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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica
MORFOMETRIA MICROSCÓPICA DA CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA NO ENVELHECIMENTO
Flávia Aparecida de Oliveira 1
Ruy de Souza Lino Junior  1
Janaína Valadares Guimarães  1
Vicente de Paula Antunes Teixeira 2
Marlene Antônia dos Reis 2
(1. Setor de Patologia, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG); 2. Disciplina de Patologia Geral, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM))
INTRODUÇÃO:

Com o envelhecimento populacional no Brasil, acentuado a partir da década de 60, está ocorrendo também o envelhecimento dos portadores de doença de Chagas. No entanto, foram encontrados poucos estudos anátomo-patológicos da cardiopatia chagásica nesses indivíduos. Dessa maneira, tendo em vista o aumento da expectativa de vida e da demanda dos indivíduos idosos nos serviços de saúde torna-se necessário conhecer o comportamento da doença no envelhecimento. O objetivo do estudo foi comparar à fibrose miocárdica, as espessuras dos miocardiócitos e dos seus núcleos, as densidades de miocardiócitos com lipofucsina, de infiltrado mononuclear e de núcleos de miocardiócitos entre idosos autopsiados com cardiopatia chagásica crônica (idosos CC) e sem cardiopatias (idosos SC).

METODOLOGIA:

Foram selecionados idosos com idade ³ 60 anos, sendo 14 SC sem alterações morfológicas de cardiopatias e sorologia negativa para doença de Chagas e 20 CC com as alterações morfológicas e a sorologia positiva para a doença. Foram quantificadas as espessuras dos miocardiócitos e dos seus núcleos, as densidades de miocardiócitos com lipofucsina, de infiltrado mononuclear e de núcleos de miocardiócitos em fragmento de ventrículo esquerdo, usando HE e o programa “AxioVision 3.1 Carl-Zeiss”. A densidade dos mastócitos foi obtida em lâminas coradas por vermelho congo - azul de toluidina. A fibrose miocárdica foi quantificada automaticamente usando picrosírius sob luz polarizada e o “Programa KS 300 Carl-Zeiss”.

RESULTADOS:

A mediana da espessura dos miocardiócitos foi significativamente maior nos idosos CC (17,8 vs 15,91mm p<0,05), assim como a dos núcleos (6,2 vs. 5,8mm p<0,05). Os idosos CC comparados aos SC apresentaram significativamente, menores densidades de núcleos de miocardiócitos (138,9 vs. 283,1/mm2 p<0,05) e de miocardiócitos com lipofucsina (154,6 vs. 235,2/mm2 p<0,05), enquanto que a de mastócitos foi significativamente maior (3 vs. 1,4/mm2 p<0,05). Tanto a mediana da porcentagem de fibrose intersticial como da perivascular foram significativamente maiores nos idosos CC (2,11 vs. 0,12% e 8,21 vs. 1,78%, respectivamente p<0,05). A densidade do infiltrado inflamatório mononuclear nos idosos CC foi 97,5±70,35/mm2.

CONCLUSÕES:

Nos idosos CC foram verificadas diminuição da densidade de núcleos de miocardiócitos, hipertrofia, aumento da porcentagem de fibrose e da densidade de mastócitos. De acordo com os resultados, as alterações como hipertrofia e fibrose no miocárdio dos idosos CC foram semelhantes às descritas na literatura para não-idosos, no entanto, provavelmente elas foram de menor intensidade.

Instituição de fomento: CNPq, CAPES, FAPEMIG, FUNEPU e IPTSP.
 
Palavras-chave: Cardiopatia chagásica; Envelhecimento; Morfometria.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006