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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 3. Citologia e Biologia Celular
CONCENTRAÇÃO CRÍTICA DE ELETRÓLITOS NOS TÚBULOS DE MALPIGHI DA Diatraea saccharalis FABRICIUS, 1794 (LEPIDOPTERA; CRAMBIDAE) NO FINAL DA FASE LARVAL
Hélio Conte 1
Fábio Fermino 1
José Ricardo Penteado Falco 1
(1. Depto. de Biologia Celular e Genética, Universidade Estadual de Maringá/PR- UEM)
INTRODUÇÃO:

Os insetos têm os túbulos de Malpighi como os principais órgãos excretores, cuja função é homeostática, através da eliminação do excesso de sais e produtos nitrogenados, segregação de substâncias presentes na hemolinfa e reabsorção de constituintes úteis. D. saccharalis na fase larval apresenta seis túbulos de Malpighi que podem ser observados aderidos ao longo do tubo digestivo, desde a região mediana do mesêntero até o final do proctodeo. Eles se apresentam como filamentos sinuosos, presos por inúmeras traqueíolas e são do tipo sistema criptonefridial caracterizados por possuírem três regiões morfologicamente distintas (proximal, mediana e distal). O corante azul de toluidina em pH 4.0 caracteriza a presença de ácidos nucléicos, formando um complexo metacromático (violeta). Essa propriedade do corante associada à adição de MgCl2 (cátion) propicia uma competição pelo sitio de ligação (grupo fosfato) dos ácidos nucléicos. Com o crescente aumento do cátion, em certa concentração, a coloração dos ácidos nucléicos deixa de ser metacromática. Esse evento foi chamado de Concentração Crítica de Eletrólitos (CEC) cujo valor é expresso pela molaridade do MgCl2, sendo as diferenças encontradas nos valores de CEC devido a estruturas variadas na conformação da cromatina. Este trabalho teve por objetivo caracterizar a estrutura da cromatina através da CEC nas três regiões dos túbulos de Malpighi nos instares larvais L4 e L5 de D. saccharalis.

 

METODOLOGIA:

Com o auxílio de estereomicroscópio os túbulos de Malpighi de larvas de 4º e 5º ínstar foram extraídos em solução fisiológica, seccionados em três regiões (Proximal: da ampola até a primeira bifurcação; Mediana: da bifurcação até o enovelamento próximo ao proctodeo; Distal: do enovelamento no proctodeo até a região da membrana perinéfrica) sendo esmagados (lâmina e lamínula) em ácido acético 45% e congelados em nitrogênio líquido. Após atingirem temperatura ambiente foi retirada a lamínula. O material foi então fixado em etanol: ácido acético (3:1 V/V) por 2 minutos, lavado em etanol 70% por 10 minutos. Após secar ao ar as lâminas foram coradas por 20 minutos com azul de toluidina 0,025% em tampão McIlvaine pH 4.0 acrescido de diferentes concentrações de MgCl2 (0,0 -controle-; 0,02; 0,05; 0,08; 0,10; 0,12; 0,15; 0,20; e 0,30 mol/L). O material foi lavado em água deionizada e secado ao ar. Em seguida diafanizado em xilol por 15 minutos e montado em Entellan. As observações e documentações fotográficas foram realizadas em fotomicroscópio Zeiss.

 

RESULTADOS:

Com azul de toluidina controle (sem MgCl2) os núcleos das células principais das três regiões dos túbulos de Malpighi se apresentam morfologicamente semelhantes, com núcleos grandes, cromatina muito descondensada e um nucléolo central, fortemente corado exibindo metacromasia. Isso ocorreu nos dois ínstares analisados. As células principais dos túbulos de Malpighi em larvas de 4º ínstar a partir da concentração 0,02 mol/L de MgCl2 até 0,10 mol/L deixaram de exibir a coloração violeta e passaram a se corar em azul, isso nas três regiões do órgão analisado. Na concentração 0,12 mol/L as três regiões dos túbulos apresentaram coloração verde (CEC). Essa similaridade observada em larvas de 4º ínstar não foi valido para as larvas de 5º ínstar. As células principais do órgão analisado desde as primeiras concentrações de MgCl2 já apresentaram colorações diferenciadas, a região distal com o acréscimo de 0,05 mol/L apresentou coloração azul, enquanto as regiões mediana e proximal ainda apresentavam coloração violeta/azul. Essa diferença ficou ainda mais evidente quando analisamos as lâminas coradas com 0,08 mol/L onde as regiões proximal e mediana estavam azuladas enquanto a região distal estava corada em verde (CEC). A região proximal e a mediana apresentaram CEC com o acréscimo de 0,10 mol/L de MgCl2.

 

CONCLUSÕES:

Comparando os resultados obtidos nos dois ínstares analisados propomos que em larvas mais jovens existe uma maior compactação na cromatina nas células principais que compõe os túbulos de Malpighi o que nos permite dizer que há uma menor atividade gênica e, por conseguinte menor síntese de polipeptídios envolvidos na excreção. Com relação às regiões morfologicamente distintas podemos propor que no final da fase larval a região distal apresenta uma maior atividade gênica se comparada com as outras regiões, essas que têm maior compactação da cromatina. Entendemos que esse evento ocorre, pois a região distal é aquela que se mantém em íntimo contato com o epitélio retal, ficando isolada pela membrana perinéfrica e tendo como função reabsorver os constituintes indispensáveis. Esse tipo de organização funcional é característico em insetos que apresentam sistema criptonefridial, como as larvas de D. saccharalis.

 

 

Instituição de fomento: Bolsista PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Lepidoptera; CEC; Túbulos de Malpighi.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006