-se o início do processo de desenvolvimento local, e, por fim, são apresentadas as principais considerações do resumo.

O estudo proposto teve como base a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a realização de entrevistas com cidadãos setelagoanos, em conformidade com os métodos da história oral. Para a pesquisa bibliográfica foram utilizadas publicações acerca da história econômica do Brasil, do Estado de Minas Gerais e do município de Sete Lagoas. Na pesquisa documental foram investigadas as fontes primárias existentes no Arquivo Público Mineiro e no Arquivo Eclesiástico de Belo Horizonte, bem como em entidades representativas do município de Sete Lagoas. A análise dos dados encontrados no decorrer da pesquisa possibilitou o preenchimento de importantes lacunas no que tange ao desenvolvimento da história econômica de Sete lagoas. As entrevistas semi-estruturadas realizadas com moradores e demais pessoas que vivenciaram o desenvolvimento econômico de Sete Lagoas, também foram imprescindíveis para o conhecimento dos momentos mais importantes do desenvolvimento social, cultural e econômico do município, e propiciaram a identificação dos fatores condicionantes da adoção de políticas públicas que engendraram em tal desenvolvimento. Ressalta-se que a participação de discentes nesta pesquisa foi estimulada e, desta forma, dois bolsistas do Curso de Ciências Econômicas ampliaram seus conhecimentos nesta atividade acadêmica. Esta pesquisa esta sendo realizada por um grupo de professores vinculados ao Curso de Ciências Econômicas, da Fundação Educacional Monsenhor Messias -FEMM.

Sabe-se que o processo de crescimento econômico das cidades, de uma maneira geral, é marcado por vários estágios nos quais empresas de setores divergentes assumem a liderança sócio-econômica e impulsionam o crescimento local em períodos diferentes de tempo. No município de Sete Lagoas, há 110 anos, os trilhos da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), que entram em operação em 1896, marcam o primeiro estágio do desenvolvimento econômico do Município e impulsionam vários outros ciclos econômicos que ocorrem na região no decorrer do século XX. A EFCB atrai trabalhadores, que se fixam no município, viabilizando o crescimento de outros setores, com impacto direto na renda da população. A cidade vivencia uma grande expansão demográfica. Inicialmente destaca-se o crescimento do comércio, principalmente aos arredores da estação. Respaldando o aumento populacional, outros setores como educação, saúde e moradia registram crescimento. Na análise das entrevistas realizadas com ex-ferroviários, é nítida a importância que a ferrovia teve na vida de cada um e, também, no desenvolvimento local. Talvez, seja por este motivo que o apito das locomotivas ainda está tão presente na memória da sociedade setelagoana, bem como o desalento pela privatização da Rede Ferroviária e a depredação das estações, vagões e locomotivas que deram um duro golpe na economia local.

A Estrada de Ferro Central do Brasil, responsável pela integração nacional, possibilitou não só o dinamismo no setor de transportes, encurtando as distâncias entre as regiões, como também fomentou o desenvolvimento dos municípios pelos quais os trilhos passavam. Pôde-se observar que a chegada da ferrovia em Sete Lagoas promoveu a criação de bases sólidas que fomentaram o crescimento econômico local. Até hoje as contribuições da ferrovia em Sete Lagoas são claramente percebidas, como ficou evidente nas entrevistas realizadas, bem como nas análises efetuadas através das pesquisas bibliográficas e documentais. Sete Lagoas está a 70 km de Belo Horizonte, atualmente, possui cerca de 200 mil habitantes e e um PIB de aproximadamente de R$1,5 bilhão. Certamente o destino econômico do município de Sete Lagoas teria sido muito diferente se não tivesse sido margeado pela linha férrea. No entanto, infelizmente, a desativação dos trilhos deixou um grande prejuízo histórico, econômico e cultural, principalmente para Sete Lagoas e demais cidades mineiras que estão ligadas de alguma forma a ferrovia deste a segunda metade do século XIX.