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G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 5. Relações Internacionais

O PENSAMENTO NEOCONSERVADOR E A POLÍTICA EXTERNA DE GERGE W. BUSH

Ariel Finguerut  1
(1. DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA , FACULDADE DE CIENCIAS E LETRAS , UNESP - ARARAQUARA)
INTRODUÇÃO:

Com a ascensão de George W. Bush, as idéias neoconservadoras tornaram-se influentes na Casa Branca, especialmente após os atentados de 11 de setembro de 2001, com a formulação de uma nova doutrina de segurança nacional que substitui a dissuasão e a contenção, vigentes durante a Guerra Fria, pela ação preventiva contra potenciais inimigos da governabilidade global. Neste projeto propomos uma análise dessas idéias, seus principais representantes e sua influência nas políticas dos Estados Unidos. Tomaremos como referência os dois governos de George W. Bush, o primeiro mandato entre 2000 e 2005 e o segundo, em andamento. Buscaremos analisar a presença dos neoconservadores no governo assim como as políticas formuladas sob a sua influência.

 

METODOLOGIA:

A pesquisa se baseia nas seguintes fontes:

·         Relatórios de projetos e produção bibliográfica disponíveis nos portais de Internet dos seguintes centros de pensamento vinculados ao neoconservadorismo: American Enterprise Institute (http://www.aei.org/); Center for Strategic and International Studies (http://www.csis.org/); Heritage Foundation (http://www.heritage.org/); Hudson Institute (http://www.hudson.org/); Project on the New American Century (http://www.newamericancentury.org/)

·         Publicações periódicas neoconservadoras: Commentary; The National Interest; The Weekly Standard e The Public Interest. 

·         Documentos do Departamento de Estado (www.state.gov) e do Departamento da Defesa dos Estados Unidos (www.defenselink.mil).

RESULTADOS:
Nossos resultados foram a delimitação dos seguintes neoconservdaores : Paul Wolfowitz, Abram Shulsky, Francis Fukuyama, Douglas Feith, Harry Jaffa, Harvey Mansfield e Elliot Abrams. E mostramos como eles estão intelectualmente ligados aos seguintes nomes : Irving Kristol, Daniel Bell e Norman Podhoretz. E estes três em comum encontramos a influência de do filosofo alemão , naturalizado americano e professore de filosofia política na Escola de Chicago , Leo Strauss.
CONCLUSÕES:
Como conclusão fizemos uma discussão sobre os principais neoconservadores e sobre Leo Strauss como suposta raiz filosofica do pensamento neoconservador .

 Leo Strauss (1899 – 1973) filósofo alemão, trabalhou na Universidade de Chicago, onde formou um circulo de estudantes, alguns dos quais são identificados como neoconservadores. Strauss escreveu muitas obras desde o início da sua carreira na Alemanha, sempre dentro do campo da filosofia política. Nesta área, deu atenção especial aos pensadores da Grécia antiga, como Platão, aos pré-modernos contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), aos medievais ( Maimónides e Alfarabi )  aos estudos clássicos de Maquiavel sobre o poder, de Spinoza sobre a democracia e de Nietzsche sobre a crise da racionalidade ocidental. Strauss nunca participou diretamente da política, manifestou-se publicamente poucas vezes, mas na academia foi notório por formar círculos influentes e por ter feito uma critica contundente da modernidade.Albert Wohlstetter (1913-1997) foi um matemático e estrategista nuclear da Universidade de Chicago. Discutiu com seus discípulos idéias de “liderança”em países ocupados. Foi consultor do Pentágono e pesquisador da Rand Corp. Foi um dos responsáveis pelo programa “guerra nas estrelas”do governo Reagan.Allan Bloom ( 1930 – 1992)  , foi um dos mais notórios estudantes de Strauss. Elogiado por Margaret Thatcher e Ronald Reagan , popularizou as idéias de seu mestre no livro “The Closing of the American Mind”.Paul Wolfowitz é hoje o  “neoconservador” tido como mais próximo do governo. É um dos arquitetos da atual política externa. Foi aluno de Strauss e, na sua tese de PhD, escreveu sobre Wohlstetter. Seus críticos o acusam de querer fazer de George W. Bush o “imperador do Iraque”, tem como  plano dar suporte à ocupação do Iraque de fazer o que fez no Iraque, bem como trabalha com situações similares para : Irã, Síria e Coréia do Norte.Richard Perle(1941) , trabalha na comissão de defesa política ; é residente no American Enterprise Institute que, por sua vez, “flerta” com o P. N . A. C.Abram Shulsky (expert em Strauss , é próximo de Perle , dirigiu o escritório de “planos especiais “do Pentágono , ajudou a “justificar “ a segunda guerra do Golfo . Francis Fukuyama(1952), foi aluno de Bloom. Douglas Feith, em 1996, com Perle, contribui para o plano de governo do Likud, partido que atualmente governa Israel.Harry Jaffa, foi aluno de Strauss e formou Harvey Mansfield  que por sua vez,  leciona Strauss e Maquiavel em Harvard. Mansfield homenageado em um trabalho feito por  Perle ( “Educating the Prince: Essays in Horror of Harvey Mansfield”).A. Sullivan, foi editor da revista neoconservadora “New Republic “ , foi aluno de Mansfield em Harvard. Irving Kristol, (1920)  e William Wristol(1952).  O pai era um admirador de Strauss; o filho é editor da revista “The Weekly Standard “. Fundador do P. N. A. C . De certa forma ambos estão ligados as principais publicações neoconservadoras: Commentary Magazine, American Jewish Committe e The Weekly Standard. Daniel Bell escreveu ensaios e artigos para as revistas Commentary e Enconter, foi editor da revista Fortune. Amigo de Irving Kristol , teve contato com Raymond Aron e debateu com S.M. Lipset. Norman Podhoretz – editor e escritor , ligado a revista Commentary , encontramos em seus textos forte referencia a “consciência cívica “  , militou na esquerda nos anos 60,  influenciou uma serie de escritores que passaram sua editora em Nova Yorque nos anos 70. Sua obra mais famosa é “  My Love Affair With America" .E.Abrams (1948) trabalhou com questões relativas ao Oriente Médio no Nacional Security Council. Defende um apoio quase que irrestrito a Israel , tem ligações com a revista “Commentary “. Hitchens, tido com um seguidor de Strauss mais “à esquerda”. Desenvolveu a idéia de “guerra humanitária”. Atualmente é consultor da Casa Branca. David Wurmser  Estuda o Oriente Médio na American Enterprise Institute, escreveu sobre a necessidade de se ter um Líbano livre e democrático.  Ligado ao vice presidente dos EUA, Dick Cheney.Michael Ledeen – também da AEI, especialista em Irã ( para quem este país é a “mãe do terrorismo moderno”)  , já trabalhou no pentágono. Além de ter uma relação próxima com Cheney, dialoga com Rumsfeld e Wolfowitz, defendo o uso da força para “espalhar” a democracia, e defende uma ação de caráter mais “libertador” do que diplomático por parte dos EUA, principalmente quando o assunto for: Irã, Síria, Líbia e Iraque. Este último já foi objeto da prática proposta.  Ledeen é o autor de um conceito neoconservador fundamental, o de “guerra total,” que consiste no uso da violência com fins de destruir “totalmente” o inimigo. Desta forma é possível ao governo impor sua vontade .

Instituição de fomento: CNPq
 
Palavras-chave: Politica Externa dos EUA ; George W. Bush ; Pensamento Neoconservador .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006