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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

ASPECTOS AVALIADOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE AS PREFERÊNCIAS DE PROFESSORES E ALUNOS DE BELÉM - PARÁ.

Carlos Alberto Machado da Rocha 1
Henac Almeida da Conceição 2
(1. Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará – CEFET; 2. Universidade Federal do Pará – UFPA)
INTRODUÇÃO:

O termo avaliar tem sua origem no latim, provindo da composição a-valere, que quer dizer "dar valor a..:". Porém, o ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou qualidade atribuídos ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou desfavorável ao objeto de avaliação, com uma conseqüente decisão de ação. As provas ocupam lugar central em todo o processo escolar, servindo, dentre outros fins, à classificação dos alunos, decisão quanto à aprovação, informação aos alunos sobre o que o professor realmente considera importante, informação ao professor sobre os resultados do seu trabalho, informação à escola sobre os resultados do trabalho de alunos e professores, informação aos pais sobre o conceito que a escola tem do trabalho de seus filhos. Essa multiplicidade de funções justifica a necessidade de cautela na escolha, construção e aplicação dos instrumentos de verificação do aprendizado e sobre a análise dos resultados. O presente estudo tem como objetivo identificar a preferência dos professores e dos alunos quanto aos aspectos a serem avaliados nas provas de ciências, além de obter sugestões dos profissionais sobre como evitar ou, pelo menos, minimizar os efeitos maléficos da avaliação estritamente classificatória.

METODOLOGIA:

Um período de levantamento e leitura bibliográfica precedeu as ações no ambiente das escolas. Nesse ambiente, nossa amostra foi constituída por professores, estudantes de graduação em Biologia e estudantes do ensino médio. Na coleta de dados foram utilizados instrumentos sociológicos, principalmente através da técnica de entrevistas em grupos, seguidas da aplicação de perguntas de múltipla escolha aos professores e estudantes, e perguntas abertas aos professores. Estas últimas relacionadas aos efeitos danosos da avaliação classificatória. Conhecimento, participação, esforço, comportamento, capacidade de relação e crescimento do aluno, foram os itens de avaliação em ciências submetidos à escolha dos entrevistados.

 

 

 

RESULTADOS:

 

Foi de 2,5:1,8:1 a proporção entre estudantes do ensino médio, estudantes de graduação e professores entrevistados. Entre os estudantes do ensino médio os aspectos da avaliação mais valorizados foram conhecimento e esforço, dando menor importância ao crescimento; os acadêmicos de Biologia preferiram avaliar participação e esforço, com menor valorização do comportamento; os professores das diversas disciplinas elegeram conhecimento e participação, sendo esforço o menos votado; quando apenas as respostas dos professores de ciências foram computadas, repetiram-se as preferências observadas entre os professores das diversas disciplinas, apesar de uma discreta elevação percentual do aspecto capacidade de relação. Entre as sugestões para minimizar os efeitos da avaliação classificatória destacaram-se: atividades de avaliação relacionando o conteúdo ao cotidiano dos alunos; completo esclarecimento dos alunos sobre os mecanismos de avaliação; realização de avaliações mais freqüentes; avaliações como meio e não como fim do processo; possibilidade de reaprendizagem, agregando o conhecimento ao crescimento. 

CONCLUSÕES:

Apesar de divergirem em alguns aspectos, tanto estudantes quanto professores têm preferência pela avaliação do conhecimento e participação. O ponto mais controverso refere-se ao esforço, pois embora tenha sido relativamente bem valorizado pelos estudantes, foi o de menor atenção por parte dos professores nessa amostragem. Em relação à busca por uma avaliação capaz de realizar, além da classificação, a função diagnóstica, constata-se uma imperiosa necessidade de comunicar previamente aos alunos todos os detalhes relacionados às atividades de avaliação, uma vez que sem informação não é possível promover participação, reflexão, compreensão de erros e acertos. Além disso, a avaliação em ciências deve ser contínua e sistemática, tendo uma lógica de ciclo. Nesse sentido, concordamos na premência do aumento do número de atividades avaliativas, implicando em demanda de tempo, a qual geralmente não é atendida principalmente em função do atual modelo sócio-político.

 
Palavras-chave: Avaliação; Ciências; Conhecimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006