As lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT) tornaram-se a mais freqüente causa de afastamento do trabalho no mundo, sendo consideradas um problema de saúde pública. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), enquanto seguradora, tem como procedimento a reabilitação profissional para os trabalhadores acidentados e incapacitados para permanecerem na sua atividade ou adquirirem uma nova profissão visando a sua inserção no mercado de trabalho. Na realidade estes procedimentos ocorrem de forma insatisfatória, observam-se trabalhadores afastados por longo tempo, gerando uma comodidade e dependência ao beneficio, como também resistência para o retorno ao trabalho, chegando à aposentadoria. Atualmente há um grande número de pessoas em benefícios sociais por LER/DORT que muito custam à sociedade. Para Moreira (2003), influências externas podem contribuir para o surgimento das LER/DORT: o sindicato, a justiça, a mídia, de certa forma, estão interessados no tema e formam opiniões. Pelo aumento crescente de afastamento por LER/DORT e diante do seu caráter subjetivo, faz-se necessário à adoção de critérios específicos validados. Este estudo tem como objetivo avaliar a incapacidade laborativa dos trabalhadores do setor produtivo com LER/DORT segurados pelo INSS na cidade de Campina Grande-PB.

Este estudo foi realizado com 31 trabalhadores, que realizam atividades ocupacionais de repetição, no setor produtivo de uma unidade fabril na cidade de Campina Grande – PB, com diagnóstico de LER/DORT segurados pelo INSS. Dentre estes, 25 trabalhadores participaram da pesquisa. Seis não participaram, pois dois não se encontravam em sua residência, um residia atualmente em outra cidade, um não foi encontrado no endereço disponível e dois não estavam em seu domicilio porque tinham outro trabalho. O instrumento de pesquisa utilizado foi o Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) desenvolvido pelo Instituto Ocupacional da Finlândia (1997). A coleta de dados foi realizada através de uma visita domiciliar a cada trabalhador, que foi informado dos objetivos desta pesquisa e esclarecido do seu processo ético. Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, apresentados em tabelas e planilhas que se adequaram às variáveis estudadas. Foi apresentado um termo de solicitação à direção da unidade fabril de onde os trabalhadores inseridos nesta pesquisa estão afastados e segurados pelo INSS, o que permitiu a realização da pesquisa, que foi cadastrada ao SISNEP (Sistema Nacional de Informação sobre Ética na Pesquisa Envolvendo Seres Humanos) sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba.

Verificou-se de acordo com os critérios abordados pelo Índice de Capacidade para o Trabalho, que os 25 trabalhadores pesquisados foram classificados da seguinte forma: 19 trabalhadores (76%) obtiveram uma pontuação correspondente à capacidade laboral “baixa”, cinco trabalhadores (20%) exibiram uma capacidade laboral “moderada” e apenas um trabalhador, equivalente a 4%, obteve a pontuação correspondente à capacidade laboral “boa”.

Os trabalhadores do setor produtivo de uma unidade fabril com diagnóstico de LER/DORT da cidade de Campina Grande – PB segurados pelo INSS em sua maioria relataram baixa capacidade laborativa, demonstrando-se incapazes para o retorno ao trabalho. É relevante ressaltar que o instrumento utilizado nessa pesquisa (ICT) retrata a avaliação do próprio trabalhador sobre a sua capacidade para o trabalho.