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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 5. Teoria e Análise Lingüística

SE ANAFÓRICO EM PB E PSEUDOCONCORDÂNCIA

Dorothy Bezerra Silva de Brito  1
(1. Programa de Pós-Graduação em Letras e Lingüística / PPGLL-UFAL)
INTRODUÇÃO:

As restrições sobre as relações anafóricas nas diferentes línguas sempre foram questão de debate na Teoria Gerativa chomskyana. Numa perspectiva comparativa, quando se observa a relação entre antecedente e forma dependente, o que se encontra são gradações na força de restrições de concordância e localidade, o que torna possível agrupar línguas de acordo com a sua (in)flexibilidade dentro das várias dependências anafóricas. Baseada na proposta de Burzio (1992) para uma caracterização de línguas a partir da possibilidade de relações anafóricas de longa distância entre sujeitos de NP e um NP externo antecedente, desenvolvo uma reflexão sobre a aplicabilidade da hipótese da pseudoconcordância apresentada pelo autor, principalmente no que concerne ao Português Brasileiro, mais especificamente à possibilidade que este apresenta de ligação entre a anáfora se e qualquer pronome pessoal como antecedente, ainda que eles não compartilhem a mesma especificação de traços.

METODOLOGIA:

A análise é realizada através da comparação entre os dados apresentados por Burzio (1992) e dados de introspecção da autora, como falante nativa do PB.

RESULTADOS:

A análise de Burzio (1992), apesar de direcionada a ligações anafóricas de longa distância (LDA), permite a reflexão sobre a possibilidade que o PB apresenta de ligação entre anáfora se e qualquer pronome pessoal como antecedente, o que o autor classifica como Pseudoconcordância. Para Burzio, anáforas reflexivas do tipo se não podem verdadeiramente concordar com seu antecedente no sentido de partilhar traços idênticos, mas podem somente pseudoconcordar, no sentido de não possuir traços distintos. A questão não esclarecida é o motivo da necessidade de estabelecer uma concordância, ainda que pseudo, entre uma forma vazia e uma forma com uma especificação de traços própria. Se há uma absorção dos traços do antecedente pela forma dependente, qual seria a motivação para esta operação?

CONCLUSÕES:

Verifico que a hipótese da pseudoconcordância não encontra sustentabilidade quando aplicada às dependências anafóricas onde a anáfora se é ligada localmente a um pronome pessoal antecedente, já que, não possuindo nenhuma especificação de traços, nem mesmo uma pseudoconcordância seria necessária.

Instituição de fomento: FAPEAL
 
Palavras-chave: anáfora; pseudoconcordância; se reflexivo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006