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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA DIETA ALIMENTAR DE TRÊS ESPÉCIES DE PEIXES DA USINA HIDROELÉTRICA DE PITINGA, PRESIDENTE FIGUEIREDO, AMAZONAS.
Samantha Aquino Pereira 1
Andrezza Campos Chagas  2
Hélio Daniel Beltrão dos Anjos 3
(1. Universisdade Federal do Amazonas, Laboratório de Ecologia; 2. Universidade Estadual do Amazonas, Laboratório de Parasitologia; 3. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório Max Planck)
INTRODUÇÃO:
As represas podem ser consideradas como ambientes heterogêneos e complexos, apresentando características intermediárias entre rios e lagos (Thornton, 1990). É notório, que o represamento causa alterações na qualidade da água (Bezerra, 1987), modificando, conseqüentemente, a composição da ictiofauna. Vieira (1994) e Agostinho et al. (1994) sustentam que entre as conseqüências esperadas dos represamentos estão a diminuição do número de espécies, a mortandade de peixes, a diminuição do recrutamento e a substituição da fauna por espécies oportunistas. A plasticidade alimentar, representa, então, uma característica chave primária na adaptação ao novo ambiente. Nesse sentido, o estudo da alimentação de peixes é de vital importância não somente para o conhecimento das características biológicas das espécies em particular, como também para gerar informações adicionais para propostas de manejo, visando não só o incremento da produção pesqueira, mas também a recomposição e manutenção da diversidade. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo determinar a dieta alimentar de Cichla temensis, Plagioscion squamosissimus e Serrassalmus rhombeus na área de influência da UHE de Pitinga.
METODOLOGIA:
A Usina hidroelétrica de Pitinga está localizada no Rio Pitinga (latitude: 0º51’S, longitude: 59º38’W), um afluente do Rio Uatumã. A capacidade instalada é de 26 MW. Dentro deste complexo, foi criada uma segunda hidroelétrica, debaixo de uma queda num local distante cerca de 7 Km a jusante da UHE de Pitinga, denominado 40 Ilhas, tendo capacidade de geração de 7 MW (período chuvoso) e 4,5 MW (período seco). Foram realizadas pescarias experimentais durante três dias, no período diurno, sendo o apetrecho utilizado a linha e anzol, com iscas vivas e artificiais. As amostras foram armazenadas em álcool 70%, triadas e identificadas. Análises do conteúdo estomacal foram realizadas pelo método de freqüência de ocorrência e volume relativo (Goulding, 1980). Os resultados foram combinados no índice alimentar (IAi) (Kawakami & Vazzoler, 1980) e a atividade alimentar foi avaliada através da estimativa do grau de repleção estomacal.
RESULTADOS:
Durante o período de estudo foram coletados 8 exemplares de Cichla temensis, 8 de Plagioscion squamosissimus e 12 de Serrassalmus rhombeus. Foram identificados seis principais alimentos: peixes, material vegetal, fragmento de insetos, sementes, algas e detritos. C. temensis (n=5) tem dieta constituída por peixes (IAi=99,5%) e sementes (IAi=0,4%); P. squamosissimus (n=4), peixes (IAi=100%) sendo Moenkhausia sp. e Creagrutus sp. os principais itens encontrados nos estômagos; S. rhombeus, peixes (IAi=95%), material vegetal (IAi=1,0%), algas (IAi=1,0%), fragmentos de insetos (IAi=1%) e sementes (IAi=0,5%). Foram encontradas frações de pequenas pedras (seixos) nos estômagos de dois exemplares de C. temensis e três de S. rhombeus, que provavelmente podem está associados ao ataque destas espécies predadores a presas que se escondem no meio dos seixos. A atividade alimentar de todas as espécies foi alta, pois cerca de 90% dos estômagos continham alimento.
CONCLUSÕES:
As três espécies são consideradas carnívoras. Porém, S. rhombeus é considerada carnívora com tendência a onivoria, possuindo grande plasticidade alimentar. A ingestão de itens de origem alóctone, como, sementes/flores/frutos e insetos terrestres, ocorre em alguns piscívoros. Leite (1987) e Santos (1991) encontraram restos vegetais e insetos terrestres (formigas e cupins) na dieta S. rhombeus, respectivamente. Isto evidencia a contribuição de outros itens na dieta desta espécie, dependendo da disponibilidade do recurso preferencial. Segundo Hahn et al. (1998) o estabelecimento de novas condições ambientais e as flutuações na disponibilidade de recursos, decorrentes do represamento, deve favorecer as espécies dotadas de plasticidade na dieta, sendo assim, capazes de melhor se adaptarem ao novo ambiente. Dessa forma, os estudo detalhado da dieta alimentar de peixes em ambientes impactados é de extrema importância para a avaliação da qualidade ambiental e da produtividade do ambiente.
 
Palavras-chave: Dieta alimentar; Peixes; Usina Hidrelétrica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006