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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 4. Produção Animal

variáveis fenotípicas vs. DESEMPENHO PONDERAL DE búfalos SUBMETIDOS A Prova de Ganho de Peso EM SISTEMA SILVIPASTORIL E PASTEJO ROTACIONADO INTENSIVO

José de Brito Lourenço Júnior 1
Daniele Neves Araújo 2
Norton Amador da Costa 1
Cláudio Vieira de Araújo 3
Leonardo Brandão Matos 4
Edwana Mara Moreira Monteiro 4, 5
(1. Embrapa Amazônia Oriental; 2. Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos/USP; 3. Instituto de Saúde e Produção Animal/UFRA; 4. Pós-graduação em Ciência Animal/UFPA/Embrapa Amazônia Oriental/UFRA; 5. Bolsista Capes)
INTRODUÇÃO:

Um dos maiores problemas para os criadores de búfalos é o desconhecimento de alternativas de alimentação, manejo e a falta de reprodutores selecionados, para melhoramento genético dos rebanhos. O uso de biotécnicas poderá recuperar parte do tempo perdido, do mesmo modo que a utilização de animais altamente produtivos para carne e leite, inclusive na pequena propriedade rural da Amazônia, considerando que esses animais são criados em vários locais do mundo por pequenos produtores, visando a elevação do seu nível sócio-econômico (Marques, 1991). O controle zootécnico é fundamental para se ter sucesso e os dados sobre o desenvolvimento ponderal constituem importante ferramenta para o acompanhamento de animais jovens destinados à reprodução. Para tal é necessário que o criador tenha em sua propriedade uma balança, o que nem sempre é possível pelo alto valor deste equipamento. Uma forma de transpor esse obstáculo é a utilização da técnica que consiste em estimar o peso vivo do animal através de mensurações do seu corpo, a Barimetria. Trabalhos demostram a elevada correlação entre o peso vivo e medidas corporais, em bovinos e caprinos (Scarpati, 1996; Calegari, 1999), entretanto, no Brasil e especificamente na Amazônia, não existem informações em bubalinos. Assim, este trabalho visa correlacionar o peso vivo com as varáveis fenotípicas (medidas corporais) de búfalos murrah, em prova de ganho de peso.

METODOLOGIA:
Realizado na Unidade de Pesquisa Animal “Senador Álvaro Adolfo” - Embrapa Amazônia Oriental – Belém, Pará. A área experimental possui 5,4 ha, com seis piquetes de grama estrela (Cynodon nlemfuensis) e um redondel, com bebedouro e cocho coberto para suplementação alimentar e mineral dos animais. Ao longo das cercas elétricas duplas foram plantadas mudas de mogno africano (Khaya ivorensis) e nim indiano (Azadirachta indica). Foram realizadas duas provas de ganho de peso - PGP, com 25 machos desmamados da raça Murrah, em cada, de elevado padrão genético e destacado potencial produtivo e reprodutivo, com idades iniciais entre 213 e 303 dias, que receberam ração contendo 18% de proteína bruta (PB), na base de 1% a 1,5% do peso vivo, com água e mistura mineral, à vontade. Os animais foram manejados em grupo único e regime alimentar semelhante, durante 70 dias de adaptação e 224 dias de prova. As mensurações de altura do anterior e posterior, comprimento corporal, perímetro torácico, comprimento de garupa, largura de garupa e circunferência escrotal foram feitas no início e final do período de adaptação e a cada 56 dias, após pesagem, em jejum de 14 h, com auxílio de trena, fita métrica e paquímetro apropriado, com 254 observações por variável. Para obtenção da equação que regride o peso vivo, em função do perímetro torácico, foi utilizado modelo de regressão não linear. Todas as análises forma realizadas por meio do aplicativo SAS.
RESULTADOS:
As correlações entre peso vivo e medidas corporais: altura do anterior, altura do posterior, comprimento corporal, perímetro torácico, comprimento de garupa, largura de garupa e circunferência escrotal foram significativas (P < 0,01), de 0,87; 0,86; 0,90; 0,95; 0,81; 0,90 e 0,54, respectivamente. Esses valores indicam que todas as variáveis estudadas podem ser usadas na predição de peso vivo do animal, exceto a circunferência escrotal que apresentou a menor correlação. Dessa forma, as variáveis fenotípicas comprimento corporal, perímetro torácico e largura de garupa são as melhores indicadoras de peso vivo, com destaque para o perímetro torácico. Com base nesse aspecto, pode-se propor uma equação barimétrica que permita a utilização do perímetro torácico para predição de peso vivo de búfalos da raça Murrah, na inexistência de equipamentos de pesagem apropriados, nas propriedades rurais. A predição do peso vivo por meio da regressão do perímetro torácico pode ser obtida por meio do estimador: PV = 0,00033 * PT 2,6937, sendo que 90% da variação observada no peso vivo pode ser explicada pela variação da circunferência torácica (R2 de 0,90).
CONCLUSÕES:

Devido as elevadas correlações entre as variáveis fenotípicas e o peso vivo animal, é perfeitamente possível a utilização de medidas corporais na predição de peso vivo de búfalos da raça Murrah, com exceção da circunferência escrotal que apresenta valor de correlação mediano. A maior correlação entre perímetro torácico e peso vivo pode ser explicada por uma equação. Na falta de equipamentos apropriados nas propriedades rurais, o uso de fita métrica pode predizer o peso desses animais.

 

REFENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

CALEGARI, A. Uso de barimetria para estimar o peso vivo de caprinos da raça Saanen. Monografia (graduação). Universidade Estadual de São Paulo - UNESP, Jaboticabal. 1999.

 

MARQUES, J.R.F. Avaliação genético-quantitativa de algumas características do desempenho produtivo de grupos genéticos de búfalos (Bubalus bubalis L.). Tese se Doutorado. Botucatu. IB UNESP. 1991. 148 p.

 

SCARPATI, M.T.V.; MAGNABOSCO, C.U.; JOSAHKIAN, L.A.; OLIVEIRA JÚNIOR, B.C.; OLIVEIRA H.N.; LOBO, R. B. Estudos de medidas corporais e peso vivo em animais jovens da raça Nelore. Anais SBZ. 1996.

 

Instituição de fomento: Associação Paraense de Criadores de Búfalos – APCB; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Amazônia; Biotecnologia; Melhoramento Genético.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006