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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
AS DIRETRIZES CURICULARES NACIONAIS PARA A PEDAGOGIA NA PERSPECTIVA DAS CLASSES POPULARES
Joana Maria Piassi 1
Joselita Romualdo da Silva 1
Melissa Vicentini 1
(1. Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná/UFPR)
INTRODUÇÃO:
O Projeto de Resolução (CNE - março/2005) sobre DCN's para o curso de Pedagogia gerou mobilização geral dos setores da educação contra sua concepção fragmentária e em defesa da formação científica e unitária. Desde sua instituição enquanto graduação, com 3 anos de bacharel mais um de licenciado, reproduzindo o ensino anti-científico da academia brasileira de 1939, o curso de Pedagogia vive a dicotomia conteúdos/métodos. Na década de 60, o parecer 251 ressaltava a tendência da formação docente dar-se na graduação e a formação dos especialistas na pós-graduação, levando o curso à extinção. A fragmentação continuou em 1968, quando foram criadas as habilitações, sendo três anos de fundamentos mais um ano de formação específica (esquema 3+1). O parecer 252/69 regulamentava a licenciatura em pedagogia formando “técnicos em educação”, conforme a reforma no ensino de 1968. Nos anos 70, vislumbra-se a superação do dualismo e tecnicismo, buscando-se uma formação unitária e fundamenta-se na docência como base da formação do pedagogo, o que não responderá o problema da formação científica, pautada pela indissociabilidade entre docência, gestão e pesquisa. A LDB/96 regulamenta os cursos Normais Superiores de formação docente e mantém as habilitações podendo estas se darem a nível de graduação ou pós-graduação. Diante do histórico de complexidade e carência de contribuições no que tange as DCN´s da Pedagogia do ponto de vista das classes populares, objetivamos neste trabalho sistematizar a defesa do pedagogo unitário e cientista.
METODOLOGIA:
Desde a apresentação do Projeto de Resolução são feitas amplas discussões a nível nacional visando aprofundar uma concepção de Pedagogo que analise criticamente a sociedade e busque uma intervenção sistematizada nesta através da educação. Tamanha problemática conduziu-nos ao trabalho de investigação qualitativa, através de nossas observações e análises pudemos construir nossa fundamentação. Baseamo-nos na pesquisa participante em que os investigadores participam, registram e analisam discussões com as diferentes entidades representativas do campo educacional, setores sociais, movimento estudantil e docente das diversas regiões do país. Foi sistematizada a realidade de várias instituições e investigando seus currículos identificamos concepções e sua relação com a prática. Deste primeiro momento resultou um significativo questionamento: qual concepção deveríamos defender? Nos estudos bibliográficos, partimos das principais produções de SAVIANE (1991), SCHEIBE (1999), LIBÂNEO (1997), MIRANDA (2005), assim como, leis, pareceres, resoluções e currículos.
RESULTADOS:

Apontamos como resultado o aprofundamento da concepção de pedagogo e de ciência, que somente poderá assim se denominar quando partir das necessidades das classes populares, sistematizar as idéias recolhidas pela experiência e aplicar o conhecimento sistematizado, visando a transformação da realidade. Resulta também a defesa da formação unitária, que tenha como eixo a indissociabilidade entre docência, gestão e pesquisa não hierarquizados. Pode-se apontar também como resultado a democratização e socialização dos conhecimentos acerca da Pedagogia através de inúmeros debates realizados em diferentes partes do país e a elevação da consciência e solidificação da posição dos estudantes.

CONCLUSÕES:
Diante do acima exposto conclui-se que, será partindo do meio acadêmico comprometido com o progresso científico e voltado para as classes populares que se encontrará respostas efetivas para construir uma formação científica e unitária, deixando de lado a ilusão com órgãos governamentais. Não poderíamos deixar de seguir esta prática, pois o pedagogo deve atuar de acordo com a sua realidade que é dinâmica e exige sempre aprofundadas análises e práticas educativas, o que comprova a legitimidade do trabalho realizado. Além de uma sólida base teórica e uma experiência prática faz-se necessária também uma formação política constante. Nossa formação deverá articular teoria e prática em diferentes espaços e práticas sociais. Os educadores não podem se limitar a analisar a prática e reproduzi-la, é preciso colocar o conhecimento a serviço da transformação e emancipação sociais.
 
Palavras-chave: PEDAGOGIA; CIÊNCIA; TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006