F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 7. Economia Regional e Urbana |
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O PROCESSO IMIGRATÓRIO OCORRIDO NO ESPÍRITO SANTO E O LEGADO ITALIANO NO SEU DESENVOLVIMENTO |
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Joyce Moreira de Oliveira 1 |
Alexsandro Mairink Hoffman 1 |
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(1. Departamento de Economia, Universidade Federal do Espírito Santo/UFES) |
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INTRODUÇÃO: |
O objetivo deste trabalho é compreender o processo imigratório no Espírito Santo e suas conseqüências mais gerais. Esse interesse surgiu a partir da percepção de que nossa colonização foi tardia, sendo somente realizada de fato com a vinda de imigrantes em fins do século XIX e início do XX.
Tardia, mas fundamental. A estrutura fundiária de pequenas propriedades, fruto desta imigração, persiste até os dias atuais. Compreender os determinantes deste processo é o caminho mais correto para perceber as particularidades de nosso estado e intervir na realidade de forma positiva.
A presença maciça do migrante italiano, e não de outra nacionalidade, também merece destaque e discussão. Veremos que ele foi fundamental no processo de consolidação do “ser” do capixaba.
Ademais, existem indícios de que o estado, junto a alguns poucos outros, serviu de vitrine para a política imigratória do Império. Obviamente, para um estado pobre e marginalizado nos vários ciclos de crescimento que o país já havia experimentado, este foco traria consideráveis mudanças. |
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METODOLOGIA: |
O trabalho foi dividido em três tópicos para que as idéias e seus desenvolvimentos sejam mais bem discutidos. No primeiro tópico ocorrerá uma breve discussão acerca dos condicionantes internos e externos do processo de migração ocorrido. Em outras palavras, será sintetizado neste capítulo o contexto histórico de fins do século XIX e início do XX com o objetivo explícito de localizar o estado capixaba neste cenário. Dessa forma, espera-se compreender os acontecimentos o mais próximo possível de sua totalidade.
A seguir é feita uma análise do processo imigratório no Espírito Santo, mostrando de que forma este processo ocorreu, ou seja, quais foram seus propulsores. Analisar-se-á o papel do Governo Central e as condições internas do estado, bem como seu papel num contexto maior que é o da política imigratória desenvolvida de início pelo Império e depois pela República.
Por último discute-se a questão da imigração italiana e sua efetiva contribuição para o desenvolvimento da nossa região utilizando-se para isso do conceito de capital social oferecida por Pedro Bandeira.
A bibliografia básica foram os escritos de Campos Júnior, Antônia Colbari, Gilda Rocha, entre outros, sobre o histórico da migração no Espírito Santo. |
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RESULTADOS: |
Verificamos ser real a constatação de que a colonização do Espírito Santo ocorreu de forma peculiar. Vimos que ela iniciou-se de fato apenas no século XIX, sendo em grande parte desmotivada, até então, por ações do próprio Império, como no caso da utilização do estado como barreira natural durante o período da mineração.
Percebemos que a imigração foi na verdade responsável pelo povoamento de um estado que, por volta de meados do século XIX, tinha ainda cerca de 75% de terras devolutas. Foi comprovado que nosso território foi utilizado como propaganda para atrair imigrantes ao Brasil. Também notamos que devido a esse grande fluxo imigratório a forma organizacional predominante foi a da pequena propriedade.
Por fim, foi significante a contribuição dos imigrantes italianos no desenvolvimento econômico e sócio-cultural do Espírito Santo. Eles auxiliaram na valorização do trabalho, do senso comunitário, elevando assim o capital social do estado. |
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CONCLUSÕES: |
É inegável que, durante muitos anos, as potencialidades do Espírito Santo foram negligenciadas, sendo que somente passaram a ser exploradas com a colonização de seu solo.
Assim como foi estratégico na defesa do ouro das Minas Gerais durante o século XVIII, o estado foi central na nova política de imigração do Império, e depois da República, impulsionada pela pressão dos grandes agricultores. Nosso território serviu às aspirações do Governo Central, sendo vitrine dessa política imigratória, de forma semelhante ao ocorrido na região Sul.
A migração aqui, contudo, não seguiu a ótica nacional de fornecimento de trabalhadores à grande lavoura. Mas ao contrário do ciclo do ouro, o estado foi imensamente dinamizado pela imigração nos moldes de colonização e povoamento.
Os imigrantes, principalmente italianos, modificaram as estruturas econômicas e sociais do estado, tornando-as mais complexas. Essa mudança era dinamizada pela estrutura fundiária que emergia: pequenas propriedades na região central formada por comunidades consolidadas e a fragmentação dos grandes latifúndios do sul, que em seus momentos de auge alcançava cifras mais elevadas que as maiores fazendas de São Paulo ou Rio de Janeiro.
Assim sendo, todo o estado do Espírito Santo é moldado em praticamente um século, tendo por fim características bem diferentes, mas tão peculiares quanto às do início de sua formação. |
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Palavras-chave: Imigração; Desenvolvimento; Sociedade. |
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Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
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