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E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 6. Medicina Veterinária

AVALIAÇÃO DA AÇÃO DE EXTRATO AQUOSO DE Cratylia mollis E Caesalpinia pyramidalis NO CONTROLE DA INFECÇÃO POR HAEMONCHUS CONTORTUS EM CAPRINOS NATURALMENTE INFECTADOS.

Roberto Robson Borges dos Santos 1
Juceni Pereira David 2
Farouk Zacharias 3
Maria Tereza Guedes Barreto 1
Fernanda Washington de Mendonça Lima 2
(1. ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA – UFBa; 2. FACULDADE DE FARMÁCIA – UFBa; 3. EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA - EBDA)
INTRODUÇÃO:

A região do semi-árido baiano apresenta clima e vegetação peculiares, onde se encontram plantas comumente utilizadas na alimentação e como fonte alternativa de tratamento para humanos e animais domésticos. A criação extensiva de caprinos, no município de Pilar microrregião de Jaguarari, interior do estado da Bahia, consiste em atividade pecuária de subsistência comum às demais regiões do nordeste brasileiro.

A utilização de plantas das espécies Cratylia mollis e a caesalpinia pyramidalis, como fitoterápicos no combate a infecção pelo Haemonchus contortus, tem, como base à utilização das mesmas no tratamento empírico de infecções e de doenças inflamatórias já empregado pela população local.

Baseando-se no conhecimento popular, procedeu-se a escolha destas plantas como elemento de estudo para investigação de possível atividade anti-helmíntica e / ou imunomoduladora dos seus extratos.

METODOLOGIA:
Para a obtenção dos extratos das plantas, foram utilizados 100 gramas de folhas para se proceder a infusão em água. A partir do extrato aquoso foram realizadas diluições em solução salina a 0,9 % estéril, com dose ajustada de acordo com o peso vivo do animal. Um total de 60 animais distribuídos de forma aleatória em cada grupo, com animais de alta, média e baixa contagem de ovos por grama de fezes (OPG), os quais foram subdivididos em 5 grupos de 12 animais cada, sendo:  um grupo controle negativo ao qual foi administrado apenas solução salina que serviu como diluente do extrato liofilizado, um grupo controle positivo para ação anti-helmíntica onde foi administrado a Doramectina de uso comercial, para controle de endoparasitos do trato digestório desses animais, e três grupos teste, aos quais foram administrados os extratos de Cratylia mollis na concentração de 2,5 mg por quilo de peso vivo do animal (KPV) e Caesalpinia pyramidalis nas concentrações de 2,5 mg e 5 mg por KPV. A cada 30 dias foram coletadas amostras de fezes dos animais para a realização de contagem de OPG, através da técnica de McMaster.
RESULTADOS:
Após a análise das amostras verificou-se que para o grupo 1, animais que receberam apenas solução salina diluente de amostras, um valor médio de 890 OPG na primeira coleta , de 2118 OPG para segunda coleta e de 572 OPG para a terceira coleta. Para o grupo 2, animais tratados com uma Doramectina de uso comercial, um valor médio de 553 OPG para a primeira coleta, de 1180 OPG para a segunda coleta e de 300 OPG para a terceira coleta. Para o grupo 3, animais tratados com 2,5 mg de extrato de Cratylia mollis por quilo de peso vivo , um valor médio de 1245 OPG para a primeira coleta, de 415 OPG para a segunda coleta e de 627 para a terceira coleta.  Para o grupo 4, animais tratados com 2,5 mg de extrato de Caesalpinia pyramidalis por quilo de peso vivo, observando-se um valor de 663 de OPG na primeira coleta, de 322 na segunda coleta e de 426 na terceira coleta. Para o grupo 5, animais tratados com 5 mg de extrato de Caesalpinia pyramidalis por quilo de peso vivo, um valor médio de 600 OPG na primeira coleta, de 172 OPG na segunda coleta e de 836 OPG na terceira coleta.
CONCLUSÕES:

O aumento da postura de ovos pelo parasito, na segunda coleta para o grupo 2, possivelmente está associado a um mecanismo de resistência do parasito à droga utilizada como controle positivo. Para o grupo 3, animais tratados com 2,5 mg de extrato de Cratylia mollis por KPV, houve uma redução de 60,6 % em 30 dias após a administração do fitoterápico. Para o grupo 5, animais tratados com 5 mg de extrato de Caesalpinia pyramidalis, por KPV, apresentou melhor desempenho no combate a infecção pelo parasito, diminuindo a postura de ovos deste em 70,1 % em até 30 dias. Para todos os grupos, não se observou efeito residual dos extratos e da Doramectina entre 30 e 60 dias, estando o aumento na postura de ovos associada a reinfecção dos animais criados extensivamente, como parte do ciclo sazonal do parasito e ainda, pelo fato de ter estabelecido apenas dois intervalos para a administração dos extratos a serem analisados.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - Fapesb
 
Palavras-chave: Cratylia e Caesalpinia; Haemonchus contortus; Caprinos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006