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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 7. Serviço Social

SAÚDE SEXUAL-REPRODUTIVA: A (CO) EXPERIÊNCIA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NA FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES.

 

Eleniz Soares Lisboa  1
Paula Dias Bevilacqua  2
Maria de Fátima Lopes  1
Patrícia Fernanda Gouveia da Silva  1
Jacinta Cristiana Barbosa  1
Íris Ferreira de Sousa  1
(1. Departamento de Economia Doméstica – DED/Universidade Federal de Viçosa/UFV; 2. Departamento de Veterinária – DVT/Universidade Federal de Viçosa/UFV)
INTRODUÇÃO:

Este trabalho faz parte da proposta do Núcleo Interdisciplinar de Estudo de Gênero (NIEG), que congrega professores (as), pesquisadores (as) e estudantes de diversas áreas do saber. Neste núcleo a perspectiva de gênero é privilegiada, o que pressupõe considerar a realidade percebida e estruturada dicotomicamente em masculino e feminino. Adotamos no desenvolvimento deste estudo, realizado num Programa de Saúde da Família (PSF-Viçosa-MG), um instrumental teórico-analítico na área da saúde sexual-reprodutiva. Consideramos o processo saúde-doença como um fenômeno social, numa compreensão mais profunda e menos fragmentada, incorporando as diferentes possibilidades de apreensão da realidade entre homens e mulheres. O objetivo geral consiste em analisar as condições de atendimento do Programa de Saúde da Família, pesquisando formas de otimizar o sistema de informação, educação e comunicação na área de saúde e direitos sexuais-reprodutivos. Especificamente buscamos construir um acervo sobre as práticas sociais relativas à saúde sexual-reprodutiva, através de um banco de dados. E ainda registrar a produção e circulação do conhecimento compartilhado entre agentes de saúde e estudantes.

METODOLOGIA:

Realizamos concomitantemente, pesquisas cujos objetivos foram o de elaborar um diagnóstico daquela comunidade acerca das condições materiais de saúde feminina e do universo simbólico no qual se movimentavam as relações das mulheres com seu próprio corpo. Utilizamos metodologias qualitativas, possibilitando a coleta de dados acerca da história dos programas sobre saúde sexual-reprodutiva; a análise das representações sobre saúde sexual-reprodutiva, tanto dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Priorizamos técnicas participativas num processo interativo, integrando os vários sujeitos envolvidos na pesquisa. As técnicas do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) apresentaram-se como técnicas pertinentes, dado seu caráter incentivador da participação individual, dialógico, reflexivo. As técnicas do DRP utilizadas são: Diagrama de Fluxo, Mapeamento Histórico e Caminhada Transversal. Simultaneamente ao DRP, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e relatos orais. A observação participante perpassa todas essas técnicas, sendo concebida como uma atitude frente ao objeto e local de estudo.

 

RESULTADOS:

O trabalho do NIEG junto aos PSFs de Viçosa tem se caracterizado como uma rede de relações tecida há alguns anos e efetivada pelo compromisso social assumido com a comunidade. Essa experiência é uma oportunidade de continuar buscando respostas a questões extremamente importantes, não apenas como reflexão teórica, mas fundamentalmente como efetivação de políticas públicas conseqüentes no campo da saúde sexual-reprodutiva, e a responsabilidade de trabalhar para a inclusão social de parcelas maiores da população. A estratégia de Saúde da Família constitui um avanço para a substituição do modelo tradicional de atenção à saúde por um modelo centrado nos princípios da vigilância à saúde. Em todo o Brasil, o PSF vem conseguindo aumentar o acesso da população aos serviços de saúde e a práticas mais integrais. Apesar dos resultados alcançados com a estratégia do PSF, alguns problemas na operacionalização do sistema, como número excessivo de atribuições e treinamento inapropriado dos agentes comunitários de saúde, dificultam a efetividade do programa. Observamos ainda, dificuldades pelas demandas psico-afetivas que implicam a prática coerente com as propostas do PSF. Foi possível verificar um aprofundamento teórico-metodológico acerca da saúde e direitos sexuais-reprodutivos, e de suas categorias derivadas, como práticas contraceptivas, violência, interrupção voluntária da gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez na adolescência, fundamentais para construção do acervo.  

CONCLUSÕES:

No município de Viçosa, a necessidade de ampliação do número de equipes é fato; uma vez que apenas 18% da população são beneficiados pelo programa. Entendemos que para uma ampliação conseqüente das ações atendendo uma política de expansão dessa cobertura a partir de orientação do governo federal, requer uma avaliação e planejamento de ações, que sejam consistentes teoricamente e conseqüentes politicamente. Neste sentido, buscamos contribuir para essa expansão num trabalho de mão dupla entre comunidade e universidade, visando o processo de interdisciplinaridade, na troca de sabres distintos e complementares.

Instituição de fomento: Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV
 
Palavras-chave: Gênero; Saúde; Família.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006