O espaço urbano apresenta-se complexo com uma pluralidade de elementos, uso e práticas. Contudo, tais elementos não se encontram corretamente distribuídos ao longo dos espaços públicos das cidades. Uma distribuição e organização mais adequada destes elementos favoreceria às cidades a se tornarem mais acessíveis para todos os moradores. Pensar na acessibilidade é entender como os usuários dos espaços públicos se relacionam com estes elementos, sejam estes usuários pessoas saudáveis ou com alguma limitação física. Numa avenida, a relação do cidadão com os elementos e com outros indivíduos se apresenta de forma bastante expressiva em suas calçadas. Com isso, analisar a acessibilidade nos eixo viário observando-se suas calçadas apresenta-se como de grande importância para uma melhor organização do espaço urbano e para garantir a população o direito à cidade. Este trabalho pretendeu-se a averiguar as condições de acessibilidade na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, um corredor de transporte metropolitano, considerado artéria principal na rede viária da cidade do Recife. A avenida conta com seis quilômetros e meio de extensão, corta quatro bairros e apresenta um fluxo superior a noventa mil veículos diários. Configura-se também como o principal local de chegada e saída da cidade, já que margeia um trecho desta via, o Aeroporto Internacional do Recife.

Apesar de ser uma via com grande fluxo de pessoas, ligando os bairros da região sul ao centro do Recife, e um dos principais pontos de chegada e saída do estado, margeando, em seu principal trecho (sendo esse melhor estruturado) o Aeroporto Internacional, a Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes depara-se fora das normas estabelecidas pela ABNT/NBR-9050. Em alguns trechos o capeamento das calçadas inexiste, está danificado ou é composto de material inapropriado (pedras portuguesas); os mobiliários urbanos encontrados ao longo da via não estão adaptados às pessoas portadores de qualquer deficiência e causam conflitos nos passeios públicos; foram contabilizados apenas 5 (cinco) rampas na avenida e nenhuma delas se encontra dentro das normas; a arborização também se apresenta de forma inadequada, contribuindo para a danificação e poluição das calçadas.Contudo o principal problema da via, encontrado numa obra recentemente inaugurada, identificado na via foi o acesso ao Aeroporto Internacional do Recife. Neste importante equipamento a entrada e saída de pessoas se dão exclusivamente através de veículos automotivos sendo deixada de lado a parcela da população que utiliza ônibus ou anda a pé.

O conjunto de equipamentos e mobiliários da Avenida Mascarenhas de Moraes não está voltado de forma a garantir o acesso da população. A manutenção da via é um dos graves entraves a esta questão. Para efetuar o processo de acessibilidade, não só numa via como na cidade como um todo, deve-se trabalhar a sociedade e o poder público em forma de grupo, resgatando os espaços das calçadas e recolocando seus mobiliários de forma a favorecer o caminhar das pessoas. Caminhar este, que tem de ser visto também no acesso aos grandes equipamentos da via. Apesar de saber que ações necessárias à averiguação das normas são difíceis tanto culturalmente (historicamente o automóvel e considerado como o meio de transporte mais importante do país) e onerosas (como exemplo a desapropriação de domicílios para alargamento das calçadas) acredita-se que um espaço urbano de grande fluxo deve ser olhado com mais atenção para proporcionar a população condições dignas de exercer o seu direto de locomoção para todos fins de forma segura e eficiente.