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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil

VARIABILIDADE DO NÚMERO DE ORIFÍCIOS GLANDULARES NO ENDOMÉTRIO DE PACIENTES INFÉRTEIS AVALIADOS PELA HISTEROSCOPIA DIGITAL

João Sabino Lahorgue da Cunha Filho 1, 2
Eduardo Pandolfi Passos 1, 2
Cristian Rafael Sloczinski 1, 2
Greyce Berton 1, 2
Wilson Pires Gavião Neto 3
(1. Hospital de Clínicas de Porto Alegre; 2. Depto. de Ginecologia, Faculdade de Medicina, UFRGS; 3. Instituto de Informática, UFRGS)
INTRODUÇÃO:

As alterações hormonais, bioquímicas e morfológicas que ocorrem no endométrio no período secretor médio do ciclo menstrual são essenciais para a implantação do embrião e o progresso de uma gestação. Sabe-se, ainda, que dentro dessas alterações morfológicas, o número de orifícios glandulares (OG) tem importância fundamental.

A avaliação endometrial foi primeiramente proposta por Noyes, em 1950, que determinou parâmetros morfológicos (histologia), utilizados até hoje. Entretanto, a prevalência de alterações descritas é igual em mulheres férteis e inférteis. Além disso, a análise da cavidade uterina pela realização de histeroscopia utiliza, na maioria das vezes, critérios empíricos e dependentes de operador.

Nosso grupo de pesquisa desenvolveu um software que identifica e quantifica orifícios glandulares endometriais que são avaliados pela histeroscopia (histeroscopia digital).

Não sabemos se existe uma variabilidade dos OG durante o ciclo menstrual ou mesmo entre as pacientes, a literatura ignora esse dado pois a sua avaliação era praticamente impossível até a criação desse instrumento de avaliação (histeroscopia digital).

Foi justamente com o objetivo de contar o número de OG e avaliar se existe diferença no número de OG no mesmo exame e em exames de pacientes diferentes que propomos a presente pesquisa.

METODOLOGIA:

Foram analisados 24 vídeos de histeroscopias de pacientes inférteis de causa masculina ou tubária. Não incluímos mulheres com aborto de repetição ou endometriose. Todos os exames foram realizados durante a fase secretória média, através de evidências da ultra-sonografia. Desses 24 vídeos foram selecionadas 561 imagens do fundo do útero de forma semi-automática que foram agrupadas em 102 seqüências, de acordo com o grau de similaridade das imagens de uma mesma paciente. Na escolha das 561 imagens, o investigador interviu escolhendo aquelas que melhor representavam o fundo do útero, agrupando as mesmas em seqüências de acordo com o grau de similaridade levando em consideração distância, local e luminosidade das mesmas. Em seguida, o software, desenvolvido em uma parceria entre o Hospital de Clínicas de Porto Alegre e o Instituto de Informática da UFRGS, fez a contagem dos OG dessas imagens, levando em consideração a diferença entre o contraste das imagens.

RESULTADOS:

Foi realizado teste de ANOVA com p<0,05 para avaliar a variabilidade dos achados. A média de OG foi de 53,21 com desvio-padrão de 29,9. O vídeo com a maior contagem de glândulas teve 158 OG e o com menor observou-se apenas 4 OG. O teste de ANOVA foi significativo na avaliação dos OG entre diferentes grupos de imagens e também observou que no mesmo exame existe uma significante variabilidade (p=0,0001).

CONCLUSÕES:

Foi demonstrado um novo método para o estudo do endométrio na fase secretora média do ciclo menstrual. Esse método é baseado na contagem de OG durante a realização de histeroscopia. Porém, como existe uma importante variabilidade no número de OG entre as pacientes e dentro do mesmo segmento de imagens, é fundamental que exista uma interação do examinador com as imagens selecionadas pelo software para que essas melhor representem o endométrio visando a futuras comparações.

O uso dessa ferramenta é o primeiro passo para entendermos melhor o papel dos OG na implantação e desenvolvimento embrionário inicial, assim como em situações patológicas como aborto de repetição e endometriose.
Instituição de fomento: FAPERGS, CNPq, FIPE-HCPA
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: infertilidade; endométrio; histeroscopia digital.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006