A  pesquisa na graduação em enfermagem é pouco enfatizada, sendo mais valorizada nos cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado. Em 1987, diversos seminários foram realizados para discutir o perfil do novo profissional de enfermagem e suas implicações no currículo, o que levou à aprovação da Proposta Preliminar de Currículo Mínimo para os Cursos de Graduação em Enfermagem pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). Nesta, houve a inserção da disciplina metodologia da pesquisa, incentivando os graduandos à elaboração de projetos de pesquisa e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A elaboração de pesquisa durante a graduação é um excelente momento para aprendizagem, pois propicia crescimento profissional e aprimoramento do conhecimento, além de conferir aos graduandos experiência e prática na elaboração do TCC.  Posteriormente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Enfermagem determinaram que, para a conclusão do curso, o aluno deverá realizar, obrigatoriamente, um trabalho sob orientação docente. A insuficiência de estudos acerca da análise dos TCCs na EEUFBA levou à elaboração desta pesquisa, que tem como objetivo geral analisar os TCCs produzidos no curso de graduação da Escola de Enfermagem da UFBA (EEUFBA) no período de 2000 a 2004. O objetivo específico consiste em identificar o número de autores, a temática abordada, o tipo de estudo, instrumentos de coleta e análise de dados utilizados.

Trata-se de um estudo exploratório descritivo com abordagem quantitativa. Este tipo de estudo possibilita ao pesquisador fazer um levantamento provisório do fenômeno que deseja estudar e, posteriormente, analisá-lo de forma mais detalhada e estruturada. O objeto de estudo foi composto pelos TCCs produzidos pelos graduandos da EEUFBA no período de 2000 a 2004 e a amostra constituída dos TCCs disponíveis na biblioteca da instituição no período da coleta de dados. Para atingir os objetivos do estudo, foi aplicada uma ficha metodológica como instrumento de coleta de dados. A coleta dos dados foi realizada durante os dias 04, 05, 17, 18 e 19 de agosto de 2005 no acervo bibliográfico da Escola de Enfermagem da UFBA. A ficha metodológica abordou dados como identificação do TCC (tema, autor (s), orientador, ano de elaboração), área temática, tipo de estudo, instrumento de coleta de dados, análise dos dados e tipos de fontes bibliográficas.

Foram encontrados 108 TCCs, dos quais 8,33 % foram produzidos no ano de 2000; 12,04 % em 2001; 12,04 % em 2002; 27,78 % em 2003 e 39,81 % em 2004. A maioria dos TCCs (59,26%) foi elaborado por 2 autores; 22,22% por 1 autor; 10,19% por 3 autores e 8,33% por 4 autores. Com relação à área temática, 24,07% concentravam-se na área de Saúde Coletiva; 16,66% na área de Clínico-Cirúrgico; 14,82% na área de Criança; 10,19% na área de Administração em Enfermagem; 9,26% na área de Mulher; 4,63% na área de Saúde Mental; 1,85% na área de Idoso e 18,52% em outras áreas. O tipo de estudo qualitativo foi o mais utilizado na construção dos TCCs (53,70%). 32,41% dos TCCs apresentou abordagem quantitativa e 13,49% abordagem quanti-qualitativa. 38,89% dos TCCs utilizou análise estatística como processo de análise dos dados; 37,04% utilizou análise de conteúdo; 14,81% análise de discurso; 5,56% análise de conteúdo e estatística e 3,70% análise estatística e de discurso. As fontes utilizadas para a construção do referencial teórico foram imprensa escrita, dados digitais, periódicos e trabalhos acadêmicos. Verificou-se que 81,48% utilizou duas ou mais fontes; 13,89% todas as fontes; 3,7% apenas imprensa escrita e 0,93% apenas periódicos. Com relação à orientação dos TCCs, a porcentagem de professores que orientou somente um trabalho durante os anos de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 foi, respectivamente, 87,5%; 91,67%; 100%; 84,62% e 86,11%.

A escassez de TCCs disponíveis na biblioteca entre os anos de 2000 a 2002, deve-se à interferência das greves na conclusão dos semestres, fazendo com que os mesmos tornassem-se atípicos. Deve-se ressaltar também que estes eram realizados por até cinco alunos-autores, o que difere dos anos de 2003 e 2004, onde se encontraram no máximo dois alunos-autores. A concentração dos TCCs na área temática intitulada Saúde Coletiva deve-se ao desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e à grande ênfase dada à Estratégia de Saúde da Família (ESF). A predominância dos estudos qualitativos deve-se ao crescimento ainda muito recente de pesquisas nas áreas epidemiológica e estatística para a enfermagem. Constatou-se a preocupação dos alunos em diversificar as fontes bibliográficas, garantindo a confiabilidade na construção dos TCCs. Devido ao grande número de atividades desenvolvidas pelos professores, principalmente os doutores, a orientação de mais de um trabalho poderia comprometer a qualidade do mesmo. Com a elaboração deste estudo, percebe-se a importância da elaboração do TCC como atividade pedagógica na formação dos alunos no que tange à construção do conhecimento. A elaboração dos TCCs deve demandar esforços dos docentes e dos discentes, visto que esses estudos representam não somente um exercício acadêmico, mas também um indicador de qualidade institucional, um mecanismo de aperfeiçoamento da visão crítica e uma possível contribuição para a solução de problemas sociais.