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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística

CASO ABSTRATO E A ALTERNÂNCIA DOS PRONOMES EU E MIM EM ORAÇÕES INFINITIVAS PREPOSICIONADAS NO PB

Danniel da Silva Carvalho  1
(1. Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística / PPGLL-UFAL)
INTRODUÇÃO:

Desde Government and Binding (CHOMSKY, 1981), a distribuição dos DPs dentro da sentença é regulada essencialmente por dois princípios: EPP e a Teoria do Caso (abstrato). O Caso abstrato determina que um DP só pode vir realizado na sentença se receber Caso de algum atribuidor, enquanto EPP determina que certas categorias funcionais (IP e VP, pelo menos) projetam necessariamente um especificador. Desenvolvimentos recentes na Teoria Gerativa (CHOMSKY, 2000; 2001), sugerem um enfraquecimento do Caso abstrato como princípio determinante na distribuição do DP na sentença, sendo todo movimento motivado pela checagem do traço EPP. Assim, o Caso deixa de ser um elemento decisivo na distribuição dos DPs, exercendo (pelo menos aparentemente) um papel coadjuvante nesse passo da derivação. Uma evidência de tal enfraquecimento é vista no quadro pronominal do PB, onde apenas a primeira pessoa do singular possui formas distintas para cada Caso atribuído. Seguindo esta tendência, proponho uma análise dos DPs pronominais EU e MIM precedidos de proposição (para e de) em orações encaixadas infinitivas no Português do Brasil (PB), mostrando evidências de que a alternância na realização de tais pronomes não é definida pela marcação Casual ambígua, em contraste às perspectivas tradicionais de análise, que sugerem haver dois atribuidores Casuais motivando tal alternância nesse tipo de estrutura.

METODOLOGIA:

A partir de dados de introspecção e de uma extensa pesquisa bibliográfica, desenvolvo este trabalho com base na Teoria Gerativa chomskyana, mais especificamente em seus modelos mais recentes (CHOMSKY, 2000; 2001a; 2001b).

RESULTADOS:
A alternância dos DPs EU e MIM precedidos de proposição (para e de)  em orações encaixadas infinitivas não é resultado de uma dupla atribuição de Caso abstrato, pois, no processo de derivação sintática, ambos os pronomes possuem o mesmo feixe de traços phi e o mesmo traço Casual enfraquecido proveniente da preposição, não havendo na sintaxe, portanto, nenhuma motivação para tal alternância. A pesquisa também mostrou não haver relação direta entre o caso morfológico (forma dos pronomes pessoais) e seus supostos Casos abstratos, já que diferentes formas pronominais realizam-se em uma mesma posição Casual.
CONCLUSÕES:

A análise desenvolvida evidenciou o caráter extra-sintático da alternância dos pronomes EU e MIM precedidos de proposição (para e de) em orações encaixadas infinitivas, corroborando a hipótese de que, na sintaxe, tais pronomes são compostos pelo mesmo feixe de traços, não sendo distintos no processo de derivação.

Instituição de fomento: CAPES
 
Palavras-chave: Caso; distribuição do DP; orações infinitivas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006