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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
ESCOLA CICLADA DE MATO GROSSO
Antonio Carlos Maximo 1
Renata Cristina Cabrera 2
Liamara Glória de Almeida Silva 3
Julianne dos Santos Silva 4
(1. Prof. Dr. do Programa de Pós-graduação em Educação da UFMT - orientador; 2. Profª Ms. em Educação pela UFMT - co-orientadora; 3. Graduanda de Pedagogia da UFMT - bolsista do PIBIC/CNPq; 4. Graduanda de Pedagogia da UFMT - bolsista do PIBIC/CNPq)
INTRODUÇÃO:

Este trabalho tem como principal objetivo apresentar a proposta da Escola Ciclada em Mato Grosso, tomando como referência a produção bibliográfica do Grupo de Pesquisa de Políticas Educacionais de Mato Grosso (GPPE-MT), e a proposta oficial da Secretaria de Estado e Educação (SEDUC). A Escola Ciclada de Mato Grosso é uma proposta que pretende enfrentar o fracasso escolar presente no sistema de ensino. Dessa forma, juntamente com a política de progressão continuada, pretende atacar os altos índices de evasão e repetência, uma vez que elimina a reprovação uma das maiores causas de exclusão escolar. Pautada pelo respeito aos ritmos diferenciados, os ciclos propõem uma flexibilização dos tempos escolares para as aprendizagens. Dessa forma, a Escola Ciclada de Mato Grosso está organizada em três ciclos com três fases cada um, sendo que no 1º ciclo estão os alunos com a faixa etária de 6 aos 9 anos, no 2º ciclo os que têm entre 09 e 12 anos e no 3º, dos 12 aos 15 anos. Essa experiência vem sendo vivenciada pelas escolas estaduais desde 1998, quando foi implantado o Ciclo Básico de Aprendizagem (CBA), e muitas são as angústias que os professores da rede vêm enfrentando. As duas dissertações de mestrado aqui analisadas nos dão um retrato de parte da realidade do sistema estadual de ensino de Mato Grosso. Como trabalhos acadêmicos pioneiros sobre essa forma de organização curricular no Estado nos servem de suporte para compreensão desse fenômeno educacional no Estado.

METODOLOGIA:
O presente estudo é resultado de uma pesquisa bibliográfica solicitado como requisito para o relatório parcial do trabalho de orientação do Programa de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq/UFMT. Foram analisadas duas dissertações de mestrado, sendo estas: “A avaliação da aprendizagem no discurso das professoras da Escola Ciclada de Mato Grosso: um estudo de caso”, de autoria de Renata Cristina Cabrera, e: “A resistência dos professores: o entrave quanto à Escola Ciclada da rede estadual de ensino em Rondonópolis-Mato Grosso”, de autoria de Marisa Inês Brescovici Araújo. Além das duas dissertações citadas, foi analisada a proposta oficial da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), contida no texto: “Escola Ciclada de Mato Grosso: novos tempos, espaços para ensinar – aprender a sentir, ser e fazer.” A preocupação central foi caracterizar como vem se dando essa experiência curricular no Estado, tentando fazer a discussão entre o proclamado – a proposta oficial – e o percebido – resultados dos estudos de mestrado.
RESULTADOS:

De modo geral, as pesquisas apontaram para a incompreensão dos professores da rede estadual de ensino sobre a proposta da ciclagem dos tempos escolares, o que tem sido convertido em resistência e exercício de uma prática avaliativa ainda marcada pelo caráter seletivo e excludente. De acordo com as duas dissertações de mestrado, os professores da rede estadual de ensino reclamam que a implantação da Escola Ciclada foi realizada de forma arbitrária pela SEDUC, e que não houve um devido preparo e suporte para o trabalho que os ciclos exigem. Analisando a proposta oficial, percebemos que a orientação se deu no sentido de que as escolas fossem implantando os ciclos de forma gradativa desde 1998, partindo dos alunos que ingressaram no CBA. As pesquisadoras, aqui estudadas, ao relatar o processo de implantação dos ciclos, também não apontam para uma implantação de forma arbitrária como mencionados pelos professores entrevistados nos estudos. O ponto central parece estar na falta de preparo, ou seja, não houve por parte da SEDUC uma preparação intensa do professor que estaria atuando nos ciclos e que não possuía nenhum referencial de como desenvolver esse trabalho. Ao nosso ver, a situação é muito mais complexa, ou seja, ao colocar a questão como forma de implantação arbitrária é a forma que o professor tem colocado para expressar algo do qual não se sente sujeito atuante e não foi e não está preparado para esse tipo de trabalho.

CONCLUSÕES:

Os estudos apontaram que a Escola Ciclada encontra-se implantada apenas do ponto de vista formal. Uma prática avaliativa como instrumento de diagnóstico e formação do indivíduo não vem ocorrendo. O que houve de mudança foi apenas a forma de informar o desempenho dos alunos, o boletim foi substituído pelo relatório descritivo, o que não se constitui em ruptura com a estrutura do sistema seriado. Tal fato acontece devido aos professores não entenderem ou não concordarem com os fundamentos que pautam a prática pedagógica nos ciclos. Todavia, mesmo em meio a tanto tumulto, o debate que os ciclos têm propiciado pode constituir num elemento importante para o enfrentamento do fracasso escolar. Algumas questões emergem como ponto crucial para o fortalecimento da proposta que pretende romper com a seletividade e exclusão instaurada no sistema de ensino. A formação continuada dos professores é uma dessas questões que se coloca como requisito fundamental para a implementação dos ciclos, considerando a amplitude e complexidade de transformações que são decorrentes da ruptura com a seriação. Ninguém ensina aquilo que não sabe. O professor não pode desenvolver um trabalho para qual não foi preparado e não se tem convicção de seus fundamentos. Somente com consenso ativo dos atores da Escola Ciclada é que poderemos ter uma prática pedagógica e avaliativa voltadas para a efetiva democratização do ensino.

Instituição de fomento: FAPEMAT e CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Escola Ciclada; Política Educacional; Mato Grosso.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006