O solo se comporta como um grande reservatório de água e o manejo adequado deve almejar a maximização da sua capacidade em permitir a infiltração das chuvas e o armazenamento de água (CARVALHO et al., 2001).

A textura (BAVER, 1956; RESENDE et al, 1999) e a matéria orgânica interferem diretamente na capacidade de retenção de água pelo solo, uma vez que estas propriedades se correlacionam com a retenção/disponibilidade de água, ao lado da estrutura do solo (ARRUDA et al, 1987; CENTURION & ANDRIOLI, 2000; MELLO, 2002).

As operações agrícolas, quando realizadas sem o controle da umidade do solo, provocam aumento da área compactada (PEDROTTI & DIAS JUNIOR, 1996), contudo, existem dúvidas sobre qual o estado de compactação do solo que influi negativamente na produção das culturas e quais os limites críticos das propriedades físico-mecânicas que limitem o pleno desenvolvimento das plantas (SECCO, 2003).

Sabe-se que o ciclo de uma lavoura de soja na região de Dourados, implantada na época recomendada, não coincide com o período de precipitações naturais que satisfaça plenamente as exigências da cultura. Assim, torna-se relevante o estudo das relações solo-água-planta, buscando resultados que possam aumentar o poder de decisão dos técnicos no sentido de otimizar o uso destas entradas de água no sistema.

O objetivo do trabalho é mensurar o armazenamento de água no solo e determinar o défice hídrico na cultura da soja.

Para realização deste trabalho foram empregadas médias de curvas de retenção de água de amostras de solo indeformadas dos sistemas de cultivo convencional (CV), direto (PD) e integração lavoura-pecuária (ILP), em um Latossolo Vermelho distroférrico, textura argilosa da região de Dourados, MS. Para cada sistema de manejo estudado foram empregadas amostras de pelo ao menos cinco localidades diferentes.

Na estimativa do défice hídrico da soja foi utilizada uma série de dados de precipitação e temperatura referente ao ano agrícola 2005/2006. Esses dados foram coletados na Estação Agrometeorológica da Embrapa Agropecuária Oeste de Dourados, MS. Para cálculo do balanço hídrico foi empregado o programa computacional SISDA - Sistema de Suporte à Decisão Agrícola (MANTOVANI et al., 1997). A deficiência hídrica da cultura foi considerada como a diferença entre a evapotranspiração potencial e a real.

O défice hídrico na cultura da soja foi estimado para semeadura em 15 de novembro. Os valores de coeficientes de cultivo segundo FIETZ (2004) e a profundidade do sistema radicular de cada subperíodo definido por MANTOVANI et al. (1997).

Os atributos físicos do solo utilizados no balanço hídrico foram definidos com base nos valores médios obtidos no levantamento de dados das curvas de retenção de água desenvolvidas para os sistemas de cultivo convencional, direto e integração lavoura-pecuária.

A umidade média do solo na capacidade de campo (CC) foi de 0,398 g cm^-3 no sistema CV e de 0,416 e 0,428 g cm^-3 para os sistemas de PD e ILP, respectivamente. No ponto de murcha (PMP) os valores de umidade foram de 0,350; 0,344; e 0,352 g cm^-3, para CV, PD e ILP, nesta ordem. Estes valores médios indicam um aumento no armazenamento de água a 0,1 bar (CC) para os sistemas de cultivo PD e ILP, caracterizados pela ausência de revolvimento do solo. Pelos valores apresentados de CC e PMP pode-se observar que a água disponível (CAD) foi maior para estes sistemas em relação ao CV. Já a densidade do solo foi menor para o sistema ILP (1,39 g cm^-3), seguido do CV (1,37 g cm^-3) e PD (1,43 g cm^-3).

Os incrementos da CAD para os sistemas PD e ILP devem estar associados a uma melhor qualidade de poro com capacidade de armazenamento de água entre as tensões de 0,1 e 15 bar. Uma aproximação dos agregados pode melhorar o contato raiz-solo, bem como, proporcionar a passagem de poros de calibre elevado para calibre que corresponda a uma tensão de retenção de água dentro da CAD, outras características como maior continuidade, orientação equilibrada, formas mais regulares e boa distribuição no perfil, também contribuem (DIAS JUNIOR, 2000).

Para a cultura da soja foi estimada uma evapotranspiração potencial de 741 mm ao longo do ciclo. A maior CAD, vista no sistema de ILP, reduz o défice hídrico total da cultura, que totalizaram 374; 396; e 419 mm, para os sistemas de ILP, PD e CV, respectivamente.