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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E O ENSINO DA MATEMÁTICA NO CICLO I

Vera Maria Jarcovis Fernandes  1
Laura Marisa Carnielo Calejon  2
Jane Garcia de Carvalho  3
Marlene Alves Dias 4
(1. Uniersidade Cruzeiro do Sul; 2. Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade São Marcos; 3. Universidade Cruzeiro do Sul; 4. Universidade Cruzeiro do Sul e Centro Universitário FIEO)
INTRODUÇÃO:

A importância do conhecimento construído pela matemática, assim como a dificuldade de aprendizagem observada nesta área obriga a pensar, em uma perspectiva interdisciplinar, a formação de professores e as particularidades do processo de ensino no Ciclo I. Estudando professores promotores do desenvolvimento de seus alunos Arias Beatón, (2005) encontrou, a partir do Enfoque Histórico Cultural como variáveis relevantes: a concepção do professor sobre o ensino, aprendizagem e desenvolvimento humano, o domínio do conteúdo ministrado e o significado atribuído à própria formação. Estudos sobre o fracasso escolar, no nosso contexto, demonstram crianças que conseguem resolver com sucesso, em situações da vida diária problemas que envolvem situações aritméticas e não conseguem o mesmo sucesso quando a situação é apresentada no formalismo escolar. As vivências do professor durante sua escolarização, em relação à matemática, determinam, sua atitude frente a esta área de conhecimento e a sua ação pedagógica. Os PCN’s estabelecem como objetivo geral da Matemática, no Ciclo I, o desenvolvimento de funções psicológicas que com freqüência são consideradas produtos de um desenvolvimento espontâneo do sujeito. Este trabalho apresenta concepções e vivencias de um grupo de professores do Ciclo I em relação à matemática, uma análise crítica dos PCN’s e interpretações  a respeito da Resolução de Problemas, configurando a convergência das pesquisas realizadas pelos autores.

METODOLOGIA:
Em um primeiro momento foram levantados dados através de um questionário aplicado em 30 professoras do Ensino Fundamental, alunos de um curso de Pedagogia e de Letras de uma Universidade da zona Leste da cidade de São Paulo. Neste questionário era solicitado que o professor aluno indicasse as matérias e professores que produziram melhores e piores lembranças e qual o motivo, suas concepções sobre ensino, aprendizagem e desenvolvimento humano e que como eles compreendiam as relações existentes entre esses processos. Com estes dados e a partir de uma leitura e análise crítica dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Matemática, tenta-se estabelecer uma relação entre as concepções encontradas e o que é esperado do professor do Ensino Fundamental. Finalmente, verificando que os PCN’s apontam a Metodologia de Resolução de Problemas como um caminho para trabalhar a matemática em sala de aula, busca-se através de uma leitura das diferentes interpretações desta Metodologia encontrar elementos de reflexão que permitam ao próprio professor modificar o seu trabalho em sala de aula tornando-o mais efetivo
RESULTADOS:

A matemática aparece com uma freqüência alta tanto nas vivências positivas quanto negativas dos participantes. As vivências em geral estão relacionadas com as séries do ciclo I, demonstrando a importância desta etapa da escolarização para o desenvolvimento do sujeito e da atitude posterior em relação ao conhecimento.Uma analise dos PCN’s demonstra que de um modo geral a Matemática no Ensino Fundamental pretende levar o aluno a compreender melhor, as transformações que ocorrem no contexto em que ele vive, as dimensões quantitativas e qualitativas destas transformações, assim como a perseverança na busca de soluções para os problemas, a curiosidade, o espírito de investigação e a auto-estima. A resolução de problemas é apontada pelos PCN’s como um dos caminhos para “fazer matemática” na sala de aula, e esta prestará sua contribuição à medida que forem exploradas metodologias que priorizem a criatividade, a comprovação, a justificativa, a argumentação, o controle, o espírito crítico, o trabalho coletivo, a iniciativa pessoal, a autonomia e o desenvolvimento da confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafios. Observa-se, nos professores que responderam o questionário uma referência a autores como Piaget, Vygotsky e Wallon que não revela a percepção de diferenças entre os fundamentos epistemológicos adotados por estes autores na explicação  do desenvolvimento humano e dos processos de construção de conhecimento.

CONCLUSÕES:

Os resultados encontrados mostram que é necessário que o professor tenha domínio do conteúdo matemático, para conseguir articular conceitos científicos desta área de conhecimento com os conceitos espontâneos que a criança já trás consigo através da sua experiência anterior, caso contrário ficarão sempre presos a “modelos” construídos por outros, sem significado para o aluno, como também para o professor que muitas vezes reproduz na prática educativa sua vivência matemática enquanto estudante. Além disso, é preciso lembrar que a matemática tem uma linguagem própria que precisa ser trabalhada de forma coerente e articulada com o mundo real para ganhar significado para o aluno. Sendo assim, para que a intervenção pedagógica seja bem sucedida, é necessário que o professor tenha uma concepção adequada do desenvolvimento humano de modo a organizar situações de ensino de determinados conteúdos, apoiando-se também no reconhecimento da função do conhecimento matemático que está sendo ensinado. No ensino fundamental a matemática deve introduzir o aluno no universo do desenvolvimento científico, sendo necessário demonstrar que existem diferentes representações para os objetos do mundo com diferentes nomeações. Uma compreensão mais adequada das diferentes teorias de ensino e aprendizagem e da relação existente entre a aprendizagem e o desenvolvimento humano ajuda o professor a compreender seu papel e o papel da escola.

 
Palavras-chave: Linguagem Matemática; Formação de Professores; Ensino Ciclo I.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006