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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

AVALIAÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR NOS UNIVERSITÁRIOS DO SEXO FEMININO DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

Gabriela Matilde Daminelli Massotti  1
Andréa Fontoura Motta 2
Cassiana Liz Leugi da Costa  3
Fabiana Flores Sperandio  4
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC; 2. Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC; 3. Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC; 4. Universidade do Estado de Santa Catarina / UDESC)
INTRODUÇÃO:

Esta pesquisa teve como objetivo verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular nos acadêmicos do sexo feminino da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Os estudos epidemiológicos a respeito das disfunções temporomandibulares (DTMs) mostram resultados contraditórios que abrangem diferentes estimativas de prevalência e incidência. Esses resultados podem ser atribuídos, em parte, à ausência de padronização de um mesmo critério para avaliar os aspectos biopsicossociais relacionados a DTM. Diversos estudos mostram que essa disfunção acomete um alto índice de indivíduos do sexo feminino com idade superior a 18 anos, com uma evolução que acontece, geralmente, de maneira silenciosa e assintomática. O tema DTM é ainda pouco discutido na área da saúde e, devido à insuficiência de estudos epidemiológicos no Brasil, se faz imprescindível um estudo detalhado que mostre a relevância de se verificar a prevalência de sinais e sintomas de DTM em uma população adulta jovem brasileira.

METODOLOGIA:
A amostra foi constituída de 112 indivíduos do sexo feminino, com idade entre 18 e 30 anos. Para participação na pesquisa foram observados alguns requisitos, como não estar tomando medicação como analgésicos, relaxantes musculares, narcóticos, tranqüilizantes ou antidepressivos e não estar em tratamento ortodôntico. Os dados foram coletados nos Campus da UDESC (Florianópolis) durante o período de agosto a novembro de 2005 em uma sessão de avaliação do sistema estomatognático. Foi aplicada uma ficha de avaliação subdividida em um questionário com 12 questões e mais o questionário de Fonseca et al. (1994), além de um exame físico da articulação temporomandibular (ATM). O exame físico constou de testes para identificar os sinais mais freqüentes relatados na literatura, tais como alterações durante a mobilidade mandibular e a prevalência de sensibilidade/dor articular e muscular. Os dados coletados permitiram a classificação da amostra quanto ao grau de disfunção segundo dois índices: o índice anamnético de Fonseca et al. (1994), e o índice de disfunção clínica de Helkimo (1974).
RESULTADOS:

Os dados obtidos mostram que entre os sujeitos da amostra a porcentagem de indivíduos classificada através do índice anamnético de Fonseca et al. (1994) foi de: 20% para os indivíduos sem DTM; 53% para a mostra classificada como tendo DTM leve; de 22% para a DTM moderada; e de 5% para os indivíduos com DTM severa. Já através do índice de Helkimo (1974) essas porcentagens foram de: 4% para os indivíduos sem DTM; 59% para a DTM leve; 27% para a DTM moderada; e 10% para os sujeitos com DTM severa. A maior diferença observada entre os dois índices foi de 16% para a amostra classificada sem DTM. Quanto ao padrão de abertura bucal, 35% apresentaram dinâmica de abertura normal, porém, a maior parte da amostra, 65%, apresentou desvio ou deflexão. Durante a ausculta, em 69% dos indivíduos foi detectado algum tipo de som articular (estalido/crepitação), e apenas 31% não apresentaram nenhum tipo de ruído. A mobilidade mandibular mostrou-se em suas amplitudes como normal na maioria dos indivíduos, dentro do padrão relatado pela literatura.  Na palpação muscular, 51% dos indivíduos apresentaram de 1 a 3 músculos mastigatórios com sinais de desconforto/dor à palpação, 12% deles apresentaram sensibilidade à palpação em 4 ou mais músculos, e 37% não relataram nenhum tipo de desconforto. Já durante a palpação articular, 48% da amostra relatou sensibilidade durante a palpação.

CONCLUSÕES:

A análise de diversos aspectos teóricos relativos às disfunções temporomandibulares, desde a anatomia das articulações temporomandibulares (ATMs) e fisiopatologia de cada disfunção, permite observar a complexidade do diagnóstico, tendo em vista as diversas patologias que apresentam sinais semelhantes aos das DTMs. Nos diferentes índices utilizados para se classificar a amostra, a sensibilidade e experiência do pesquisador são importantes para garantir a fidedignidade obtida dos pacientes. Neste estudo, pode-se constatar através dos resultados que os sinais e sintomas de DTM estão presentes em uma grande parcela da amostra. Este resultado tem significado ao considerarmos as características da população, pois embora a prevalência de DTM seja considerada maior em mulheres de meia idade na literatura, em nosso estudo foi possível verificar a alta prevalência dessa disfunção em uma população adulta jovem. A partir dessas considerações fica clara a importância de se identificar precocemente tais sinais, bem como seus possíveis fatores desencadeantes, para que se possa trabalhar na prevenção dessa patologia tão comum em nossa sociedade.

 
Palavras-chave: prevalência; disfunção temporomandibular; índices.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006