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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia

VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DA QUALIDADE DE UM PROGRAMA DE HEMOVIGILÂNCIA

Ana Claúdia Dantas de Medeiros 1
Mônica Oliveira da Silva Simões 1
Lindomar de Farias Belém 1
Samara Gonzaga Toscano 1
(1. Faculdade de Farmácia, Universidade Estadual da Paraíba/UEPB)
INTRODUÇÃO:

O ato transfusional é um procedimento que não está isento de riscos, mesmo realizado de acordo com as normas preconizadas, com indicação e administração adequadas. Desta forma, existe a necessidade de se verificar incidentes relacionados a esta prática, como também realizar medidas de controle de qualidade e de vigilância nos serviços hemoterápicos, aspectos importantes para o sistema de hemovigilância. Esse sistema visa à monitoração e avaliação dos efeitos indesejáveis da utilização de um hemocomponente, a fim de prevenir sua ocorrência. Assim, o objetivo desse trabalho foi estudar a viabilidade da implantação do sistema da qualidade no programa de Hemovigilância, de uma agência transfusional, bem como realizar uma análise retrospectiva dos incidentes e riscos transfusionais ocorridos nos últimos cinco anos no serviço de hemoterapia dessa agência.

 

METODOLOGIA:

Os serviços hemoterápicos compreendem os hemocentros, hemonúcleos, unidade de coleta e transfusão, posto de coleta, agência transfusional e central sorológica. A cidade de Campina Grande possui um hemocentro e uma agência transfusional. Essa agência tem como função primordial realizar os testes pré-transfusionais e liberar a unidade hemoterápica para hospitais.

Este estudo terá duas abordagens: uma retrospectiva, cujo principal instrumento será um questionário de coleta, que rastreará todos os acidentes e riscos transfusionais, as doenças infecciosas associadas à transfusão e as não-conformidades ocorridas no serviço de hemoterapia da agência transfusional, nos últimos três anos; e uma prospectiva, que com base na análise desses dados implantará o sistema da qualidade e as normas de biossegurança para este setor.

RESULTADOS:

A pesquisa foi realizada a partir dos prontuários dos pacientes transfundidos  nos anos de 2001,2002 e 2003,  neste levantamento  foram identificados 442, 497 e 551 pacientes que receberam transfusão  sanguínea, respectivamente. A grande parte das indicações de transfusões, 43,00 %, teve como diagnóstico as neoplasias, as quais as mais freqüentes foram a de colo de útero e as gástricas.

Neste período, foram analisadas possíveis reações transfusionais imediatas, relatadas através das manifestações clínicas e sintomas que estes pacientes apresentaram no intervalo de 24 horas após a transfusão, como também as não conformidades que ocorreram neste período. No ano de 2001 foram verificadas reações em 26,25 % dos pacientes atendidos, destes foram verificadas 142 sinais e sintomas, no ano 2002 foram verificadas reações em 34,21 % dos pacientes atendidos, destes foram notificados 197 sintomas, já no ano de 2003 foram verificadas reações em 26,49 % dos pacientes atendidos, os quais apresentaram 198 sintomas. As  manifestações clinicas mais freqüentes detectadas foram: febre e calafrios, náuseas e vômitos, dores, hipertensão, dispnéia, hipotensão, diarréia, cefaléia, cianose, hipotermia e reações alérgicas.

CONCLUSÕES:

A reação febril é considerada a mais comum das reações transfusionais. Esta pode ser causada por presença de pirogênios bacterianos, alto número de anticorpos no soro do paciente contra leucócitos e linfócitos do doador. Ás reações alérgicas, como as urticárias, são desencadeadas por proteínas contidas no plasma. Por isto, a prevenção de novas reações em pacientes, com história de reações moderadas a graves ocorridas em transfusões prévias, pode ser feita com a retirada do plasma do componente, através da sua lavagem. Já a hipotermia, é devido à infusão rápida de hemocomponente frio.

Durante todo o processo de transfusão, desde solicitação do componente sanguíneo até o processo final, foram encontradas não conformidades. A maioria das solicitações para a transfusão não estavam preenchidas de acordo com a Resolução 343, da ANVISA, ou seja, não apresentavam informações necessárias e muitas vezes eram ilegíveis. Observou-se, ainda, não-conformidades em relação à administração sanguínea,  pois foram verificadas cinco transfusões irregulares,  em que os pacientes apresentavam idade inferior a 45 anos. Já que a Resolução 343, da ANVISA, estabelece que quando não houver o tipo sanguíneo do paciente pode ser administrado sangue O-, contudo não havendo este pode utilizar O+, desde que o paciente seja do sexo masculino ou de ambos os sexos, com mais de 45 anos de idade. Com isso, verificou-se que dentre os que receberam transfusões com irregularidades constava um prematuro com tipo sanguíneo B+, que ao ser administrado o tipo O+ apresentou após a transfusão parada cárdio – respiratória.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Hemovigiliância; Reações Transfusionais ; Hemocomponentes.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006