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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia

DETERMINAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO PROVÁVEL PARA MARINGÁ EM PERÍODOS DECENDIAIS, QUINZENAIS E MENSAIS

Thais de Oliveira Iácono 1
Rachel Muylaert Locks Guimarães 1
Everton Blainski 1
Antônio Carlos Andrade Gonçalves 1
Paulo Sérgio Lourenço de Freitas 1
Carlos Ricardo Fietz 2
(1. Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá / UEM; 2. Embrapa Agropecuária Oeste /CPAO)
INTRODUÇÃO:
O município de Maringá apresenta índices elevados de precipitação, mas é afetado por períodos de falta de chuva, o que pode prejudicar a agricultura, que é sua principal atividade comercial. Os projetos de irrigação são geralmente dimensionados em termos de irrigação total, visando cobrir as necessidades hídricas da planta, não se considerando a contribuição da precipitação. A falta de informações climáticas, análises das características da distribuição da precipitação atmosférica e de técnicas baseadas em critérios probabilísticos, que geralmente envolvem riscos, são algumas das razões que levam o técnico a utilizar e projetar o sistema para irrigação total. No entanto, alguns autores têm recomendado dimensionar o projeto de irrigação levando-se em consideração a precipitação provável com certo nível de probabilidade. Vários trabalhos demonstraram que a distribuição de freqüência da precipitação se ajusta à distribuição gama incompleta para períodos mensais, quinzenais e decendiais. Mas em séries com valores nulos, ou entre zero e um, a distribuição gama incompleta é limitada, pois seus parâmetros não podem ser estimados pelo método da máxima verossimilhança. Portanto, para estes valores limitantes, utilizou-se o conceito da distribuição mista. O objetivo deste trabalho foi estimar as precipitações efetivas com nível de probabilidade de 50, 70, 75, 80, 85, 90, 93, 94 e 96%, nos períodos decendiais, quinzenais e mensais, para o município de Maringá.
METODOLOGIA:

Para este estudo foram utilizados dados de precipitação da estação climatológica principal de Maringá (ECPM), pertencente à rede do Instituto Nacional de Meteorologia, Inmet, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá (UEM – Latitude 23o 25’S, Longitude 51o 57’W e Altitude 540m). Os dados analisados são de uma série histórica de 26 anos, abrangendo desde janeiro de 1980 a dezembro de 2005. O método de estimativa utilizado para determinação dos parâmetros da distribuição foi gama incompleta, com níveis de probabilidade de 50, 70, 75, 80, 85, 90, 93, 94 e 96%. Os valores de precipitação esperada para os períodos de retorno de 2, 3, 4, 5, 7, 10, 14, 17, 25 anos respectivamente, foram gerados por meio da distribuição mista. A precipitação provável foi determinada para os períodos decendiais, quinzenais e mensais. Os decêndios foram divididos da seguinte forma: 1º decêndio – 1º ao 10º dia; 2º decêndio – 11º – ao 20º dia; 3º decêndio – 21º até o último dia do mês. As divisões das quinzenas foram: 1ª quinzena – 1º ao 15º dia; 2ª quinzena – 16º até o último dia do mês. O período mensal compreendeu o total de dias do mês respectivo.

RESULTADOS:

A distribuição teórica ajustou-se adequadamente à série de dados. Os valores de precipitação esperada foram gerados por meio das distribuições para os níveis de probabilidade de 50, 70, 75, 80, 85, 90, 93, 94, 96% e respectivamente períodos de retorno de 2, 3, 4, 5, 7, 10, 14, 20 e 25 anos. Em Maringá, para um período de retorno de dez anos, existe 90% de probabilidade de que no primeiro decêndio de abril a precipitação seja, no mínimo, de 0,2 mm. Ou, ainda, em apenas um de cada 10 anos a chuva no primeiro decêndio de abril será inferior a 0,2 mm. Da mesma forma, na primeira quinzena de abril a precipitação provável mínima é de 6,2 mm. Assim, para o mesmo período de retorno de 10 anos, existe 90% de probabilidade que o mês de abril tenha uma precipitação mínima 36,7mm. Pode-se observar que, num mesmo nível de probabilidade, o somatório dos decêndios resultou num valor menor que o valor da probabilidade mensal. Com um nível de probabilidade de 75% (valor estabelecido como padrão para dimensionamento de projetos de irrigação), o mês de agosto é o que revela este fato com maior evidência. A precipitação nos três decêndios apresentou valor 0,0mm e a probabilidade mensal é de 10,3mm. Portanto, uso da probabilidade de precipitação mensal no planejamento das atividades agrícolas é menos adequado que a probabilidade decendial, podendo ocasionar um subdimensionamento de um projeto de irrigação, época inadequada de plantio, entre outros inconvenientes.

CONCLUSÕES:

Observou-se que a distribuição gama incompleta ajustou-se à série de dados para períodos mensais, quinzenais e decendiais. Os valores de precipitação provável obtidos podem ser utilizados no dimensionamento de sistemas de irrigação para a região de Maringá. O uso da precipitação média pode resultar em projetos subdimensionados, principalmente quando se utilizam períodos menores de precipitação.

Instituição de fomento: PET / SESU
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: precipitação; chuva; probabilidade de precipitação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006