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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 7. Serviço Social
A DESARTICULAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ/RO.
Dalva Felipe de Oliveira 1
Dulce Teresinha Heineck 1
João Batista Francelino dos Santos 1
Lediane Fani Felkze 1
Marilene B. Momo da Cruz 1
Simône Negrello Oliveira 1
(1. CENTRO UNIVERSITÁRIO LUTERANO DE JI-PARANÁ)
INTRODUÇÃO:
Desde o descobrimento do Brasil os conflitos sociais que eclodiram no país foram resultantes das disputas entre as oligarquias rurais que sempre resistiram em preservar os grandes latifúndios, tentando manter o status quo vigente, contra os índios, os negros-escravos, os posseiros e sem-terras. Luta esta que vem tomando novas proporções em virtude do aumento da concentração da propriedade da terra, dos meios de produção e da renda nas mãos dessas oligarquias rurais que vem se mantendo no poder político e que tenta de todos os meios impedir qualquer tipo de mudança. O resultado desse panorama político-social é essa má utilização e distribuição da terra no Brasil e mais especificamente no Estado de Rondônia, a concentração favoreceu os detentores do capital que a partir de agora tem um lócus para extrair renda da terra desarticulando a agricultura familiar. O objetivo desta pesquisa foi analisar os fatores que explicam a desestruturação da agricultura familiar no município de Ji-Paraná /RO. Para compreender a dinâmica desse processo, partiu-se da seguinte hipótese: Será que a causa que levou os agricultores familiares a migrarem para cidade está relacionado com a falta de uma política que garanta sua sobrevivência no campo?
METODOLOGIA:
Com a finalidade de atingir o objetivo proposto utilizou-se o estudo de caso qualitativo como método de procedimento e os dados foram coletados através da entrevista semi-estruturada e da observação direta realizada durante visitas às famílias, aos locais de trabalho e lazer, em reuniões da comunidade. Esta pesquisa foi realizada junto ao grupo de treze famílias (município de Ji-Paraná), sendo seis famílias de agricultores e sete famílias que migraram da zona rural para a zona urbana. Além desse grupo entrevistou-se o coordenador do Projeto Padre Ezequiel e o Gerente da EMATER (Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural) do município de Ji-Paraná.
RESULTADOS:
Percebe-se que existe uma conjugação de fatores que forçam a migração das famílias rurais para a cidade. Segundo o representante do Projeto Padre Ezequiel, o que mais contribui para o aumento do êxodo é a má administração na política agrícola, a falta de estrutura, planejamento e a falta de verbas para execução de projetos. Para o gerente da EMATER, os desafios que encontram para implementar os projetos junto aos agricultores estão na burocracia, na licença de instalação de uma agroindustrialização e na falta de alternativas por parte dos órgãos públicos. Mas apesar dessas limitações este desenvolve os seguintes projetos: Piscicultura, Fruticultura, Oleicultura, Agroecologia e Desenvolvimento Social. Todavia, esses projetos não foram suficientes para conter a migração das famílias em direção aos centros urbanos. As famílias que migraram do campo para a zona urbana ressaltam que esse deslocamento trouxe vários benefícios como escolas para os filhos, acesso aos postos de saúde, mas também trouxe desvantagens, como a diminuição da qualidade de vida, falta da estrutura familiar, perda da dignidade na expressão de seus valores. Enquanto as familiais que permaneceram no campo se ressentem da falta de apoio financeiro dos governos e a falta de transitáveis estradas no período das chuvas que comprometem a reprodução social do grupo, no entanto a rede de relações tecidas entre eles e as entidades voltadas à questão favorecem a permanência das mesmas no campo.
CONCLUSÕES:
Verifica-se que o processo de urbanização, via migração rural-urbana, está acarretando problemas sociais, pois os centros urbanos não possuem condições de absorver este contingente populacional, tanto em termos de emprego como em termo de habitação, água, condições médico-sanitárias, isso faz com que vastas camadas da população fiquem fora do processo produtivo, não se integrando, portanto, realmente, à sociedade. Dessa forma, os problemas do campo se constituem em problema das cidades, por isso a alternativa viável seria a implementação/implantação de políticas públicas direcionadas para a agricultura familiar haja vista que a mesma propiciaria um modelo econômico mais eqüitativo (na distribuição de renda) e mais eficiente (no abastecimento alimentar mais barato).
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Agricultura Familiar; Políticas Públicas; Inclusão Social.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006