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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
ATUAÇÃO DAS(OS) EGRESSAS(OS) DOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA REALIZADOS  PELA UFBA, NO SISTEMA DE SAÚDE DE SALVADOR- BA
Mina Morena de Souza Rocha  1
Silvia Lúcia Ferreira  2
(1. Estudante de Graduação em Enfermagem, participante do GEM / UFBA; 2. Profª Drª do Departamento de Enfermagem Comunitária da EEUFBA/ DECOM)
INTRODUÇÃO:

A importância do acompanhamento do trabalho de parto, o pagamento e treinamento de enfermeiras obstétricas para realizar partos normais, formam medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, desde 1998. Através da melhoria da qualificação profissional, o MS visava o fortalecimento da enfermagem obstétrica, o estímulo ao parto normal e, a conseqüente redução da taxa de cesárea e de morbimortalidade materna. Tendo em conta a inexistência de profissionais capacitadas em número suficiente para assumir uma atuação mais direta à mulher no parto normal, as instituições formadoras desempenharam importante papel na seleção e capacitação de enfermeiras (os) para essa tarefa, contando inclusive com financiamento público. A EEUFBA, no período de 1998 a 2004 ofereceu sete cursos de especialização em Enfermagem Obstétrica que foram financiados pela Secretaria de Saúde do Estado e pelo Ministério da Saúde. Diante deste contexto pretende-se como objetivo principal deste estudo analisar a inserção e atuação das enfermeiras egressas dos Cursos de Especialização em Enfermagem Obstétrica da EEUFBA no sistema de saúde de Salvador-Ba. Justifica-se este estudo, pois pesquisas realizadas por Riesco e Tsunechiro (2002), demonstram que as enfermeiras encontram muitos obstáculos para atuarem neste campo de especialização devido principalmente a forte resistência demonstrada pelos profissionais médicos, que disputam o poder e hegemonia dentro dos centros obstétricos.

METODOLOGIA:

Este é um estudo exploratório de natureza quantitativa. A população do estudo são as enfermeiras (os) obstetras formadas pela UFBA, entre 1998 a 2004, constituindo-se como critério de seleção amostral, terem participado de cursos financiados pela SESAB ou Ministério da Saúde, estar atuando em Salvador-Ba e aceitar participar da pesquisa. A seleção foi realizada a partir dos arquivos da Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFBA, quando foi identificado que 89 alunas (os) concluíram o curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica na EEUFBA, nos anos de 1998 a 2004. Deste total, 15 (16,85%) participaram do curso financiado pela SESAU/TO, 30 (33,71%) dessas egressas não atuam em Salvador e 7 (7,87%), não aceitaram participar da pesquisa. Portanto, 37 (41,57%) constituíram a amostra do presente estudo. O instrumento específico utilizado para coleta de dados foi um formulário. Todas assinaram o termo de consentimento livre para participar da pesquisa. Os dados foram coletados no período de Janeiro a Março de 2006. Do total, apenas 01 é do sexo masculino, assim adota-se a descrição dos resultados, no feminino.

 

 

RESULTADOS:

A amostra do estudo foi constituída por 37 ex-alunas, dentre as quais 15 (40,54%) encontravam-se na faixa etária compreendida entre 31 e 40 anos. Um quantitativo considerável dessas alunas 18 (48,65%) possui o título de habilitação em obstetrícia. Das entrevistadas, 19 (51,35%) atuam no momento na área da enfermagem obstétrica, 11 (29,73%) já atuaram, porém não atuam no momento e 7 (18,92%), nunca atuaram, sendo colocado por elas que os principais motivos para nunca terem atuado na área foi a falta de oportunidade e a grande competitividade do campo de trabalho. Dentre as 19 egressas que atuam na enfermagem obstétrica, 17(89,47%) atuam no âmbito do SUS. Entre as enfermeiras obstetras 16 ( 43,24%), atuam em Centro Obstétrico e destas, apenas 10(62,50%) realizam o parto normal sem distorcia. Dentre as 10 ex-alunas que realizam parto, 3 (30%) são docentes de enfermagem obstétrica e só assistem diretamente ao parto, quando exercendo atividade de ensino e, apenas 4 (40%), realizam o parto independente da presença ou ausência do médico. Dentre as dificuldades apontadas pelas entrevistadas para a atuação direta ao parto, a mais citada foi: a não aceitação e falta de apoio da equipe médica. Estes resultados reafirmam os estudos de Merighi e Yoshizato (2002) que identificam a dificuldade de inserção das enfermeiras obstetras em Centros Obstétricos e Salas de Parto.

CONCLUSÕES:

Com base nos resultados encontrados reafirma-se que a grande maioria das enfermeiras com curso de Especialização está inserida no SUS, tendo como campo principal de atuação a assistência direta às mulheres no ciclo gravídico-puerperal. Identifica-se também que a atuação no centro obstétrico principalmente na realização do parto normal ainda encontra limites impostos pela hierarquização do sistema de saúde, onde os médicos detêm o poder e o conhecimento. Pode-se constatar que apesar do Ministério da Saúde estar promovendo em todo o território nacional cursos de formação para enfermeiras(os) obstetras(os), como uma proposta para reduzir os índices de morbimortalidade materna e infantil não há medidas legais e incentivos para que esta profissional possa realizar o parto normal trazendo  desestímulo e frustrações pessoais e, conseqüentemente, um prejuízo para o governo que investe na formação não obtendo o retorno esperado.

Instituição de fomento: CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Enfermeira no SUS; Inserção de enfermeira obstétrica; Enfermeira obstétrica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006